Valor Alimentar de Três Pastagens Anuais para Ovinos

Abstract

"Sem resumo feito pelo autor" - 0 principal objectivo deste trabalho foi determinar o valor alimentar de três pastagens anuais, para ovinos, em função da sua qualidade, nível de ingestão e estação do ano. As três pastagens que se estudaram, todas elas sobre montado disperso, foram: pastagem à base de trevo subterrâneo (Tr. Subt.), semea-da com uma mistura de 4 cultivares de trevo (Nungarin, Seaton Parle, Woogene11up e Trikkala), na quantidade de 20 kg/ha, e azevém anual, cultivar Wimeria, na quantidade de 5 kg/ha; pasta-gem natural fertilizada (P. Nat.); pastagem à base de serradela (Ser.), resultante da sementeira de 20 kg/ha de serradela cultivar Pitman, e de 5 kg/ha de azevém anual. 0 ensaio foi instalado na Herdade da Mitra, ocupando o Tr. Subt., a P. Nat. e a Ser., respectivamente, 2,4 ha, 2,2 ha e 1,8 ha. Foram pastoreadas, permanentemente, por ovinos machos castrados. As colheitas de dados realizaram-se durante três anos, no período de Março de 1987 a Fevereiro de 1990. A disponibilidade de pastagem foi determinada por cortes realizados regularmente e a composição química foi determinada, quer em sub-amostras dos cortes, quer em amostras da dieta ingerida, colhidas através de fístula esofágica. Estas últimas amostras foram colhidas em cinco épocas diferentes do ano-Outono, Inverno, início da Primavera, fim da Primavera e Verão. A determinação da digestibilidade fez-se através da utilização do INDF como marcador interno, doseado nas amostras, esofágicas e nas fezes. Para a determinação da ingestão de pastagem, utilizou-se a colheita total de fezes, associada à determinação da digestibilidade. Todos os ovinos foram pesados regularmente, apás 18 h de jejum. 0 valor médio de disponibilidade de pastagem (kg MO/ha) no Tr. Subt. (1517) diferiu significativamente (P<0,01) do observado na P. Nat. (883) e na Ser. (1069). As quantidades mais elevadas foram observadas no fim da Primavera (2094), seguindo-se, por ordem decrescente, o início da Primavera (1381), o Verão (MO), o Outono (551) e o Inverno (424). Verificaram-se diferenças significativas (P<0,001) entre as distintas épocas. A partir da composição química das amostras das pasta-gens e esofágicas, foi possível concluir que os ovinos ingeriram uma dieta com um teor em PB mais elevado do que o da pastagem disponível, em todas as épocas do ano, à excepção do Inverno. Quanto ao NDF e ADF, a dieta ingerida teve um valor mais baixo ou igual. 0 teor em ADL das amostras esofágicas foi inferior no Outono, Inverno e início da Primavera e superior ao da pastagem, no fim da Primavera e Verão. A digestibilidade média da MO N) mais elevada foi observa-da no Tr. Subt. (65,7) e a mais baixa na Ser. (62,6), distinguindo-se significativamente (P<0,05), enquanto que a P. Nat. apresentava um valor intermédio (63,6) que não foi significativamente diferente do das outras duas. A digestibilidade da MO mais elevada (P<0,001) verificou-se no inicio da Primavera (75,4) e a mais baixa no Verão (49).0 Inverno, por sua vez, com 68,4%, dis-tinguiu-se (P<0,001) do Outono (62) e do fim da Primavera (61,9). Globalmente, a digestibilidade foi afectada positivamente pelo teor em PB da dieta e pela percentagem de vegetação verde na pastagem e negativamente pelos teores em NDF e ADF. A ingestão diária de MO (g/kg p0,75) foi superior (P<0,01) na P. Nat. (52,4) relativamente à determinada no Tr. Subt. (46,4) e Ser. (44,7). Foi no Outono que se observou uma ingestão maior (60), seguindo-se o início da Primavera (52,5), Inverno (50,3), fim da Primavera (44,4) e Verão (34, 4). Verificaram-se diferenças significativas (P<0,001) entre algumas das épocas. A ingestão diária de MOD na P. Nat. (34,1) foi superior (P<0,05) à observada na Ser. (28,9), não tendo havido diferenças significativas entre estas duas pastagens e o Tr. Subt. (31,6). 0 Verão (17) voltou a ser a época onde se verificou uma ingestão menor, seguido do fim da Primavera (27,9), Inverno (35,2), Outono (35,6) e início da Primavera (39,7), mantendo-se a existência de diferenças signifi-cativas (P<0,001) entre épocas. Considerando o conjunto de todos os dados, a ingestão de MO foi afectada positivamente pela digestibilidade da dieta, peso máximo dos ovinos, teor em celulo-se e matéria verde/ha, e negativamente pelo peso vivo metabólico, percentagem de gramíneas, disponibilidade total de MO e pela época. Todas estas variáveis também influenciaram, e no mesmo sentido, a ingestão de MOD. Não se verificaram diferenças significativas, na variação diária de peso dos ovinos (g/dia), entre as 3 pastagens (Tr. Subt.= 67; P. Nat.= 45; Ser.