Integração da arquitetura franciscana na paisagem: o paradigma do convento de Santa Cruz de Sintra e Santa Maria de Arrábida

Abstract

O convento Santa Cruz de Sintra ou Convento da cortiça foi fundado em 1560 na Serra de Sintra. Este convento encontra-se inserido na Paisagem Cultural de Sintra, classificado pela Unesco, desde 1995, como Património Mundial na categoria da Paisagem Cultural. O conjunto monástico, fundado no século XVI, pertenceu aos Frades Menores Capuchos, religiosos da Ordem Franciscana, sendo que as características rígidas dos respetivos austeros ideais estão intimamente presentes na sua arquitetura. Essa dissertação tem como objetivo estudar a arquitetura capucha cujos exemplares refletem a pobreza e a simplicidade desse modo de vida religioso, através do estudo aprofundado do convento de Santa Cruz de Sintra no seu contexto territorial, através da sua evolução histórica e morfológica, a par com o Convento Santa Maria de Arrábida, e, simultaneamente, através da análise da organização espacial, arquitetónica e das características geomorfológicas em que se insere. Neste contexto, é pertinente questionar como pode uma intervenção arquitetónica contemporânea revitalizar um património com séculos de existência. Após o estudo comparativo dos dois conventos, selecionou-se o de Santa Cruz de Sintra, dado ser aquele que mais se aproxima dos princípios da Ordem. Desta forma, numa tentativa de dinamização e valorização do antigo convento dos capuchos e da Serra, tendo em conta a valorização do lugar, é proposta uma estratégia baseada na intervenção parcial no edifício e na área envolvente, definido pelo limite da cerca, como um espaço de introspeção. A noção da paisagem está presente na memória do ser humano antes mesmo da elaboração do conceito. A escolha de implantação dos conventos dos capuchos assenta em pressupostos subjacentes quer a fatores religiosos, salientando-se a necessidade de satisfação espiritual, quer a fatores biofísicos, ligados à natureza e à função dos espaços acercados. A paisagem foi sempre um meio escolhido pelos franciscanos como um meio de retiro espiritual, andando sempre associada à implantação da arquitetura capucha; ABSTRACT: Integration of Franciscan Architecture in the landscape: the paradigm of the Santa Cruz Convent and Santa Maria de Arrábida. The Santa Cruz Convent of Sintra or Cork convent was founded in 1560 in the Serra de Sintra. This convent is inserted in the Cultural Landscape of Sintra, classified by UNESCO, since 1995, as a World Heritage in the category of cultural landscape. The monotic ensemble, founded in the 16th century, belonged to the Capuchin Friars Minor, religious of the Franciscan Order, and the rigid characteristics of their austere ideals are intimately present in their architecture. This dissertation aims to study capuchin architecture whose examples reflect the poverty and simplicity of this religious way of life, through the in-depth study of the Santa Cruz convent of Sintra in its territorial context, through its historical and morphological evolution, along with the Santa Maria Convent of Arrábida, and simultaneously through the analysis of the spatial organization , architectural and the geomorphological characteristics in which it is included. In this context, it is pertinent to question how a contemporary architectural intervention can revitalize a heritage with centuries of existence. After the comparative study of the two convents, the Santa Cruz convent of Sintra was selected, since it is the one that most closely approximates the principles of the Order. Thus, in an attempt to dynamicize and valorize the former convent of capuchos and serra, taking into account the valorization of the place, a strategy based on partial intervention in the building and the surrounding area, defined by the boundary of the fence, is proposed as a space of introduction. The notion of the landscape is present in the memory of the human being even before the elaboration of the concept. The choice of implantation of capuchin convents is based on underlying assumptions both to religious factors, emphasizing the need for spiritual satisfaction, as well as biophysical factors, linked to nature and the function of the spaces surrounding. The landscape has always been a means chosen by the Franciscans as a means of spiritual retreat, always associated with the implantation of Capuchin architecture.