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Title: Estudo comparativo das estratégias tróficas de caprinos e de ovinos em situações alimentares restritivas para a ingestão
Authors: Baptista, Maria Elvira Lourido de Sales
Keywords: Estratégias tróficas
Caprinos
Ovinos
Nutrição animal
Caprinicultura
Pecuária
Issue Date: 1995
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: "Sem resumo feito pelo autor": O objectivo deste trabalho foi o de estudar as estratégias tróficas dos caprinos e dos ovinos em situações alimentares restritivas para a ingestão, quer em termos qualitativos (mau valor nutritivo) como quantitativos (fraca disponibilidade). Efectuaram-se dois ensaios comparativos: um em estabulação, com condições alimentares controladas, e o outro em pastoreio. A situação alimentar, que se utilizou no primeiro ensaio, caracterizou-se pela ingestão de palha de .trigo (84,4% de NDF e 2,4% de PB na MS) em quantidades restringidas (35 g MS/kg0.75). A distribuição do alimento foi realizada de molde a que as espécies fossem sujeitas ao mesmo padrão de ingestão (seis refeições diárias, de três em três horas, alimento traçado e refugos introduzidos no rumen). No segundo ensaio, a situação alimentar baseou-se no pastoreio de restolho de trigo (82,8% de NDF e 2,6% de PB na MS). Os animais tiveram possibilidade de expressar os comportamentos de ingestão e puderam seleccionar a dieta. Pretendeu-se que a disponibilidade de alimento decrescesse, para o que se manteve um encabeçamento elevado durante 30 dias (30 animais/ha). No primeiro ensaio, compararam-se a eficiência digestiva e o metabolismo azotado dos caprinos e dos ovinos, alimentados com palha de trigo suplementada através da infusão contínua no rumen de soluções de caseína e ureia (70:30) de forma a equivalerem à ingestão de dietas com 6,7, 9,1 e 11,5 % de PB na MS. Utilizou-se um arranjo de tratamentos em quadrado latino duplo de 3 x 3, com 3 bodes (Serrana, 42,4 kg PV) e 3 carneiros (Merino Branco, 52,0 kg PV), canulados no rumen. Os ovinos apresentaram maiores (P<0,001) coeficientes de digestibilidade aparente da MO (49,5 vs. 46,3%) e maiores coeficientes de digestibilidade das paredes celulares (52,7 vs. 48,9%) do que os apresentados pelos caprinos. Tiveram ainda maiores (P<0,001) concentrações ruminais de ácidos gordos voláteis totais (92,2 mmo/litro vs. 78,6 mmol/litro), volumes ruminais maiores (5,9 vs. 4,3 litros) e pools de MS superiores (6,6 vs. 4,8 litros; P<0,05) comparativamente aos caprinos. A cinética de digestão da fibra não foi diferente (P>0,05) entre as espécies, apesar dos caprinos terem demonstrado tendência para maiores taxas de digestão (sacos de nylon incubados in situ) com forragens de pior valor nutritivo (5,3 vs. 4,4%/h) do que os ovinos. As taxas de passagem da fase líquida foram idênticas em ambas as espécies (caprinos= 6,6 %/h e ovinos=6,1%/h). Também os padrões de fermentação ruminai, designadamente o pH e a percentagem molar dos ácidos gordos voláteis individuais, não foram significativamente diferentes entre as espécies (P>0,05), exceptuando-se o ácido butírico que foi superior (P<0,05) nos caprinos (6,0%), relativamente ao observado nos ovinos (5,5%). Os caprinos mostraram tendência para maior retenção do azoto, apesar de o seu balanço ter sido negativo e idêntico (P>0,05) nas duas espécies (caprinos= - 0,04 g N/kg 0,75; ovinos= - 0,09 g N/kg 0,75). Os caprinos tiveram menores perdas de azoto através da urina (1,1 vs.1,5 g/100 ml; P<0,05) e maiores concentrações ruminais tanto de azoto total (123,0 vs. 107,4 mg/100 ml; P<0,05) como de azoto microbiano (47,9 vs. 40,9 mg/100 mi; P<0,01) do que as verificadas nos ovinos. Não houve diferenças entre as espécies no que respeita às concentrações ruminais de azoto amoniacal e às