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http://hdl.handle.net/10174/11889
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Title: | Para uma poética da paisagem |
Authors: | Mendoça, Nuno José de Noronha |
Keywords: | Artes e técnicas da paisagem Estética da paisagem Arquitectura paisagista |
Issue Date: | 1989 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | A natureza é o lugar onde reside o silêncio da poesia. Alcançá-lo, é ser poeta por algum modo e reconhecer que por aí, essencialmente, podemos habitar o mundo.
Cada homem é irrecusavelmente poeta, como único modo de suportar o real, fazendo do simples acto de viver a primeira obra poética.
Uns, são-no plenamente e tanto, que passaram a sê-lo em permanência. Outros, só fugazmente lhe acedem. Nenhum, porém, dispensa a poesia.
Cada um escolhe o percurso onde mais se encontra e por onde melhor participa no mundo. Todos os caminhos, por fim, irão dar à poesia.
Escolhemos este, o da paisagem, porque nela se acolhe parte
do grande silêncio. Os poetas, aqueles que o são em permanência,
dizem-nos que só pela afeição a podemos atingir.
Na paisagem encontramo-nos, e encontramos tudo: vida, amor,
saudade, razão, sentido. E todos os caminhos que foram dar à poesia,
vão encontrar-se também na paisagem, origem e terminação natural do
homem.
Assim, compreender a paisagem por uma aproximação afectiva,
é compreender o homem também, porque ambos, homem e paisagem se compreendem em consubstanciação, ou, não se compreendem nunca.Experimentámos e perscrutámos a paisagem. Encontrámos alguns princípios espaciais, elementares e poéticos e como princípios os enunciamos nesta dissertação, formulando uma poética da paisagem.
Temo-los como uma verdade mas sabemos que estes mesmos princípios podem pertencer a outras verdades, consoante cada homem
medite a paisagem.
Por eles estabelecemos e enunciamos a Poética como uma atitude, desejando aprofundar aquilo que move o homem ao encontro da
paisagem, ainda antes do fazer da obra, seja ela a arte, a técnica ou o cultivo dos campos.
Pretendemos também encontrar a porquê e a para quê do seu estar na paisagem, a partir do qual, terá então lugar com primeira obra criativa o Puro acto de viver.
Estes princípios só são compreensíveis tomados na sua relação próxima, carecendo de significado quando isolados dos outros que os completam.
Porque essencialmente poéticos, pertencendo à intimidade da alma, e da natureza, são móveis, mutáveis e mesmo revolucionáveis. A emoção, toma-os por modos diferentes na intimidade humana, em cada momento e em cada paisagem vivida também.
E se, viver, é já uma emoção poética e obra criativa, no particular fazer de cada ser humano, então é imponderável a ordem dos princípios escolhidos.
Sabemos de alguma constância, de algum historicidade na poética, enquanto doutrina que rege o imaginário, mas sabemos também que este mesmo imaginário se apodera do impensável e do inimaginável, indiferente ao tempo histórico, a princípios e a regras.
A dado momento, não importa já o tempo na sua passagem. A poética que rege o homem de Altamira, D. Diniz ou Bachelard, é a mesma. Salomão e Florbela cantaram exactamente o mesma amor. Amen6fis IV e Bernardim, possuem ambos a mesma bucolismo transparente. Em qualquer deles, algo de muito romântico encontramos antecipando-se ao
Romantismo.
A Natureza tem um só tempo, e os homens são a Banem. Momentos há desse tempo e desse homem em que mais predomina a guerra, ou a virtude, ou a filosofia. Ou é Deus que a preocupa, ou a descoberta do Cosmos, ou a Economia. Ou então a Ciência.
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Nas o tempo da paisagem, o tempo do homem a olhar pela alma que flui e reflui, é um só.
Uma simultaneidade de duas experiências originou esta dissertação: a experiência da paisagem e o ensino do desenho. Elas determinaram uma procura, na intimidade dos dois domínios, unificando-se por fim sob o encontro poético.
Desta reunião desenvolve-se o estudo aqui apresentado, e que em boa parte irá retornar à sua origem, como contribuição quer para una, quer para outra experiência.
No primeiro Volume reunimos os princípios a que chegámos, constituindo a teorização de uma experiência iniciada há cerca de dez anos atrás.
Procurámos uma ordem que se assemelha cronologicamente à própria experiência, expondo no primeiro e segundo Capítulos respectivamente a Ideia de Paisagem e das Paisagens e o Sentimento. Definimos assim o campo onde depois abordamos a Poética e por último, no Capítulo IV, propriamente a Poética da Paisagem, como uma exercitação dos princípios anteriormente enunciados.
0 segundo Volume, a que chamámos "A Experiência da Paisagen" apresenta, abreviada e cronologicamente uma vivência progressivamente interiorizada e interrogativa. Periodicamente remetemos a leitura do primeiro Volume para determinados pontos desta experiência que se nos afiguraram fundamentais. Evitámos, contudo, o recurso sistemático a este processo, porque nos pareceu prejudicial a uma leitura contínua, que ficaria excessivamente interrompida. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11889 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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