Contributos do turismo em espaço rural para o desenvolvimento do Baixo Alentejo um círculo turístico

Abstract

Introdução - A presente dissertação surge com o objectivo de apresentar um estudo sociológico do fenómeno do turismo, cuja natureza se reveste de grande actualidade nas sociedades modernas, face aos novos domínios que assume no processo de desenvolvimento, nas dimensões económica, social e cultural, desencadeando novos valores e novos factores de mudança ao interferir, estrategicamente, nos modelos de desenvolvimento e projectando, através destes, as ambições futuras das sociedades. A opção pela análise do fenómeno do turismo e a sua articulação com as novas concepções de desenvolvimento, suscitaram a pertinência deste estudo, partindo do pressuposto teórico-conceptual que o turismo, pela dimensão e importância que alcançou nas sociedades modernas, é o resultado das mudanças operadas nessas mesmas sociedades. Tais mudanças verificaram-se através de factores vários como o declínio do tempo individual no local de trabalho devido aos ganhos de produtividade, o aumento dos rendimentos, a importância crescente das possibilidades de consumo e tempo livre, a alteração da estrutura socio-económica, com a passagem de um conjunto de actividades ligadas à indústria para um conjunto de novas actividades ligadas à economia de serviços. Deste modo a complexidade funcional das sociedades, com uma crescente heterogeneidade de situações sociais, suscitou o surgimento de novas formas de culturas alternativas e novos convívios sociais que preenchem os novos tempos de lazer. 0 surgimento de condições ou factores cada vez mais estáveis de progresso social e cultural proporcionaram ao homem novas formas de vida que o incentivaram a conhecer novos lugares, novas culturas, ou seja, incutiram-lhe no espírito motivações diversas entre elas a viagem, a evasão ao meio, na descoberta de novos prazeres através da prática do turismo. É, pois, dentro de um contexto de desejo/necessidade de evasão e satisfação da curiosidade, que nos parece ancorar o tão difundido gosto pelas r r viagens, base afinal do turismo moderno. Fenómeno de massas, o turismo dos nossos dias é um reflexo duma sociedade que, às motivações mais profundas atrás abordadas, conseguiu adicionar o seu tempo livre às possibilidades económicas de as tornar realidade. Numa perspectiva de entendimento da problemática em estudo, o presente trabalho permitirá perceber a difusão do turismo, ao longo dos tempos, e o seu papel de fenómeno totalizaste nas sociedades actuais, ao considerá-lo como uma das actividades que mais tem contribuído para pôr em movimento milhões de pessoas, e ainda se ter transformado, neste final de século, numa das actividades que se estende a todos os cantos do mundo. A sua contribuição para a criação de riqueza e melhoria do bem estar das populações faz-se sentir de múltiplas formas, atendendo à sua dimensão como fenómeno totalizador que, se articula com as várias componentes que penetram e interagem nos domínios tão diversos da sociedade. Deste modo, o trabalho de investigação que se apresenta decorre da pesquisa analítica e empírica no propósito de compreender a complexidade do tema em estudo, considerando-se pertinente e essencial articular, de forma lógica e coerente, o turismo ao processo de desenvolvimento nas diversas formas que pode assumir como factor de desenvolvimento local/regional. Assim, perfilhando a convicção de que o turismo surge duma necessidade imperativa e como alternativa de diversificar as actividades económicas, pretende-se compreender, de forma lógica, este fenómeno em espaço rural e a sua importância face às concepções de desenvolvimento preconizadas para o mundo rural. É, neste contexto, que a questão fundamental trata de perceber de que forma a actividade turística se relaciona com as restantes funções existentes no espaço rural. De facto, e devido à sua recente expansão e ainda por ser previsível que esta tendência se venha a manter no futuro, é de todo o interesse reflectir sobre os seus possíveis e variados efeitos no mundo rural.