As equipas de trabalho autónomas na indústria de componentes para automóveis. Construção de um modelo do seu funcionamento

Abstract

A presente investigação tem o seu foco na indústria de componentes para automóveis. Foram estudadas três empresas deste sector, com o propósito de proceder a uma explanação teórica sobre os fenómenos associados à laboração de equipas de trabalho autónomas. Assim, foi nosso intuito perceber as vivências dos vários actores envolvidos no funcionamento das equipas de produção - operários, chefias directas e chefias intermédias. Realizámos, primeiramente, um conjunto de observações no terreno fabril, bem como algumas entrevistas não estruturadas e a recolha de informação documental. Estabelecemos, deste modo, um contacto inicial com as organizações que fazem parte do nosso estudo de caso múltiplo. Seguidamente, e tendo em conta a informação recolhida na primeira fase da investigação, procedemos à elaboração de um guião de entrevista semiestruturada, a fim de registarmos as percepções de doze intervenientes nas equipas de trabalho. Tendo recorrido à Grounded Theory, como técnica de análise e interpretação de dados qualitativos, obtivemos trinta e três categorias, cujas relações nos permitiram criar um modelo que assenta no conceito de "ponte". Esta "ponte" constitui a metáfora que traduz a das empresas analisadas. É, do nosso ponto de vista, à volta desta ligação que gravita o funcionamento grupal, e a consequente harmonização entre os sistemas técnico e social. Nos três casos estudados, as relações hierárquicas estabelecidas com as equipas de trabalho, os objectivos de produtividade e de qualidade conferidos aos grupos, e, ainda, o tipo de liderança que é exercida pelos operários junto dos seus pares, constituem os quatro pilares da autonomia e da eficácia grupais. A explanação teórica que construímos apresenta algumas semelhanças com outros modelos que explicam a eficácia das equipas de trabalho autónomas. ⓿⓿⓿ ABSTRACT: The focus of the present investigation is centered on the automotive components industry. We had studied three factories in this sector, in order to achieve a theoretical explanation about the phenomena that are associated with the labour of autonomous work teams. Therefore, our intention was to perceive the experiences lived by the actors involved in those teams - operators, supervisors and middle managers. Firstly, we observed the factory terrain, along with some unstructured interviews and the collection of documental information. By this way, we established a first contact with the organizations, which integrate our multiple case study. Next, and based on the information collected, we designed a semi-structured interview script, and we registered the perceptions of twelve individuals that are implicated, directly or indirectly, in the team work process. To analise and interpret the qualitative data, we were helped by the Grounded Theory technique. Thirty-three categories were obtained. Their relationships permitted us to build up a theoretical model, that settles in the "bridge" concept. This "bridge" is the metaphor that translates the process which binds the operational work group goals and the needs of externa! clients. ln our opinion, the group functioning, and the harmonization between the technical and the social systems, gravitates around the refered biding. ln the three cases that we had studied, we identified four pillars, which constitute the bases for the autonomy and group effectiveness. These pillares are the following: the hierarchical relations established with the work teams, the productivity and quality goals assigned to the groups, and the kind of group leadership that is exerted by the machine operators upon their team-mates. The theoretical explanation that we had built up, shows some resemblances with other theoretical models which explain the effectiveness of the autonomous work teams. ⓿⓿⓿ RÉSUMÉ: La présente investigation a son foyer dans l’industrie des composants pour les automobiles. Nous avens étudié trois usines insérées dans cet secteur économique, avec le propos de achever un exposé théorique sur les phénomenes associés au travail des équipes autonomes de fabrication. Ainsi, il était notre intention percevoir les expériences des acteurs impliqués dans le fonctionnement des équipes de production - ouvriers, chefs directs de l’equipe, et dirigeants intermèdes. Premierement, nous avens fait des observations dans les usines, des entrevues non structurées, et aussi la récolte d'information provenant des documents internes des entreprises. De cette façon, nous avens commencé un contact initial avec les organisations qui intégrent notre étude de cas multiple. Ensuite, et ayant par base l'information obtenue dans la premiere phase de l'investigation, nous avens élaboré un projet de entrevue semistructurée, pour enregistrer les perceptions de douze intervenants dans les équipes de travail. On a utilisé la tecnique de Grounded Theory pour analyser et interpréter les données qualitatifs. Nous obtenions trente trois catégories. Les relations établies entre cettes catégories constituent la base d'un modele théorique qui a son support dans le concept de «pont». Ce «pont» est une métaphore qui traduit la liaison entre les buts des groupes de travai! et les nécessitées des clients extemes. Dans notre avis, autour de celle liasion gravite le fonctionnement des groups de travai! dans le contexte de l'usine, et la harmonisation entre les systemes tecnique et social. Dans les trois cas étudiés, les relations hiérarchiques établies avec les équipes de travail, les objectifs de productivité et de qualité attribués aux groupes, et, aussi, le type de direction exercée par les ouvriers pres de leurs collegues, constituent les quatre piliers de l'autonomie et de l'efficacité des groupes. Notre exposé théorique présent quelques similitudes avec autres modeles qui expliquent l'efficacité des équipes de travail autonomes.