Exposições museológicas: vitrines do clima no século XXI

Abstract

Nesta tese discutimos o papel dos museus como impulsionadores de um movimento de consciência do Antropoceno e da emergência climática que agregue questões científicas, sociais, emocionais e comportamentais. A partir da revisão de literatura e buscas sistemáticas, construímos uma base de dados com trezentas e trinta e quatro exposições sobre as alterações climáticas e o Antropoceno, identificadas como tendo origem entre 1992 e 2018, que serviu de base para analisar a expressão dos museus na comunicação das alterações climáticas através da conceção de exposições. Refletimos sobre o papel social da arte na comunicação sobre temas científicos emergentes, expressão de inquietudes ecológicas e catalização de emoções, podendo ser complementar à ciência na promoção de conhecimento e na construção de cidadanias ativas. O Antropoceno é discutido enquanto conceito e momento histórico no qual se enquadra uma crescente consciência da responsabilidade dos impactos humanos, negativos e positivos, sobre o planeta. Se por um lado o posicionamento político dos países em relação às questões ambientais parece ter influência na temporalidade e na forma de apresentação destas exposiç􀅷es􀐢 as instituições que as desenvolvem e acolhem foram também atores importantes na sua análise. A partir da proposta de um conjunto de dimensões de análise de elementos artísticos e científicos presentes em exposições, e utilizando como exemplos as exposições Comprender para sobrevivir, el clima (Espanha, 2008) Antropoceno, la era del cambio global (Espanha, 2016) e Eco-visionários: arte e arquitetura após o Antropoceno (Portugal, Espanha, Suécia e Suíça, 2018), debruçamo-nos sobre os atores institucionais e conteúdos expositivos, como forma de refletir sobre novos caminhos de diálogo entre as ciências e as artes, os museus e as comunidades; ABSTRACT: Museum exhibitions: showcasing climate in the 21st century - In this thesis we discuss the role of museums as drivers of an awareness movement regarding the Anthropocene and the climate emergency that aggregates scientific, social, emotional and behavioural issues. Based on literature review and systematic searches, we built a database of three hundred and thirty-four exhibitions on climate change and the Anthropocene, which originated between 1992 and 2018. This database served as a basis to analyse the expression of museums in communicating climate change through exhibitions. We also reflect on the social role of art in communication concerning emerging scientific Issues, expressing ecological concerns and catalysing emoticons, which could be complementary to science methods in promoting knowledge and building active citizenship. We debate the Anthropocene as a concept and a historical moment in which there is a growing awareness of the responsibility of human impacts, negative and positive, on the planet. If, on the one hand, the political positioning of countries in relation to environmental issues seems to have an influence on the temporality and presentation form of these exhibitions, the institutions that develop and host them were also important actors in their analysis. Based on the proposal of a set of analysis dimensions of artistic and scientific elements present in exhibitions, and using as examples the exhibitions Comprender para sobrevivir, el clima (Espanha, 2008), Antropoceno, la era del cambio global (Espanha, 2016) e Eco-visionários: arte e arquitetura após o Antropoceno (Portugal, Espanha, Suécia e Suíça, 2018) we focus on institutional actors and exhibition contents in order to reflect on new paths of dialogue between sciences and arts, museums and communities.