concentrações plasmáticas de azoto ureico. No segundo ensaio, compararam-se a quantidade e valor nutritivo das dietas ingeridas em pastoreio, a eficiência digestiva e os padrões de fermentação ruminal nas duas espécies. Em dois períodos de seis dias cada (1° período em Agosto e 2° período em Setembro), utilizando-se um arranjo factorial dos tratamentos (2 x 2), recolheram-se amostras esofágicas em 3 fêmeas de cada espécie, a totalidade das fezes excretadas diariamente por 9 fêmeas de cada espécie e amostras de conteúdo ruminal de 3 bodes e de 3 carneiros. Os resultados sugerem que as espécies utilizaram diferentes estratégias tróficas. No início do ensaio, quando os animais tinham, presumivelmente, maior possibilidade de discriminar o alimento, e a sua disponibilidade era maior, as quantidades ingeridas pelas espécies foram baixas (caprinos= 35,9 g MO/kg0.75; ovinos= 34,4 g MO/kg0,75) e idênticas (P>0,05). Contudo, as dietas ingeridas diferenciaram-se significativamente na composição química, sobretudo nas fracções da fibra, parecendo indicativo de diferentes preferências alimentares, nestas condições. Os caprinos ingeriram dietas mais concentradas em MO (91,7 vs. 90,0% na MS) e em ADL (10,8 vs. 7,8% na MS), e com menores concentrações de celulose (29,9 vs. 32,7% na MS) e de hemicelulose (25,8 vs. 27,7% na MS), comparativamente aos ovinos. A digestibilidade da MO da dieta ingerida por caprinos (33,15%) foi, no entanto, significativamente mais baixa (P<0,001) do que a dos ovinos (55,12%), no mesmo período. No período final do ensaio, os caprinos aumentaram significativamente (P<0,001) a ingestão de alimento (56,8 g MO/kg0,75), tendo a mesma decrescido nos ovinos (31,8 g MO/kg0.75 ; P>0,05) e não se verificando diferenças na composição química da dieta de cada espécie. Neste período a digestibilidade da MO foi mais elevada nos caprinos (60,11 vs. 53,64%) comparativamente aos ovinos. Relativamente a Agosto, as dietas seleccionadas pelos animais em Setembro tiveram menor concentração proteica (9,5 vs. 11,2%) e maior concentração em celulose (34,8 vs. 27,6%) (P<0,001). Apesar das diferenças observadas dentro de cada período e entre períodos, no que respeita aos aspectos quantitativos e qualitativos da ingestão e à digestibilidade, os padrões de fermentação ruminal não sofreram alteração (P>0,05). Concluía-se que, quando os animais são forçados a exibirem o mesmo comportamento de ingestão com alimento de baixo valor nutritivo, os ovinos manifestam maior eficiência digestiva. Esta só é superior nos caprinos quando estes ingerem mais alimento do que os ovinos. As estratégias tróficas adoptadas pelas espécies resultam, essencialmente, de modificações do comportamento de ingestão, apresentando os caprinos maior capacidade para ajustar este comportamento, o que aparentemente lhes confere uma vantagem adaptativa a situações alimentares desfavoráveis. - ABSTRACT -Trophic strategies were compared in goats and sheep under restricted nutritional conditions. Two comparativa experimenta were conducted. Experiment 1 under stall-feeding with equal feeding pattem: animais were offered 35 g DM/kg 0.75 of wheat straw (84.4% NDF and 2.4%CP in DM) in equal portions 6 times daily and were not allowed to have refusais. In experiment 2 animais were allowed to select the diet and to express their feeding behaviour when grazing wheat stubble (82.8% NDF and 2.6%CP in DM). To establish a decrease in forage availability the experimental animais were maintained in the same ares (1 ha) for 30 days with a stocking rate of 30 animals/ha. Experiment 1 investigated the digestiva efficiency and N utilization by sheep and goats eating restricted quantities of wheat straw suppiemented with a continuous rumen infusion of casein and urea (70:30), so that dieta had 6.1, 