Consensos e contradições no ensino, aprendizagem e avaliação sumativa externa de língua portuguesa, no 9º ano: um estudo de caso

Abstract

O discurso oficial legitima o processo de avaliação sumativa externa que, no final do 9° ano, ocorre em Língua Portuguesa, atribuindo-lhe, como funções, a certificação das aprendizagens e competências adquiridas pelos alunos, a regulação das práticas educativas e a promoção da melhoria sustentada das aprendizagens. Acompanhando a forma como decorreu, numa escola da cidade de Évora, no final do ano letivo de 2005/2006, a segunda edição do Exame Nacional de Língua Portuguesa, o presente estudo de caso procura conhecer as representações e expectativas dos alunos e professores acerca da prova de avaliação sumativa externa, analisar as classificações de exame obtidas pelos alunos, e identificar possíveis consensos e contradições entre o que se pretende que seja, no discurso oficial, e o que parece ser, na realidade, o processo de avaliação sumativa externa. O estudo contou com a participação das professoras de Língua Portuguesa e dos alunos das seis turmas de 9° ano de escolaridade da escola em questão. Recolheram-se dados de natureza mista, quantitativa e qualitativa, através de questionários, entrevistas semiestruturadas, consulta de pautas de avaliação, bem como a análise detalhada do conteúdo da prova de exame. Os resultados do estudo apontam para a existência de contradições entre o plano das intenções e a prática: o Exame Nacional de Língua Portuguesa é pouco certificativo, a sua função reguladora é, cumulativamente, condicionadora e limitativa de práticas e, tal como tem sido concebido, o processo de avaliação sumativa externa no final do 3° ciclo do ensino básico pouco pode contribuir para a melhoria das aprendizagens. /ABSTRACT - The implementation of the process of external assessment in Portuguese Language, at the end of the 9th grade has been officially supported on the account that it serve three main purposes: the certification of the knowledge and skills acquired by students; the regulation of educational practices; and the promotion of sustained improvement of learning. By focusing on the second edition of the National Examination of Portuguese Language which took place at the end of the school year 2005/2006, the present study aims to: (a) uncover the students' and teachers' representations of, and expectations about the external evaluation examination; (b) analise and discuss the students' results on the exam; and (c) identify possible consensus and contradictions between the official discourse and what the process of external evaluation seems to be in reality. The study was conducted with the teachers and students of the 9th grade in a school in the city of Évora, Portugal. Multiple sources of quantitative and qualitative data were used for the purpose of data collection. These included questionnaires, semi-structured interviews and the published results of the examination, along with a detailed analysis of the Portuguese language test. The findings of the study point to the existence of contradictions between the official rhetoric and the real effects of the national examination on the teaching and learning process: in its current format, the process of external assessment at the end of the 9th grade fails to serve the purposes of certification, imposes a number of limitations on teachers` practices and falls short of contributing positively to the improvement of learning.