Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/13278

Title: Turismo em espaço rural: propostas para o desenvolvimento integrado do Concelho de Moura
Authors: Lourenço, Maria Clara Amorim
Advisors: Carvalho, Eduardo Cruz de
Keywords: Turismo
Turismo rural
Ecoturismo
Concelho de Moura (Portugal)
Issue Date: Dec-1997
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: Introdução - Ressalvando desde já possíveis interpretações sugestionadas pelo título, este trabalho não configura uma apologia do turismo. Podemos mesmo afirmar que tão pouco é o turismo o objecto primordial de interesse, sendo antes a linha directriz escolhida para a abordagem de múltiplas questões relacionadas com o desenvolvimento integrado das regiões rurais economicamente deprimidas (este sim, o nosso móbil), sobretudo por proporcionar uma forma inteligível de organização das matérias e de exposição dos argumentos que procuraremos defender. Cremos, de qualquer forma, tratar-se de uma escolha adequada e pertinente, que faz jus à transversalidade do fenómeno turístico e à relevância económica e socio-cultural daquela que se apresenta como a principal indústria mundial no dobrar do século. Sobre o binómio Homem - Meio no qual se concentram as nossas atenções particulares não restem no entanto quaisquer dúvidas. E o concelho de Moura e os mourenses - nascidos ou por opção - simultaneamente a inspiração e o principal destinatário do conjunto de reflexões e propostas que se seguirão. Desde logo, porque se pressupõe a inexistência de um modelo de desenvolvimento único e universalmente aplicável às regiões rurais deprimidas: se podemos (e fá-lo-emos) preconizar uma filosofia geral de intervenção, baseada na ideia de sustentabilidade, o mesmo não sucede com o formato do seu exercício, dependente da natureza e características específicas dos recursos e estruturas de que se dispõe em cada território. Este facto implica a detenção de um conhecimento aprofundado e multidisciplinar das realidades locais, salientando a relevância das contribuições de tipo "ascendente" e por isso remetendo para uma participação alargada das suas populações e instituições na definição de uma estratégia territorializada e globalizante do desenvolvimento. Sem que isso signifique renunciar à defesa do principio da solidariedade regional, a iniciativa local não pode (continuar a) pautar pela reivindicação de soluções vindas do exterior. Esclarecido o seu lugar na hierarquia dos valores que nortearam o nosso trabalho, de que forma se contextualiza então o turismo no desenvolvimento das regiões rurais e que papel poderá desempenhar no caso concreto do concelho de Moura? A trilogia ambiente/turismo/desenvolvimento, dada a natureza complexa e pluridisciplinar das interacções estabelecidas e sobretudo face à importância económica crescente daquele sector de actividade, é hoje alvo de atenção particular no seio de inúmeras áreas do conhecimento e suscita posicionamentos claramente distintos. E por muitos defendido que, perante a escassez de alternativas e a multiplicidade de possíveis efeitos multiplicadores em geral atribuída ao sector, o turismo se apresenta como uma aposta estratégica das regiões rurais deprimidas, nas quais o afastamento dos processos de desenvolvimento produzidos nas décadas anteriores viabilizou a manutenção de importantes valores culturais e naturais. Este argumento sustenta-se na emergência, hoje bem visível nos países mais ricos, de procuras turísticas e de lazer crescentemente apetentes pelos diversos aspectos da ruralidade: o carácter e modos de vida dos habitantes em meio rural e sobretudo os cenários idílicos para descontracção ou realização de actividades relacionadas com a "natureza", como a canoagem, o birdwatching, o cicloturismo, o trekking ou até a vivência dos quotidianos agrícolas. Formas de turismo que lhe valem a atribuição, hoje generalizada nos discursos e planos oficiais, de epítetos como "alternativo", "responsável", `verde", "rural", "ecológico", "suave", etc., surgidos por oposição ao conceito de "turismo de massas" geralmente associado ao produto "sol/praia". A proliferação de exemplos confirma que as regiões rurais podem encontrar na promoção do turismo uma oportunidade de aproveitamento de recursos endógenos - o património natural, as manifestações culturais, as paisagens, as amenidades... - traduzível na criação, directa e indirecta, de emprego e rendimento dificilmente proporcionados pelos outros sectores de actividade. Também contribuindo para uma presunção de complementaridade, em áreas protegidas é muitas vezes a actividade turística a principal fonte de financiamento das medidas de conservação nelas realizadas. No entanto, a realidade também demonstra que a relação entre turismo e ambiente (entendido este como somatório das suas componentes natural e cultural) não é, na sua essência, uma relação simbiótica. A semelhança da maioria das actividades humanas, o turismo encontra no ambiente o seu suporte fisico e humanizado, mas na ausência de uma gestão racional acaba por destrui-lo, hipotecando deste modo a sua própria sobrevivência a prazo. Dever-se-á atentar nos muitos alertas para os graves e por vezes irreversíveis danos ecológicos perpretados nos locais mais assediados pelo turismo, que é afinal uma indústria particularmente poluidora. Ou no facto de representar, em muitos casos, uma importante contribuição para a perda de autenticidade cultural nas comunidades de acolhimento, facultada por uma excessiva mercantilização dos seus usos e costumes. Não devemos por outro lado esquecer que, enquanto produto por excelência da sociedade de consumo, a indústria turística usa magistralmente as capacidades do marketing para (aproveitando condições económicas e psico-sociológicas favoráveis por parte da procura) alargar ao espaço rural o leque de ofertas disponíveis a fim de continuar a crescer, uma vez que se confronta com a saturação dos destinos habituais. Mas até que ponto se poderá confiar na proclamada "responsabilidade" inerente a estas formas de turismo, se em vez de "outro" houver apenas "mais"? Tratar-se-á efectivamente de um turismo "verde" ou tão só do esverdeamento da sua imagem?
URI: http://hdl.handle.net/10174/13278
Type: masterThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Mestrado

Files in This Item:

File Description SizeFormat
Maria Clara Amorim Ferreira - Tese de Mestrado - 104 313.pdf145.9 MBAdobe PDFView/Open
FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpaceOrkut
Formato BibTex mendeley Endnote Logotipo do DeGóis 

Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.

 

Dspace Dspace
DSpace Software, version 1.6.2 Copyright © 2002-2008 MIT and Hewlett-Packard - Feedback
UEvora B-On Curriculum DeGois