Abstract: | Nos últimos vinte-cinco anos, o termo narrativa tem sido um ponto preponderante de discussão musicológica. Os musicólogos que preferem evitar o termo definem narrativa como uma impossibilidade musical ou então consideram-na presente, como refere Carolyn Abbate, em todas as músicas composta por sequências de eventos sonoros (1989, p. 227) e, por esta razão, uma inútil máquina para definir toda e qualquer música (1991, p. xi). Mesmo aceitando a ideia de Abbate, o conceito de música narrativa torna-se, ainda assim, essencial para compreender um modelo musical muito menos comum e bastante recente que propositadamente evita todos os elementos musicais que possam induzir uma sensação de narrativa musical. Esta música pode ser denominada de não-narrativa. A música não-narrativa é assim definida por oposição à música narrativa. 0 que é problemático na música não-narrativa, para além da necessária adopção de uma atitude de escuta adequada, é a sua conjugação com elementos que preservam laços narrativos --i.e., o texto cantado e a encenação dramática. A composição de uma ópera exclusivamente alicerçada em música não-narrativa é, por conseguinte, um exercício estilístico e um desafio de composição para preservar quer o movimento linear do texto quer a essência de temporalidade estática da música não-narrativa; Abstract: In the last twenty-five years, the term narrative has been na importante point of discussion in musicology. Scholars who prefer to avoid the term consider narrative either impossible in music or, as Carolyn Abbate remarques, na elemento that can be found in "any music with sequences of events" 1989, p.227) and, for this reason, a useless "machine for naming any and all music" (1991, p. XI). Even ifagreeing with Abbate's claim, the concept of narrative music becomes nevertheless essential to understand a much less common and very recente music that purposelyu avoids any elemento that could induce narrativity in music. This music can be classified as non-narrative.Non-narrative music is, thus, defined through the opposing concept of narrative music. What is problematic in non-narrative music, besides the adoption of na adequate listening stance, is its use with elements that themselves preserve narrative threads - i.e., sung texto and/or staged drama. The composition of na opera exclusively grounded on non-narrative music is therefore a stylistic exercice and a compositional challenge to preserve both the verbal text´s ongoing motion and non-narrative music's essence of temporal stasis. |