Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/18119

Title: A arquitectura de Albert Speer: a monumentalidade como sistema de persuasão e intimidação do poder
Authors: Chaves, David Gonçalves
Advisors: Rodeia, João Belo
Issue Date: 2010
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: Este trabalho apresenta-se como uma reflexão sobre a arquitectura produzida por Albert Speer (1905-1981) sob o período nacional-socialista entre 1933 e 1945. A partir de uma interpretação das peças desenhadas, maquetas e fotografias existentes, pretende-se enunciar de que modo a arquitectura de Speer foi formalizado para o seu principal objectivo: representar o III Reich. Pretende-se também, dar a conhecer uma produção arquitectónica pouco documentada em Portugal, demonstrando o talento de Albert Speer no contexto respectivo, assim como enquadrar os projectos seleccionados nas intenções simbólicas pretendidas pelos dirigentes nacional-socialistas. Neste contexto, importa referir que a arquitectura produzida nesta época é consensualmente censurada pela ligação ao período histórico em que está enquadrada. Esta permanente conotação impede, muitas vezes, o juízo de valor sobre a respectiva qualidade arquitectónica. Para esta nova análise, conjuga-se a informação bibliográfica e gráfica existente com o intuito de constituir um conjunto de elementos que permitam um coerente estudo dos projectos e que proporcione, igualmente, um entendimento a Fig.1 Inside The Third Reich. nível histórico. A produção teórica sobre a arquitectura produzida neste período é muito escassa e tem passado quase despercebida em Portugal. Contudo, são indispensáveis para tal enquadramento e estudo os livros escritos pelo próprio Albert Speer: Inside The Third Reich [fig. 1] e Spandau: The secret diaries [fig 3] - posteriores à segunda guerra mundial - como testemunhos reflectidos, na primeira pessoa, sobre os acontecimentos sucedidos no período referido e relativamente a uma descrição projectual dos casos de estudo seleccionados. Igualmente do mesmo autor, as publicações Die Neue Reichskanzlei [fig.2] e Die Neue Deutsches Baukunst [fig. 5] - de 1940 e 1942 precisamente –, publicadas sob a alçada de Joseph Goebbels1 (1897-1945) e do seu ministério da propaganda, surgem como edições comemorativas da inauguração da nova chancelaria na Voß Straße em Berlim e como mostra internacional2 da nova arquitectura [fig. 6] que se produzia então. Os exemplares que perduram até aos dias de hoje apresentam-se como dos melhores testemunhos acerca do mecanismo propagandista que a arquitectura deveria exercer na representação do estado. A obra de 1989 intitulada Albert Speer: Architecture 1932-42 [fig. 4], escrita por Leon Krier e com o prefácio da autoria do historiador Lars Olof Larsson, surge como um registo monográfico onde é levada a cabo uma documentação exaustiva das peças desenhadas e fotografias de todas as obras projectadas por Albert Speer sob o regime nazi. O objectivo desta realização, e a importância que adquire para a presente dissertação, consiste na predominância dos elementos gráficos sobre os escritos proporcionando um elevado grau de informação, o que se torna obra de referência para a realização de qualquer reflexão sobre este tema. Hitler’s State. Architecture: The impact of Classical Antiquity [fig. 8], do autor Alexander Scobie, apresenta-se como uma análise às fortes influências da arquitectura clássica nos projectos nazis. São elaborados paralelismos que vão desde o urbanismo até às ordens tipológicas procurando focar de que forma Albert Speer as reinterpretou nos seus projectos, visto que a sua pretensão era rivalizar e superar a magnificência e monumentalidade das construções clássicas. O livro Albert Speer - Le Plan de Berlin 1937-1943 [fig. 7], de Lars Olof Larsson apresenta-se como um estudo completo de todos os elementos que foram constituídos para o projecto urbano de Berlim. Inicia-se com uma análise à escala urbana das remodelações viárias e ferroviárias e termina de forma detalhada nos projectos dos edifícios monumentais a serem construídos. Ao conjunto de peças desenhadas e fotografias juntam-se textos críticos baseados em notas elaboradas pelo próprio Albert Speer e a sua equipa de projectistas. Estas obras referidas apresentam-se como as mais relevantes para o estudo deste tema e de elevada importância na realização da dissertação que aqui se expõe. Como já referido, esta presente investigação difere, das publicações já existentes, no objectivo do estudo. Ao invés de tratar-se apenas de uma descrição e análise dos desenhos de projecto, fotos e maquetas, pretende-se focar o método e a forma como são materializadas, em arquitectura, a máquina de propaganda, de intimidação e persuasão do nazismo sobre a população. Os arquétipos clássicos, os materiais construtivos, o método organizativo e sequencial dos espaços, a escala, a monumentalidade, entre outros, apresentam-se como tradução directa dos símbolos e das situações criadas por Albert Fig. 5 Die Neue Deutsche Baukunst. Speer e irão ser focados ao longo do presente trabalho através de uma análise escrita e elaboração de diagramas interpretativos. Proporciona-se, desta forma, um novo ponto de vista sobre a arquitectura de Albert Speer e um novo contributo para o entendimento de uma produção artística em muito condenada pelas suas implicações históricas. O trabalho surge estruturado segundo três capítulos: Génese, Afirmação e Cristalização. Estes incidem numa perspectiva evolutiva de acontecimentos no percurso de Albert Speer e culminam nas suas criações arquitectónicas sob o regime nazi. O primeiro retrata a influência que a tradição arquitectónica na família teve nas suas escolhas, a importância que Heinrich Tessenow representou na sua formação como arquitecto e os primeiros contactos com o partido nacional-socialista que culminam posteriormente à sua adesão. O capítulo Afirmação pretende mostrar a importância e o estatuto que o arquitecto vai ganhando dentro do partido com a atribuição de projectos cada vez mais relevantes. Este acontecimento irá desencadear a aproximação a Adolf Hitler e até à sua nomeação como arquitecto do III Reich foi um pequeno passo. O terceiro capítulo, Cristalização, surge como o expoente máximo na aplicação dos conceitos arquitectónicos nazi. São seleccionados como exemplos três projectos a diferentes escalas. O primeiro, à escala da paisagem, é a esplanada Zeppelinfeld situada em Nuremberga, à escala urbana, o projecto para o monumental eixo Norte-Sul da renovada cidade de Berlim e por último, a uma escala mais estritamente arquitectónica, urge o projecto para a Chancelaria de 1938. A exposição nestas três diferentes escalas, irá permitir entender de que forma o regime nacional-socialista incutia, através da sua representação na arquitectura, as doses de persuasão e intimidação que permitiu uma total submissão do povo alemão.
URI: http://hdl.handle.net/10174/18119
Type: masterThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Mestrado

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