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http://hdl.handle.net/10174/15556
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Title: | A judiaria de Castelo de Vide: contributos para o seu estudo na óptica da conservação do património urbano |
Authors: | Bicho, Susana Maria de Quintanilha e Mendonça Mendes |
Advisors: | Aguiar, José |
Keywords: | Judiaria Castelo de Vide, Portalegre (Portugal) Conservação do património urbano |
Issue Date: | Dec-1999 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | Introdução - A Judiaria de Castelo de Vide constitui um apaixonante tema de investigação, não só pela qualidade e valor do objecto enquanto conjunto urbano, mas também pela temática judaica a que está associado, a qual, de um modo geral, se encontra ainda mal estudada no nosso país. Apesar do acréscimo de interesse que tem vindo progressivamente a revelar-se pela realidade judaica, poucos são os estudos referentes às diversas comunidades e ainda menos os que incidem sobre a sua espacialidade, entrosando a História com o Urbanismo e a Arquitectura. Desconhece-se, ainda hoje, o papel que estas comunidades possam ter tido na construção de uma especificidade urbanística nacional quer no território continental, quer em lugares tão distantes como o norte da Europa, o Brasil ou a índia, onde se estabeleceram após a Expulsão. De facto, os estudos realizados sobre as comunas judaicas portuguesas, focam-nas essencialmente de um ponto de vista histórico, dando-nos a conhecer, por exemplo, o poder socio-económico da comunidade no contexto global da localidade, as suas famílias mais importantes, os principais acontecimentos ocorridos, etc., não indo além de um "apalpar" da sua judiaria, sinagoga e restantes equipamentos urbanos. Também a arqueologia judaica parece estar agora a dar os primeiros passos no nosso país, não propriamente com espólio verdadeiramente específico (como o que tem sido encontrado em Espanha), mas pelo menos no interesse que o tema já suscita. A verdade é que o espaço físico judaico permanece ainda assim muito desconhecido e dado que muito dele foi destruído ou reocupado, restaram em muitos casos unicamente as certezas documentais num contexto espacial que já não corresponde ao medievo. Contrariamente, em Castelo de Vide, a falta de documentação histórica não anulou alguns vestígios dessa presença judaica, num espaço que, continuamente habitado e resultante de factores morfológicos e vicissitudes históricas, soube manter
durante séculos a sua estrutura urbana, fazendo perdurar até hoje inúmeras características urbanas e arquitectónicas da época medieval. Perceber como viveu uma comunidade no tempo e no espaço, é pois uma tarefa de investigação continuada e o património que esta nos legou assume uma expressão sem dúvida mais abrangente. A exiguidade da documentação histórica dificulta a compreensão do espaço dessa vivência e o rigor científico da sua delimitação; no entanto, não retira em nada a intensidade emocional com que se percorre este espaço surpreendente e orgânico, acrescentando-a até com a sedução de um mistério eternamente por desvendar: terá sido verdadeiramente aqui a Judiaria?.... A esta dúvida juntam-se histórias de tradição orai, como a do rabi que pendurava os panos nos cachorros da sua janela, da padeira que dava a vida e a morte à comunidade, do arçário que guardava na arca os dinheiros da comuna...ou mesmo da tradição das badaladas que hoje se ouvem ao fim do dia como uma reminiscência do recolher obrigatório dos judeus. Histórias que se contam à porta de casa, sentados à sombra nos poiais, entre sorrisos e cumplicidades com quem quer saber um pouco mais e «olhe, em ali a casa do rabi!». Porque a componente do património intangível é tão importante como a do físico, quando se quer conservar um património vivo e evolutivo é também urgente caracterizá-la e ter em consideração esse valor que urge igualmente preservar. Deste modo, como metodologia de trabalho estruturámos este estudo em duas partes, pretendendo-se, na primeira, caracterizar fisicamente a Judiaria nas suas componentes históricas, urbana, arquitectónica e construtiva, considerando-se como objecto de estudo o conjunto urbano delimitado; na segunda parte, abordaram-se as questões da conservação do património urbano, analisando-se o objecto na sua situação actual, nas vertentes socio-culturais e ocupacional e nos valores e anomalias que possui, com vista a formular estratégias de intervenção adequadas à salvaguarda deste património. Para uma melhor compreensão da realidade que marcou esta Judiaria reflectiu-se, primeiramente, sobre o papel que a comunidade judaica desempenhou no Portugal pré-Expansão; como viviam os judeus de então, como se organizavam, o que produziam, etc. e que factores foram decisivos na criação do contexto político que determinou a sua expulsão, conversão e futura integração. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/15556 |
Type: | masterThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Mestrado
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