Escola básica integrada: a integração ou a justaposição de três ciclos? Contributo de um estudo de caso

Abstract

Introdução - A escolha inicial das Escolas Básicas Integradas como tema para o desenvolvimento deste projecto de investigação surgiu por várias razões. No entanto, dado o período de tempo que decorreu entre o momento em que iniciámos esta investigação e o momento em que a concluímos com a redacção final do texto e até as mudanças que entretanto ocorreram no sistema educativo português, alguns desses motivos podem parecer agora algo desfasados. Manteremos, no entanto, a sua apresentação, explicando, portanto, as razões de tal escolha. Em primeiro lugar, a emergência e desenvolvimento das escolas básicas integradas surgiu como um tema e uma realidade que se podia enquadrar perfeitamente num das linhas de investigação definidas para o curso de Mestrado em causa, na circunstância, A Qualidade do Ensino. De facto, as escolas básicas integradas foram uma: das experiências decorrentes do processo de Reforma do Sistema Educativo, iniciado nos anos 80, na qual se depositaram grandes esperanças e à qual foram, e são, reconhecidas grandes potencialidades, no que à melhoria da qualidade do ensino diz respeito. Uma segunda razão para a escolha deste tema apoiou-se na sua relevância temática. Sendo uma realidade no nosso sistema já com uma história de uma década, e á qual são reconhecidas potencialidade pedagógicas, organizacionais e até financeiras, não abundam, contudo, os estudos sobre o seu processo de desenvolvimento. Um trabalho sobre este tema parecia, portanto, responder à necessidade de construção de um conhecimento mais amplo e mais aprofundado sobre o mesmo. Nesta razão entronca uma terceira que dizia respeito à actualidade do tema, a qual, como dissemos, no início, parece agora dissipar-se um pouco. Assim, apesar de terem surgido há uma década, as escolas básicas integradas constituíram uma experiência que importa conhecer bem, na medida em que, neste momento, se desenvolvem outras iniciativas, como os Agrupamentos de Escolas, que podem beneficiar com a sua experiência e com o conhecimento entretanto construído sobre as vantagens e desvantagens que apresentam ou sobre as dificuldades que enfrentaram no momento da sua implementação e as formas encontradas para as superar. Isto é, se existir ao dispor dos actores um conhecimento validado e confiável que possa ser utilizado, poderão, talvez, evitar-se os erros cometidos anteriormente e aproveitar os aspectos positivos dessa experiência. Não queremos com isto afirmar, na lógica do paradigma de mudança instituída, típico dos países com uma administração fortemente centralizada, como ainda acontece em Portugal, que o que se constata funcionar (bem ou mal) numa escola funciona também noutra, ou que aquilo que se constata funcionar (bem ou mal) nas escolas que experimentam determinada solução também venha a verificar-se nas restantes escolas, no momento de generalizar essa solução. Queremos apenas dizer que poderão (e deverão) ser utilizados os ensinamentos retirados das experiências anteriores, evitando desperdícios de tempo e esforço, no momento de aplicar uma qualquer solução, seja ela organizacional, como é o caso das escolas básicas integradas e dos agrupamentos de escola, ou outra. A última motivação para a escolha do tema é de natureza pessoal e diz respeito a uma curiosidade intelectual que se funda num episódio por nós vivido, quando leccionávamos numa Escola Básica 2, 3. Na altura, apenas um ano após termos concluído a nossa formação inicial, surgiu na escola onde leccionávamos um poster de divulgação de um Encontro sobre Escolas Básicas Integradas, designação e realidade para nós completamente desconhecida, estranhamente desconhecida, pensámos nós, a que não era alheio, porém, o facto de as Escolas Básicas Integradas terem ainda uma curta existência de três anos, aliada a uma divulgação não muito alargada. Assim, no momento de seleccionar um tema que nos interessasse pessoalmente e que reunisse simultaneamente os requisitos anteriormente referidos, optámos mesmo por tentar conhecer o que são, e compreender como funcionam, as Escolas Básicas Integradas.