Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/12353

Title: O ecossistema urbano: contribuição da horta pedagógica para o seu reconhecimento e valorização
Authors: Vieira, Isabel Maria da Cunha
Advisors: Telles, Gonçalo Ribeiro
Issue Date: 1994
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: Introdução - Dizem as escrituras sagradas que Deus, depois de ter criado o Homem, o colocou num jardim. Até hoje, contudo, o que o Homem parece fazer é afastar-se cada vez mais do seu ambiente natural para se refugiar em ambientes artificiais cujo desenvolvimento máximo se materializa nas cidades. Por ironia foi precisamente o Homem urbano quem, com mais intensidade, se deu conta das benesses da vida no campo depois de se ter consciencializado da qualidade do ar que respirava, da água que bebia, dos aditivos que ingeria, do stress que vivia,... e do custo que isso representava. Desde aí "salvar a natureza" tem sido o mote mais apregoado e hoje em dia não há sistema político, económico ou social que não tenha em conta a componente ambiental. Pretendemos que (de facto) o mesmo se passe ao nível do sistema educativo e que isso traga, a curto prazo, resultados mais visíveis para a saúde do ambiente em geral e dos biótopos urbanos em particular. Apesar da nossa preocupação (legítima) com a vida que se vive nas cidades -- e não somos só nós que vivemos nela —, o português não é um povo (tipicamente) urbano. É aqui que reside a grande limitação deste trabalho. Quase toda a bibliografia referente ao estudo dos ecossistemas urbanos e seus habitais tem origem anglosaxónica e centra-se em cidades com mais de 100 mil habitantes; a maioria das nossas cidades tem entre 25 e 50 mil habitantes. Embora os ecótopos urbanos das grandes metrópoles sejam semelhantes em todo o globo, o caso português reveste-se, assim, de algumas particularidades que não podemos ignorar: as nossas grandes cidades (que de facto, à excepção de Lisboa, são pequenas) têm uma posição litoral que facilita a dispersão de poluentes atmosféricos e ameniza as temperaturas, mesmo as dos centros urbanos -- isto determina a presença ou a ausência de espécies que, à partida, se consideram típicas do ecótopo urbano; a influência do clima Mediterrânico, sobretudo a sul, origina uma distinção clara entre as espécies encontradas nas grandes cidades da Inglaterra e da Alemanha, de onde foram obtidos muitos dados referentes à flora e fauna urbanas. Assim, apesar do esforço desenvolvido na adequação das espécies urbanas à nossa realidade, existe a consciência clara de que, nem sempre as espécies referidas podem ser as mais representativas. Em todas as cidades portuguesas se detectam inúmeros testemunhos de ruralidade. Mesmo em Lisboa é possível encontrar-se, ainda hoje, um grande número de pequenas hortas urbanas e peri-urbanas que, em épocas de crise serviram para alimentar famílias e ainda render algum dinheiro aos proprietários. Este fenómeno está ligado às épocas de maior expansão urbana e de migração de rurais para a cidade, à baixa pressão demográfica que temos e a uma característica da nossa cultura: o gosto em passar tempo ao ar livre e, ligado a isso, o gosto pelo rural. Projectos de construção de Hortas Urbanas com legislação própria estão a florescer por toda a Europa. Surgem como uma forma de promover o entendimento do Homem urbano com a natureza, de criar alternativas financeiras aos economicamente mais desfavorecidos, de ocupar terrenos camarários em fase de degradação fisica e social, de verdejaras cidades e de servir como uma alternativa inteligente, rentabilizante, e saudável de ocupação dos tempos livres. Quando situadas nas escolas (ou associações de carácter educativo) ou a elas ligadas, as hortas podem ser usadas como um campo activo da educação ambiental e do ensino das Ciências da Natureza. Nestes casos dão-se-lhe o nome de Hortas Pedagógicas e estão vocacionadas para todos os níveis da escolaridade obrigatória. Nelas são ultrapassados os objectivos previstos para as Hortas Urbanas. A Horta Pedagógica tem a característica de albergar, não só as espécies hortícolas, como também espécies nativas ou com história na região, valorizando-as, conhecendo-as melhor, servindo igualmente como um ponto de dispersão, um refúgio ou uma via de comunicação com outros espaços urbanos próximos. Nela trabalha-se ecologicamente (isto é, tendo o mínimo de gastos energéticos) o cultivo biológico das espécies hortícolas e das espécies mais interessantes e representativas dos diferentes habitas da cidade. Investe-se no conhecimento das suas particularidades e condicionantes de desenvolvimento, na responsabilização dos alunos pelas opções tomadas no decurso das suas actividades, na participação activa no melhoramento das condições ambientais da cidade onde vivem, na sociabilização e promoção dos alunos de vivências rurais e na aproximação da escola aos problemas vividos pela cidade. Como instituição responsável pela formação de professores do ensino básico, a Escola Superior de Educação é um local priveligiado para iniciar esta actividade. Depois de se ter relembrado a tradição hortícola de Faro (que ainda mantém, embora de forma diferente e enfrentando novos problemas) e de termos feito um reconhecimento ligeiro das suas características naturais, iniciámos um projecto de construção de uma Horta Pedagógica neste lugar.
URI: http://hdl.handle.net/10174/12353
Type: masterThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Mestrado

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