Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/9269

Title: Orquestração da Aprendizagem no Ensino Superior.
Other Titles: Learning Orchestration in Higher Education
Authors: Chaleta, Elisa
Editors: Chaleta, Elisa
Keywords: Lerning Orchestration
Higher Education
Issue Date: 2013
Publisher: Pedago
Abstract: A multiplicidade de estudos realizados no âmbito da cognição e da aprendizagem revela a complexidade do acto de conhecer e uma “parafernália” de factores a ele associados a que não foge a investigação realizada no âmbito do ensino superior. A preocupação com a origem do conhecimento remonta à antiguidade e aos filósofos gregos que debatiam questões e conceitos que, muitos séculos depois, passariam a constituir o núcleo dos problemas estudados pela Psicologia Cognitiva. Segundo Richardson (1991) podem-se considerar três abordagens filosóficas que, no seu conjunto, constituem um modelo explicativo e integrador sobre a origem do conhecimento: o racionalismo, o empirismo e o construtivismo. O racionalismo, iniciado na antiguidade por Platão e defendido posteriormente por Descartes e contemporaneamente por Chomsky e Fodor, advoga a irrelevância da aprendizagem considerando que o conhecimento humano existe pré-determinado desde o nascimento (reflexo de estruturas inatas) sendo reavivado através da dialéctica e da contemplação de tal modo que a aprendizagem consiste essencialmente em actualizar o conhecimento que sempre se teve. Assim, o racionalismo defende que só aprendemos aquilo que já sabemos. O empirismo, originário de Aristóteles, defende que o conhecimento tem origem na experiência sensorial e que as ideias se formam a partir da associação de imagens recolhidas através dos sentidos. A metáfora da “tábua rasa”, presente durante séculos na cultura educacional, defende que o conhecimento resulta da experiência, o que permite ao indivíduo formar impressões que se unem dando lugar a ideias e que a aprendizagem resulta de sensações que ocorrem mediante associação. Esta concepção marca profundamente os modelos behavioristas que constroem modelos explicativos da aprendizagem, tendo por base o conceito de associação. O construtivismo, proposto por Kant, defende que é através da reflexão sobre as experiências que se constrói a compreensão do mundo que nos rodeia. O conhecimento resulta da integração entre a nova informação e a informação anteriormente adquirida e a aprendizagem conduz à construção de modelos mentais capazes de integrar a informação que recebem, atribuindo-lhe significado, pelo que aprender significa construção da realidade. As abordagens apresentadas anteriormente, em particular o empirismo e o construtivismo, marcaram profundamente a Psicologia. O empirismo marca os momentos iniciais da Psicologia como ciência e o desenvolvimento dos modelos behavioristas, enquanto o construtivismo contribui para o desenvolvimento da Psicologia Cognitiva e a concepção do sujeito como construtor do seu próprio conhecimento. Mayer (1992), a partir destas abordagens, descreve três momentos significativos na construção dos modelos teóricos explicativos da aprendizagem. O primeiro momento, (a primeira metade do século), reporta-se aos modelos associacionistas-comportamentalistas, cuja preocupação central residia no estudo do comportamento e na aquisição de respostas. Até aos anos 50/60, os teóricos da aprendizagem (essencialmente os behavioristas) estavam convencidos de que a teoria geral da aprendizagem estava definida e que se aplicava tanto aos animais como aos seres humanos. A partir desta altura (Mayer, 1992), momento em que a psicologia cognitiva enfatiza o significado da aprendizagem e desenvolve as teorias do processamento de informação, o princípio fundamental da aprendizagem, concebido como aquisição de respostas ou informações (baseado no estímulo-resposta) e confinado à instrução-retenção, revela claramente os seus limites e o ruir do edifício associacionista torna-se inevitável. Desta abordagem restam as preocupações dos professores com a definição dos objectivos educacionais, a organização da instrução por pequenos passos sequenciais, a clareza na apresentação da informação ou a sua sequencialização de acordo com a sua complexidade, a explicitação prévia das respostas desejadas e dos esquemas de reforço. O segundo momento (entre os anos 50 e 70-80) resulta do forte impacto produzido pelos estudos no âmbito do processamento da informação, centrados na cognição humana e na aquisição de conhecimentos As teorias cognitivistas, preocupadas essencialmente com a aquisição de conhecimento (em particular as teorias do processamento de informação ao estudarem a memória e o pensamento) contribuíram significativamente para a explicação da aprendizagem humana, na medida em que passam a explicar como são edificadas as redes de conceitos e a sua organização e como podem ser recuperadas, posteriormente, na memória a longo termo. Estes modelos, embora ainda algo restritos, permitem um elo mais directo com o ensino e aprendizagem do que as teorias anteriores. O terceiro momento (desde os anos 70-80) resulta de um maior aprofundamento sobre o estudo da cognição humana e do reconhecimento que o sujeito tem um papel determinante como construtor do seu próprio conhecimento (perspectiva cognitivo-construtivista), através da construção de significados e atribuição de sentidos. Os desenvolvimentos, neste âmbito, determinam o aparecimento dos modelos construtivistas que colocam a tónica no aprender como construção de conhecimento e de significado, em que o sujeito é concebido como construtor do seu próprio conhecimento e em que o professor se passa a centrar na promoção da aprendizagem significativa pelo aluno e na promoção de estratégias que regulem o fluxo da informação entre as novas situações e o conhecimento possuído. É o aluno que dirige, controla e regula os processos cognitivos durante a aprendizagem, numa perspectiva metacognitiva. No decurso de quatro décadas, em numerosos estudos transculturais no contexto do ensino, encontramos estudos qualitativos e quantitativos que partem dos pressupostos anteriormente referidos, desenhados para determinar, por um lado, o que os estudantes aprendiam e, por outro, que estratégias usavam para resolver as tarefas académicas. Emergem vários referenciais de entre os quais destacamos o fenomenográfico que se preocupa em explicar as diferenças interindividuais relativas aos processos e resultados de aprendizagem e procura definir metodologias apropriadas à sua análise a partir das descrições dos estudantes, “para descrever o mundo como o estudante o experiencia” e do qual retirámos o conceito de orquestração da aprendizagem que em última análise remete para a coordenação de um conjunto de processos e procedimentos fundamentais para a aprendizagem de qualidade e para o sucesso académico.
URI: http://hdl.handle.net/10174/9269
ISBN: 978-989-8339-19-5
Type: book
Appears in Collections:CIEP - Publicações - Livros

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