Subjectividades construídas pelos habitantes tradicionais e nobilitadores do Bairro de Alfama: para uma teoria ecológica do Self

Abstract

Num momento em que a cidade de Lisboa assiste a um arreigamento do seu território, em particular da zona histórica, por parte de uma elite que pela particularidade da estrutura socioeconómica, familiar, esteticista (articulação entre o elitismo arquitetónico do passado e o formalismo pós moderno, fazendo apelo a uma reinvenção do património) é indiciador da presença de novos estilos de vida importa conhecer, não só o tipo de ocupação e de apropriação, como a sua consequência na gestão das identidades de lugar de nobilitadores e tradicionais. O caso de estudo que se apresenta é o da nobilitação do bairro de Alfama, um bairro histórico de Lisboa. O que emana do estudo ecológico realizado mediante uma perspetiva transacional (grelhas de Kelly e entrevistas aprofundadas) é que a nobilitação não tem necessariamente de ser marcada por contornos negativos (viz., descaracterização dos bairros e património histórico e ameaça da identidade) podendo ser promotora da revitalização urbana, ao mesmo tempo que assegura alguns dos princípios identitários. Apesar das diferenças quanto à arquitetura conceptual das identidades dos tradicionais e nobilitadores, a principal conclusão é que mais do que dizer que é a ligação que as pessoas estabelecem com o lugar conducente à identidade de lugar, são as ligações que as pessoas estabelecem entre si, com os grupos e os grupos entre si que preenche as suas vivências e os liga emocionalmente ao lugar. Apesar de termos depositado inicialmente o nosso interesse na identidade de lugar acabamos por focá-la enquanto aspeto nuclear corroborando algumas das mais recentes propostas teóricas referentes ao espaço e identidade, entre as quais de Speller (2000). São ainda efetuadas sugestões que podem servir as políticas que orientam a ecologia urbana. ***/Abstract - At a moment when Lisbon is undergoing territory rooting, particularly of its historical area, by an elite that through its particular socio-economic, familiar, aesthetic structure (the link between the architectonical elite of the past and a post-modern formalism, appealing to a reinvention of the patrimony) is indicative of the presence of new styles/ways of life, a need arises to know not only the type of occupation and adequacy, but also its consequence on management of place identity of gentry and traditionalists. The study- case presented is one of the Alfama quarter, a historical quarter of Lisbon. What emanates from the environmental study, by means of a transactional perspective (Kelly's grid and thorough interviews), is that gentrification does not necessarily have to be marked by negative outlines (namely de-characterization of quarters and historical patrimony as well as threatened identity) but could be a potential promoter of urban revitalization while ensuring some marking principles. Notwithstanding the differences regarding conceptual architecture of identity of the traditionalists and gentry the main conclusion is that, more than stating that it is the bond that people establish with place conducive to place identity, it is the bonds which people establish between themselves, with groups and the groups between themselves, which fulfil their daily living and links them emotionally to place. Even though we initially deposited our interest on place identity we ended up focusing it rather as a nuclear aspect corroborating some of the most recent theoretical proposals relating to space and identity, of which, those of Speller (2000). Moreover suggestions are given which may serve as policies guiding urban ecology.