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http://hdl.handle.net/10174/28744
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Title: | Estudos de Literatura - Paisagens do Ser - Landscapes of the Self |
Authors: | Gomes, Fernando Birrento, Ana Clara Odete, Jubilado Nunes Esteves, Elisa |
Editors: | Gomes, Fernando Birrento, Ana Clara Jubilado, Odete Nunes Esteves, Elisa |
Keywords: | Literatura Comparada Paisagens do Ser Landscapes of the Self Estudos de Literatura |
Issue Date: | Mar-2019 |
Publisher: | Edições Cosmos |
Abstract: | Libertando-se do domínio e da dependência de cartografias tradicionais do conhecimento, o projeto de publicação do primeiro volume de Estudos de Literatura do Centro de Estudos em Letras (CEL-UÉ), intitulado Paisagens do Ser, cruza fronteiras epistemológicas e práticas de pesquisa. Entende-se neste contexto Paisagens do Ser como as formas narrativa, dramática ou lírica que autores de todos os séculos e nacionalidades, utilizaram para criar personagens e contextos que, de um modo ou de outro representam os indivíduos e as sociedades.
A adoção de abordagens críticas diferentes visa dar visibilidade a trabalhos na área da literatura e da cultura que discutem questões de identidade, de memória, de poder ou de representação, entre outras, em contextos e em tempos sociais e culturais diversos, desde a esfera pública à privada, aos vários lugares e espaços de intimidade ou de exterioridade e de alteridade, dando voz à multiplicidade e heterogeneidade da investigação do CEL-UÉ.
Nesta diversidade das Paisagens do Ser, de que testemunham estes artigos, transparecem duas grandes áreas: as Paisagens exteriores e as Paisagens interiores. A cidade, nas suas mais variadas figurações é, por excelência, a paisagem física, se não a predileta, a que mais inspirou os artistas, sobretudo desde o século XIX.
Fernando Gomes, percorrendo alguns autores ao longo dos séculos, relembra as origens do mito da cidade perversa em oposição à cidade da perfeição, salientando as funções literárias desse confronto assim como a ambivalência do homem perante a sua criação. Londres, nomeadamente os modos como é representada como um lugar de Poder em contextos privados, sociais e políticos, nos dois volumes da autobiografia política de Margaret Thatcher: The Path to Power e The Downing Street Years, é tema do artigo da coautoria de Ana Clara Birrento e Olga Gonçalves. Numa colaboração metodológica entre agendas críticas dos estudos culturais e a análise do discurso, o artigo mapeia a cidade na sua intersecção entre um eixo de subjetividade e a lógica do Poder de Estado. Deslocando-nos para Sul, para as paisagens mediterrânicas, Odete Jubilado desenvolve uma análise comparatista em torno das narrativas breves de Lettres de mon Moulin de Alphonse Daudet e de Gente Singular de Manuel Teixeira Gomes, realçando o modo como estes autores partilham as suas memórias sobre a Provence e o Algarve. A ilha de Malta é, n’O Mistério da Estrada de Sintra, o cenário de uma história de amor e de crime. Ana Luísa Vilela argumenta que, através desta narrativa, Eça de Queirós contribuiu para a formação de uma imagem de Malta, à semelhança da mulher romântica, inquietante, sedutora e imprevisível. As paisagens africanas são o cenário de Onitsha de Le Clézio e Um rio chamado tempo e uma casa chamada terra de Mia Couto. Celina Martins expõe o modo como estas
narrativas encenam a viagem iniciática dos protagonistas numa África concebida
como espaço de transcendência, um lugar de iniciação e abertura à alteridade.
As paisagens interiores influenciadas, quer positiva quer negativamente, pelo ambiente que nos rodeia são fonte inesgotável de criação literária. A tradição satírica instituída por Horácio – produção da sua sátira enquanto caminha pela cidade – é inspiração do enunciador dos poemas de Nicolau Tolentino. Carlos
Nogueira procura demonstrar que é através de um riso instável que o eu-poetapersonagem
tolentiniano desconstrói os modelos morais e comportamentais de toda a sociedade do seu tempo. Por seu turno, a poesia de Antero de Quental apresenta um jogo cerrado e dialético de imagens e de pensamentos. Destacando
a negatividade e as suas imagens mais representativas, António Cândido Franco
procura demonstrar que a poesia de Quental é expressão e paisagem duma complexa metafísica que é capaz, porém, de se resolver numa unidade superior de todos os opostos.
Creta é o local geográfico, mas também paisagem íntima, lugar mítico e literário explorado por Jorge de Sena no seu poema “Em Creta, com o Minotauro”.
Elisa Nunes Esteves faz uma releitura deste texto, considerado um hino a Creta,
salientando os temas da identidade, da relação com a pátria e o exílio idealizado
pelo eu lírico. “Ser ou não ser Ofélia” eis a questão colocada por Carla Ferreira
de Castro que acompanha os versos de Shakespeare com várias aproximações
a diferentes momentos artísticos. O seu artigo confronta-nos com uma dupla
perspetiva da paisagem, na vertente geográfica - a do riacho que Ofélia escolhe
como mortalha - e na paisagem psicológica, que corresponde à essência da jovem
órfã, incapaz de coexistir com as sucessivas perdas que experiência.
A representação do “eu” e do “outro” na literatura do século XIX é o
tema abordado por Ana Cláudia Salgueiro da Silva que propõe uma leitura de
dois romances: Uma Família Inglesa de Júlio Dinis e O Primo Basílio de Eça de
Queirós que, através de olhares plurais, oferecem uma visão distinta do real com
finalidade pedagógica, nomeadamente a consolidação de estruturas fundamentais
como o casamento. Os meandros do sentir e da interioridade e a forma como
o confronto com a sociedade determina as deambulações efetuadas ao longo da
diegese dos protagonistas de Eurico, o presbítero e Ivanhoe, são objeto da leitura
comparada de Teresa Mendes que procura perceber os mecanismos narrativos e
textuais encontrados por Alexandre Herculano e Walter Scott para construir as
suas personagens.
Este primeiro volume de Estudos de Literatura do Centro de Estudos em
Letras (CEL – UÉ), intitulado Paisagens do Ser, apresenta-se como uma coletânea
de artigos de crítica literária que se debruçam sobre obras em modos discursivos
diversos – narrativas, textos dramáticos e líricos – que, pela sua multiplicidade,
Estudos de Literatura: Paisagens do Ser / Landscapes of the Self testemunham do vigor e contemporaneidade da representação literária do
indivíduo e da sociedade. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/28744 |
ISBN: | 978-972-762-415-7 |
Type: | book |
Appears in Collections: | CEL - Publicações - Livros
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