= 55). Já entre épocas, observaram-se grandes diferenças (P<0,001), tendo sido no Outono que os ovinos apresentaram maiores ganhos de peso vivo (170), enquanto que no Verão se registaram as maiores perdas (-140). No fim da Primavera os ovinos também perderam peso (-14), ao passo que no Inverno (10) e no inicio da Primavera (137) apresentaram ganhos de peso vivo. A variação de peso vivo correlacionou-se negativa-mente com a época e com a digestibilidade e positivamente com a ingestão de MOD, percentagem de vegetação verde na pastagem, peso máximo dos ovinos e teor em PB. Das diversas conclusões a que se chegou, gostaríamos de realçar as seguintes: em todas as estações do ano, os ovinos conseguiram ingerir, em relação à pastagem, uma dieta nutricio-nalmente mais favorável; o Tr. Subt. apresentou o valor nutritivo mais elevado, também observado no início da Primavera; nenhuma das pastagens apresentou um valor alimentar notoriamente mais elevado, embora os ganhos de peso vivo tenham sido ligeiramente superiores no Tr. Subt.; o Outono revelou-se como a época com o valor alimentar mais elevado, apresentando o Verão o mais baixo. ABSTRACT The main objective of the work reported in this thesis was the determination of the feeding value, for sheep, of three annual pastures, as affected by it's quality, intake and season of the year. The three pastures, all of them located under evergreen oaks forest, were: subterranean clover based pasture (Tr. Subt.), seeded with a mixture of 20 kg/ha of 4 clover culti-vars (Nungarin, Seaton Park, Woogenellup and Trikkala) and 5 kg/ha of Italian ryegrass (cultivar Wimeria); fertilized natural pasture (P. Nat.); serradella based pasture (Ser.) seeded with 20 kg/ha of serradella, cultivar Pitman, and 5 kg/ha of Italian ryegrass. The experiment was located at Herdade da Mitra. The Tr. Subt., P. Nat. and Ser. had, respectively, 2.4 ha, 2.2 ha and 1.8 ha. Ali the pastures were continuously grazed by wethers and the data were collected during 3 years, from March 1987 to February 1990. The quantity of pasture was determined by regular cutting of quadrats and the chemical composition was evaluated on, sub-samples and on diet samples obtained from esophageal-fistulated animais. The esophageal samples were collected in Eive occasions, during the year- Autumn, Winter, early Spring, late Spring and Summer. The diet digestibility was estimated by the ratio techni-que, using the INDF as internal indicator. The intake was calculated using the total faecal collection and the diet digestibility. All the animais were regulary weighed, after a 18 h fasting. The average quantity of pasture (kg OM/ha) of the Tr. Subt. (1517) was significantly different (N0.01) from the P. Nat. (883) and Ser. (1069). The standing pasture was significantly different (p<0.001)between seasons, with the greater quantities in late Spring (2094), followed by early Spring (1381), Summer MO), Autumn (551) and Winter (424). The chemical composition of the pasture, sub-samples and esophageal samples allowed us to conclude that the diet was richer in CP than the available pasture, in all the seasons excepted Winter, and poorer or equal in the NDF or ADF content. The ADL content of the esophageal samples was lower in Autumn, Winter and early Spring and higher in late Spring and Summer. The highest organic matter digestibility (%) was determined on the Tr. Subt. (65.7) and the lower on the Ser. (62.6) that were, significantly different (<0.05). The P. Nat. was intermediate, (63.6) and no significantly different from the other two. The OM digestibility was higher (N0.001) in early Spring (75,4) and lower in Summer (49). The digestibility in Winter (68.4) was different (N0.01) from Autumn (62) and late Spring (61.9). The OM digestibility was positively affected by the CP content of the diet and by the green mass percentage and negatively by the, NDF and ADF content. The intake of organic matter (g/kg WO.75) was higher xiv (P<0.01) on the P. Nat. (52.4) than that calculated on the Tr. Subt. (46.4) and Ser. (44.7). The highest intake was recorded in Autumn (80), followed by early Spring (52.5), Winter (50.3), late Spring (44.4) and Summer (34.4) and there were significant diffe-rences between some of the seasons. The digestible, organic matter intake on the P. Nat. (34.1) was greater (N0.05) than on Ser. (28.9), with no significant differences between these, two pastures and Tr. Subt. (31.6). Summer continued to be the season in which the intake was the smallest (17), followed by late Spring (27.9), Winter (35.2), Autumn (35.6) and early Spring (39.7), with differences between seasons (N0.001). The intake of organic matter was positively correlated with diet digestibility, maximum liveweight of the wether, cellulose content and green mass/ha and negatively with metabolic liveweight, percentage of grass, quantity of OM/ha and season. The digestible organic matter intake was also influenced by the same variables and in the same direction. The daily liveweight change of the wethers (g/day) was not influenced by the pastures (Tr. Subt.= 67; P. Nat.= 45; Ser.= 55). There were, on the contrary, big differences (N0.001) between seasons, with greater liveweight gains during Autumn (170) and greater Liveweigth fosses during Summer (-140). In late Spring, the animais also lost weight (-14). During Winter (110) and early Spring (137), they gained weight. The Uveweight changes were, positively correlated with the intake of digestible organic matter, percentage of green plants, maximum liveweight of the animais and CP content of the diet and negatively with the XV organic matter digestibility and season. We would like to emphasize some of the conclusions we reached: in ali the season, the animais were able to selecte a diet with a higher nutritiva value than the standing pastora; the highest nutritive value was recorded on the Tr. Subt. and in early Spring; no one of the pastures showed a clear advantage, as far as the on the feeding value is concerned, although the liveweight gain on the Tr. Subt. was a little higher than the one registered on the other pastures; the highest feeding value of the pastures was observed in Autumn and the lowest in Summer. XVI