A importância da Interleucina-33 como marcador da integridade da barreira cutânea canina

Abstract

objectivo Um défice da barreira cutânea favorece a dermatite alérgica canina (DAc) e a interleucina (IL)-33, expressa em queratinócitos e fibroblastos, ativando células naive, linfócitos Th2, mastócitos, macrófagos, eosinófilos e células natural killer, e promovendo a diferenciação celular T helper (Th) 2, representa possível alvo terapêutico. O objetivo consistiu na avaliação da expressão de IL-33, em associação com a severidade da DAc.

metodologia Selecionaram-se 6 cães com DA na consulta de imunoalergologia do Hospital Veterinário da Universidade de Évora, cumprindo as normas éticas aplicáveis. Foram avaliados pelo Canine Atopic Dermatitis Extent and Severity Index (CADESI-4) e testes intradérmicos (TID) e acompanhados por 2-3 meses, com tratamento tópico à base de fitoesfingosina e reavaliação a cada 10-15 dias. Realizaram-se biópsias de pele lesionada (L) e normal (N) no início e fim, que foram processadas histologicamente para identificação de mastócitos e fibras colagéneas, e por imunohistoquímica para IL-33, com anticorpo anti-IL-33 (LSBio). Antes e após o tratamento determinou-se, para L e N, a espessura da epiderme e do extrato córneo, a respetiva organização, e a taxa e integridade dos mastócitos. A expressão celular de IL-33 foi determinada e compararam-se os dados de N e L, antes e após o tratamento.

resultados e conclusões Cinco animais melhoraram de forma evidente ou moderada, não apresentando L no final, e um não. O decréscimo do CADESI-4 foi de, respetivamente, 19, 19, 11, 10, 3 e 1 pontos. Os resultados dos TID mantiveram-se. A espessura da epiderme não queratinizada e do estrato córneo variaram, respetivamente, entre 4 e 12 micra (N) e 300 e 330 micra (L) pré- tratamento, e entre 10 e 4 micra (N) e 120/120 micra (L) pós-tratamento. A organização do extrato córneo tendeu a aumentar, sem alteração nas fibras colagéneas. A taxa de mastócitos diminuiu 15,2% e a integridade aumentou 22,8%. A nível da expressão de IL-33, a média de células positivas pré-/pós-tratamento foi de 17,5/19,8±8,2 (N) e de 75,9±30,0 (L). O animal sem melhoria clínica revelou um incremento pós-tratamento de 40% (N) e 9% (L). Os restantes apresentaram acréscimos de 11 e 33%, e decréscimos de 7,5 e 26% em N. A promoção da barreira cutânea permitiu uma melhoria clínica significativa, devendo ser considerada, especialmente quando uma abordagem imunológica se revela ineficaz, e a monitorização da IL-33 no cão poderá correlacionar-se com a evolução clínica, merecendo investigação aprofundada.