Bases para compreensão da ecologia da secura em Quercus suber L.: relações hídricas e repartição do carbono

Abstract

As relações hídricas, o crescimento e a biomassa da parte aérea e radicular foram determinadas em plantas jovens de Quercus suber L., regadas e em stresse hídrico que cresceram em mini-rizotrões, com e sem poliacrilato de sódio reticulado, e em vasos, em estufa, e transplantadas para uma parcela onde se aplicou poliacrilato de sódio reticulado e não reticulado, localizada na Herdade do Monte Fava, na região Sudoeste (SW) de Portugal Continental, a cerca de 154 km a Sul de Lisboa. A translocação e repartição do carbono recém-fotoassimilado no final da Primavera foi determinada em plantas jovens de Q. suber L., regadas que cresceram em contentores ao ar livre na Tapada Nacional das Necessidades, em Lisboa. Mais de 40% do 14C total recuperado nas plantas permaneceu nas folhas marcadas. Porém, as folhas marcadas do topo retiveram mais 14C(65% do total) do que as folhas marcadas inferiores (49%) e médias (44%). As folhas não marcadas e os ramos correspondentes apresentaram a menor força sink, tendo acumulado 0 a 3% do 14C total recuperado nas plantas, independentemente da posição das folhas marcadas. As porções dos ramos respeitantes às folhas marcadas acumularam de 11 a 20% do 14Ctotal recuperado nas plantas, constituindo sinks apreciáveis. As raízes; exibiram a maior força sink para o 14Ctotal recuperado nas plantas. Porém, a posição das folhas marcadas afectou a repartição do carbono recém-assimilado para as raízes. As raízes de sobreiros com as folhas inferiores marcadas acumularam 36% dos quais 21% foram repartidos para as raízes mais profundas. As raízes das plantas com as folhas médias marcadas acumularam 27%, dos quais 12% se concentraram na parte superior do sistema radicular. Nas plantas em que as folhas marcadas foram as do topo, as raízes acumularam apenas 16%. Os resultados demonstram que no final da Primavera, quando o surto anual de expansão foliar está no seu final, a maior sink para o carbono recém-assímilado são as raízes e as folhas basais são as principais exportadoras de carbono assimilado. ### Abstract - Water relations, growth and biomass were determined in young Quercus suber L. seedlings. These plants were grown in a greenhouse under well-watered and moderate and severe water deficit conditions. The seedlings were also grown with cross linked sodium polyacrylate in minirhizotrons. In the field, the seedlings were grown with sodium polyacrylates (cross linked and not cross linked). Allocation patterns, of recently assimilated carbon by Quercus suber L. seedlings were evaluated in late spring. 14CO2 was separately assimilated by lower, middle and top leaves. More than 40% of the 14Crecovered by the plants remained in the labeled leaves. However, top labeled leaves retained more 14C(65% of the total) than lower (49%) or middle (44%) ones. Both unlabeled leaves and their branches presented the least sink strength and accumulated from 0 to 3% of the total 14C recovered by the plants, regardless of the labeled leaves position. Branches of the labeled leaves accumulated 11 to 20 % of the total 14C recovered by the plants. These branches were appreciable sinks. Roots displayed the greatest sink strength for the total 14Crecovered by the plants. However, labeled leaves position affected the amount of 14Callocated to the root system. Roots of cork oak plants with lower labeled leaves accumulated 36 % being 21 % allocated to the deeper roots. In plants with middle labeled leaves, roots accumulated 27 %, being 12 % were at the superior zone of the root system. Roots only accumulated 16 % in plants with top, labeled leaves. Our results showed that root system was the major sink for recently assimilated carbon in late spring, when the growth flash of new shoots was over. Basal leaves were the main exporters of assimilated carbon.