Body and trauma: from comprehension to intervention in female victims of domestic violence

Abstract

Intimate Partner Violence (IPV) is a form of domestic violence affecting around 30% of women globally. While being a pressing issue in public health, IPV has drawn significant attention from the scientific community due to its extensive impact on victims' lives. Victims endure physical, psychological, and social consequences of such violence, which damage their experience of themselves. The main objectives of this thesis were to understand how their experience of the body is impacted, and to develop a psychomotor therapeutic intervention for victim healthcare. These objectives were achieved through i) a theoretical reflection about victims’ embodiment, ii) quantitative and qualitative studies involving women with and without an IPV history, and iii) a study on the effectiveness and feasibility of a psychomotor intervention for IPV women victims residing in shelter homes. Women who have experienced IPV exhibit high levels of bodily dissociation, biased interoceptive awareness, difficulties in trusting bodily sensations, and uncertainty about body ownership. These embodiment characteristics mediate and predict their poorer mental health outcomes (e.g., depression and posttraumatic stress) and increased somatic complaints, distinguishing them from women without a history of IPV. Together, the results support the hypothesis of a feeling-owning-acting cycle that, impacted by violence as a traumatic experience, alters victims’ ways of being and acting in the world. This understanding led to the development of the psychomotor intervention Feel-Own-Move, which proved feasible and effective in reducing bodily dissociation levels among women living in shelter homes. Results support recommending this psychomotor therapy approach to enhance positive embodiment practices, mental health, physical activity levels, and health-related quality of life for women recovering from IPV. This thesis provides an in-depth understanding of how women victims of IPV perceive and inhabit their bodies, and how healthcare providers can consider and address victims’ embodiment characteristics to better facilitate health and trauma recovery; - Corpo e Trauma: da compreensão à intervenção com mulheres vítimas de violência doméstica Resumo: A Violência numa Relação de Intimidade (VRI) afeta cerca de 30% das mulheres em todo o mundo. Sendo um problema premente de saúde pública, a VRI tem atraído a atenção da comunidade científica pelo alargado impacto na vida das vítimas. As vítimas sofrem consequências físicas, psicológicas e sociais desta violência, que impactam a sua identidade e vivência de Si. Os principais objetivos desta tese foram entender como a experiência do corpo destas mulheres é afetada, e desenvolver uma intervenção psicomotora dirigida a essas alterações e necessidades de saúde. Estes objetivos foram alcançados através de i) uma reflexão teórica sobre a vivência corporal de mulheres vítimas de VRI, ii) estudos quantitativos e qualitativos com mulheres vítimas e não-vítimas, e iii) um estudo sobre a eficácia e viabilidade de uma intervenção psicomotora aplicada em casas abrigo. As mulheres que sofreram VRI exibem altos níveis de dissociação corporal, alterações na consciência interoceptiva, dificuldade em confiar nas sensações corporais e incerteza sobre serem donas do seu corpo. Estas características mediam e predizem os piores resultados de saúde mental (como depressão e stress pós-traumático) e o maior número de queixas somáticas de mulheres vítimas de VRI em relação a mulheres sem histórico de VRI. Os resultados suportam a hipótese de o impacto no ciclo Feeling-Owning-Acting alterar as experiências e formas de agir das vítimas. Esta compreensão levou ao desenvolvimento da intervenção psicomotora Feel-Own-Move, que se mostrou viável e eficaz na redução dos níveis de dissociação corporal das mulheres em casas abrigo. Os resultados permitem recomendar esta intervenção para promover vivências positivas do corpo, a saúde mental, os níveis de atividade física e a qualidade de vida relacionada com a saúde de mulheres que sofreram VRI. Esta tese permite uma compreensão aprofundada de como mulheres vítimas de VRI percecionam e habitam os seus corpos, e de como os profissionais de saúde podem atender à vivência do corpo destas mulheres como estratégia de promoção da saúde.