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http://hdl.handle.net/10174/11315
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Title: | Sentido e possibilidades do discurso na cidade numa era de mal-estar: perfis teóricos e eixos problemáticos para uma compreensão do poder no ocidente declinante |
Authors: | Cunha, Silvério Carlos Matos da Rocha e |
Keywords: | Fragmentos Era de mal-estar Poder no ocidente declinante Discurso na cidade Política Teoria e filosofia do Poder |
Issue Date: | 1997 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | "Sem resumo feito pelo autor"; Uma investigação tem sempre um "motivo" que não tem de ser contado, mas a que se deve aludir para uma melhor percepção dos argumentos avançados, na verdade filhos das suas culpas e dos seus méritos. E como tal motivo não pode ser explicado mediante um "salto" para além do texto e da gramática, ficando desde logo comprometida a comunicação da experiência vital, o melhor será começar pelo fim, pelo (re)conhecimento de que os horizontes sonhados a princípio nem sempre se alcançam. Uns, perderam-se no caminho por falta de talento. Outros, porém, foram-se apagando à medida que deles pensava estar a aproximar-me. É do "resíduo" destes que agora pretendo falar, sobretudo porque continuo a pensar que não apenas persistem numa estranha presença, mas ainda são determinantes. Trata-se da presença, por muitos notada antes de mim, que começa por se exprimir através daquela "lógica" do texto que um autor julga dominar mas que, na verdade, impõe as suas regras. E essa lógica começa, muito simplesmente, pela percepção de que neste processo, onde nada é óbvio, nunca se é um ser singular. Neste sentido, pode dizer-se muito justificadamente que todo o texto é a "revelação de um rasto de problemática" e, por isso,
nunca passa de um post Scriptum. Daí que seja sempre muito difícil saber
por que se escreve (mais: saber o que sobeja depois de escrito), já que se é
sempre assaltado pela suspeita de que, à medida que o discurso vai abrindo
"espaço", o criado é, antes, um arranjo que pretende dominar a
totalidade do real. Esta "racionalização" (que mais não é do que uma
manifestação da vontade de poder, e não do poder de ser, condição do
amor) comporta igualmente um enorme silêncio, uma espécie de crepúsculo
da fraqueza jovial que caracteriza a abertura a um sentido mais profundo
da realidade. É como se o discurso acabasse por se traduzir,
tão-somente, numa simples manipulação de signos, concluindo um certo
(e "estranho") sentido do real, que quebra toda e qualquer possibilidade
de aceder ao vigor misterioso da metalinguagem.
Tentar realizar um inventário crítico de perspectivas em torno do
problema do poder numa era que parece oscilar entre uma via de sentido
único e um beco sem saída2, impôs-me, desde logo, uma inevitável, embora
legítima, selecção, dadas as limitações derivadas da "incerteza" do
tema-base e da sua vastidão. Porque, na verdade, características do pensamento
desta era são —para além do abalo na universalidade e na autonomia
da razão prática kantianas— a confusão e a heterogeneidade.
No meio de perspectivas, umas recuperadoras, outras relativistas, estas
irracionalistas, aquelas simplesmente reactivas, com frequência mesmo
claramente "anti-ilustradas", desenrola-se um conjunto de discursos que
reagem, reformam, depuram, rejeitam, recorrendo a diversas técnicas
hermenêuticas e retóricas. Se tivesse de sintetizar o meu procedimento,
diria que se tornou imperioso proceder a curtas —as intensas"
viagens", que permitissem colher imagens desta realidade que se apresenta como "estranha", embora paradoxalmente reconhecível, e esperando com isso surpreender o espelho (apesar de tudo inesperado) da sua condição, pois só assim é possível enfrentar a interpretação como um processo de saltos e cortes, como um traje que sabe não poder pretender ser uma pele, bastando-se com o não ser uma armadura. Foi nestes desenhos, se assim posso dizer, foi neste deslocamento de ângulos, que julguei ser possível trabalhar de novo as montagens dos discursos, "refazer" com a realidade as nuvens da utopia, desfazer as certezas sensíveis da política. Que daqui podem resultar alguns excessos, não duvido. Mas excessos ínfimos quando comparados com a forma como a política "racional" produz a realidade, i.e., quando diz pretender a rigorosa coincidência entre a palavra e a coisa. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11315 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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