Uma viagem segura: representações sociais sobre segurança rodoviária infantil

Abstract

Fortemente presente no quotidiano, o automóvel faz parte da nossa cultura. Simultaneamente, é produto e produtor de cultura, como bem demonstram as evidências que advém da centralidade que ocupa no pequeno e grande ecrã ou das diversas, por vezes monumentais, infraestruturas que lhe são especificamente dedicadas. Apropriado individualmente, o automóvel pode ser perspetivado enquanto prolongamento do individuo, uma "segunda casa" que não apenas o prolonga, mas que também constrói, que lhe permite concretizar os seus sonhos e desejos aliando flexibilidade, tecnologia e personalização, O automóvel é também apropriado pelas famílias, acompanhando-as quotidianamente nos pequenos trajetos que compõem o quotidiano, como ir e vir do trabalho ou o levar e trazer as crianças da escola ou das atividades de tempos livres. No calendário anual, o automóvel é ainda o principal meio que transporta as famílias para as ferias. Para além destas imagens idílicas de tempo em família, todos os anos surgem nos media as estatísticas da sinistralidade rodoviária. Estas estatísticas acentuam-se em época de férias e em fins-de-semana prolongados. Apesar de o número de vítimas mortais ter vindo a diminuir desde2006 até 2015, os feridos graves e ligeiros continuam a ser preocupantes. Destes, um número especialmente elevado é composto por crianças, facto que faz da sinistralidade rodoviária infantil um problema social particularmente preocupante, sendo que por detrás do volante está sempre um adulto, o qual é, em última instância, responsável pela segurança dos passageiros (adultos e/ou crianças), é importante conhecer as representações sociais em torno da segurança rodoviária infantil. Esta dissertação propõe-se contribuir para esse objetivo. Trata-se, em suma, de um projeto inovador, não apenas porque aborda um tema pouco estudado pela Sociologia em Portugal, mas também porque pretende comparar e contrastar perspetivas com recurso a uma metodologia que permite captar simultaneamente as vozes de adultos e crianças sob o assunto; ABSTRACT: Strongly present in everyday life, the automobile is part of our culture. At the same time, it is a product and producer of culture, as evidenced by the evidence that comes from the centrality it occupies on the small and large screen or from the various, sometimes monumental, infrastructures that are specifically dedicated to it. Individually adapted, the car can be seen as an extension of the individual, a” second home" that not only prolongs it but also builds it, allowing it to fulfill its dreams and desires, combining flexibility, technology and personalization. The car is also appropriate for families, accompanying them daily on the small routes that make up the daily life, such as coming and going from work or taking and bringing children from school or leisure activities. In the annual calendar, the car is still the main means of transporting families for vacations. In addition to these idyllic images of family time, the statistics on road accident statistics are published annually. These statistics are accentuated during holidays and on long weekends. Al though the number of fatalities has been declining since 2006 to 2015, serious and minor injuries remain worrying, of these, a particularly high number are children, which makes child road fatalities a particularly worrying social problem. Being behind the wheel is always an adult, who is ultimately responsible for the safety of passengers (adult sand/or children),it is important to know the social representations around child road safety. This dissertation proposes to contribute to this objective. In short, it is an innovative project, not only because it addresses a theme that has not been studied by Sociology in Portugal, but also because it seeks to compare and contrast perspectives using a methodology that simultaneously captures the voices of adults and children under the subject matter