9.1 and 11.5 % CP in DM. Three bucks (42.4 kg) and three wethers (52.0 kg) with permanent rumina] cannulae were used in a double 3 x 3 Latin square arragement of treatments. Sheep had greater (P<0.001) apparent total tract digestibility of organic matter (49.5% vs. 46.3%), greater digestibility of cell wall constituents (52.7% vs.48.9%), and largar volume (5,9 vs. 4,3 1) and rumen pool of DM ( 6,6 vs. 4,8 I; P<0.05) than goats. Sheep also had higher (P<0.001) total volatile fatty acid concentrations (92.2 vs. 78.6 mmo111) than goats. Rumina] digestion rates (nylon bag technique), liquid passage rate, pH and molar proportions of individual volatile fatty acida were similar for both species (P>0.05). However, goats show a tendency to digest more rapidly low-quality forages (5.3 vs. 4.4 % per hr with wheat straw), and had a higher butyrate proportion(P<0.05). Although N retention was negativa and not different between species (P>0.05), goats seemed to have a better N utilization. They had lower urine-N loas (1.1 vs 1.5 g/100 ml; P<0.05) than sheep. Both ruminai total-N (123.0 vs. 107.4 mg N/100 mi; P<0.05) and microbial-N concentrations (47.9 vs. 40.9 mg N/100 mi; N0.0011) tended to be higher in goats than in sheep. Ruminal ammonia-N and blood urea-N concentrations were similar (P>0.05) between species. Experiment 2 investigated the voluntary intake and digestion of wheat stubble grazed by goats and sheep. Three goats and three ewes were used to collect oesophageal extrusa, nine goats and nine ewes for total fecal collection and three bucks and three rama to sample rumen fluid and to study in situ OM dissappearence. Goats and sheep were compared using a factorial design (2 species x 2 periods). Resulta for the different measured parameters suggest that goats and sheep had different trophic strategies. In the first period species had similar voluntary OM intake (35.9 vs.34.4 g OM/kg0.75). Goats oesophageal extrusa chemical composition (% in dry matter) were higher in OM (91.7 vs. 90.0) and ADL (10.8 vs.7.8) and lower in cellulose (29.9 vs.32.7) and hemicellulose (25.8 vs. 27.7) than sheep. However, apparent digestibility of organic matter in sheep were higher (P<0.001; 55.1 vs 33.2%) than in goats. In the second period species had different voluntary OM intake (P<0.001). Intake increased in goats (56.8 g OM/kg0.75) and decreased in sheep (31.8 g OM/kg0.75). chemical composition of diet was similar for the two species, and nutritiva value of the selected diet decreased from de first to the second period in both species (CP concentration decreased from 11.2 to 9.5% and cellulose increased from 27.6 to 34.8 % ). Apparent digestibility of organic matter were significantly different between species (P<0.001), increasing in goats (60.1%) whereas maintaining in sheep (53.6 %). Rumen fermentation pattem was similar between species and periods altought the differences observed in feeding behaviour. lt was concluded that when species were fed on low -quality roughage under restricted feeding pattern and controlled behaviour, sheep had higher fibre digestion efficiency than goats. lntake, digestibility, transit rates and rumen pool sizes interacted with diet and period supporting lhe concept that sheep and goats used different trophic strategies under different nutritional circumstances. Goats are atile to show higher voluntary feed intake than sheep when roughage nutritiva value were low and availabilty scarce. This ability and their rapid shift of feeding behaviour, together with a possible largar rumen pool were ali contributing factors to a competitiva advantage on fibre utilization.;
URI: http://hdl.handle.net/10174/11291
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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