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http://hdl.handle.net/10174/10995
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Title: | Navegação, Comércio e Relações Políticas: Os Portugueses no Mediterrâneo Ocidental (1385-1466) |
Authors: | Barata, Filipe Manuel Miranda Themudo |
Keywords: | Historiografia Comércio do mediterrâneo Sociedades comerciais Navegação e comércio |
Issue Date: | 1994 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | "Sem resumo feito pelo autor"; - PORTUGAL E O MEDITERRÂNEO NA HISTORIOGRAFIA -
Numa história de Portugal publicada há cerca de uma década, Joaquim Veríssimo Serrão questionava-se acerca da razão da falta de vestígios da presença de mercadores portugueses no Mediterrâneo na Baixa Idade Média, que intuía ser bastante importante (1). Anos antes, já Maria José Trindade tinha feito afirmações semelhantes (2) e mostrava-se esperançada em que, um dia, fosse possível conhecer a actividade e destino desses homens.
Em boa verdade estas afirmações não eram totalmente rigorosas, pois, alguns trabalhos, entretanto publicados, já tinham começado a revelar a importância desse comércio, assinalavam as fontes a utilizar e esboçavam até as primeiras conclusões.
Em 1956, num interessante artigo, Jacques Heers apontara alguns aspectos da presença portuguesa no Mediterrâneo (3). Utilizava como fontes uma série de escrituras notariais italianas do mais variado tipo, assim como livros de entrada e saída de mercadorias da cidade de Génova.
Em resumo, este autor chamou a atenção para o facto de que, na segunda metade do século XV, os navios nacionais eram habituais frequentadores dos portos italianos, em especial
Gênova e Porto Pisano. Os portugueses ter-se-iam mesmo especializado na realização de fretes por conta de genoveses para as ligações com o Norte de África e, para os florentinos, também procediam a uma notável actividade transportadora. Um pouco ao contrário de um comércio mais especializado dos vários navios de outras nações atlânticas, os navios nacionais desenvolveriam uma actividade mais variada por todas as rotas desse mar interior.
O mesmo autor defendeu (4) que, numa primeira fase, eram os mercadores italianos que controlavam os preços dos fretes, por faltar capacidade económica e financeira aos mercadores e proprietários de navios portugueses. Tal situação inverter-se-á quando o açúcar carregado na Madeira permitir assegurar uma parte substancial dos lucros do transporte. Em termos de trocas comerciais, até então, em concorrência com outras regiões, Portugal só tinha possibilidades de oferecer couros e pouco mais. Quando o reino começou a multiplicar a sua oferta, ainda segundo Jacques Heers, estava já a desenhar-se a decadência de vastas regiões do Mediterraneo Ocidental.
Estas actividades económicas do século XV, lembra ainda o autor, devem ser articuladas com uma forte presença militar portuguesa na região mediterr^ca, em regra o tradicional corso, e com as frequentes deslocações que enviados do rei.
e eclesiásticos realizavam a várias cidades italianas por motivos muito variados, e que dão uma imagem de contínuas relações de Portugal com o Mediterrâneo Ocidental e Cen-tral.
Posteriormente, Jacques Heers ainda voltaria a este tema, esboçando num artigo as linhas de competição comercial. entre Portugal e Génova no século XV (5).
Um outro trabalho, ou melhor, conjunto de trabalhos, que merece uma referência especial, foi o desenvolvido pela falecida Virgínia Rau desde a década de Sessenta. Esta professora, associada a um grupo de investigadores italianos, entre os quais se destacava Federigo Melis, envolveu-se
num projecto de levantamento de fontes medievais
res-
peitantes a Portugal e existentes em arquivos italianos. Lamentavelmente, a morte desta historiadora não só não lhe permitiu desenvolver o seu trabalho, como, ainda por cima, a maior parte desses elementos, recolhidos com tanta persistência, parecem ter desaparecido (6).
Da utilização dessas fontes de origem italiana, ficaram alguns artigos, na maior parte dos casos bastante interessantes, e que davam uma ideia das potencialidades do que fora já encontrado. Em cerca de dez artigos espalhados por várias revistas (7), Virgínia Rau estuda aspectos muito
variados das relações económicas, políticas e diplomáticas medievais de Portugal com Génova e outras cidades italianas. Ao mesmo tempo, em alguns desses artigos, pás a descoberto as ligações que grupos e companhias de mercadores estrangeiros desenvolviam no reino.
A sua morte impediu-a de continuar a trilhar os caminhos, bem mais difíceis mas que já tinha iniciado, como a elaboração de algumas biografias de homens de negócios, sobre os quais tinha já acumulado bastante material, como ela própria confessa num desses artigos (8).
Ainda para as relações com as várias cidades-estados italianas foram dadas à estampa uma ou outra obra que merecem referência. Assim, numa tese de licenciatura apresentada há anos na Faculdade de Letras de Lisboa, Maria Judite Damas debruçou-se sobre os italianos que, durante a Idade Média, viviam em Portugal (9), embora as conclusões a que chegou sejam bastante gerais. O facto do seu trabalho ser exclusivamente baseado em fontes portuguesas, escassas, não permitia, aliás, muito mais. Desta tese ficou, porém, a confirmação da importância, na época medieval, da presença, em Portugal, da comunidade e dos interesses italianos.
A esta tese devem juntar-se um conjunto de artigos, de dimensão, relevância e até temática muito variada, cujos
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autores aproveitam, em regra, conferências e colóquios para dar conta de aspectos parcelares dos seus trabalhos. Eles englobam estudos da actividade, em Itália, de eclesiásticos, embaixadores e emissários dos reis portugueses, esboços biográficos de nobres, como os filhos de D. João I, que, de alguma maneira, mantiveram correspondência com moradores em cidades italianas e análises de aspectos particulares das relações diplomáticas e políticas com a referida região (10).
Se este é o panorama no que respeita ao comércio medieval português com cidades italianas, para o resto do Mediterrâneo Ocidental a situação é, provavelmente, pior.
As relações económicas com Castela e os outros antigos rei-- nos peninsulares durante os séculos XIV e XV, mereceram uma atenção muito pequena por parte da historiografia nacional. Luís Adão da Fonseca foi um desses raros autores que se, debruçou sobre alguns desses temas. Num conjunto de obras abordou alguns aspectos da presença portuguesa no Mediterrâneo Ocidental em geral e em Aragão em particular (11)…… |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/10995 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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