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http://hdl.handle.net/10174/8112
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Title: | A identidade do psicoterapeuta à luz do diálogo entre a pessoa e o papel social |
Authors: | Tavares, Sofia |
Editors: | Pimentel, Adelma Franco, Vitor |
Keywords: | psicoterapeuta identidade dialógica |
Issue Date: | 2011 |
Publisher: | Edições Aloendro |
Abstract: | A literatura empírica devotada ao psicoterapeuta enquanto objeto de um considerável número de estudos no campo da psicoterapia encontra-se maioritariamente organizada em duas grandes linhas, tendo em conta a forma como aborda a relação entre a vida pessoal e o papel ocupacional destes profissionais. Por um lado, a convicção de que as dimensões pessoais do terapeuta desempenham um papel importante nos resultados obtidos por intermédio da terapia tem sido a base de uma grande quantidade de pesquisas. O conhecimento empírico acumulado nesta área, ao longo de mais de meio século de investigação científica em psicoterapia, parece confirmar que os atributos do terapeuta influenciam de algum modo a capacidade para desempenhar eficazmente o papel de psicoterapeuta: alguns psicoterapeutas obtêm efeitos mais positivos do que outros que obtêm efeitos mais modestos, sendo que, haverá ainda alguns que prejudicam o nível de ajustamento da pessoa (Garfield, 1995; Lambert & Bergin, 1994; Lambert & Ogles, 2004; Lambert & Okiishi, 1997). Uma outra área de estudos (muito menos) desenvolvida tem procurado as consequências pessoais do exercício da atividade terapêutica. Também aqui, os resultados produzidos sugerem que a vida pessoal do psicoterapeuta sofre a influência – nalguns casos positiva, noutros negativa – do trabalho psicoterapêutico (e.g., Farber, 1983; Goldberg, 1986; Guy, 1987; Guy & Liabone, 1986; Radeke & Mahoney, 2000; Kottler, 2003).
Qualquer uma destas linhas de pesquisa tem subjacente uma lógica unidirecional, no sentido em que, ou versa a influência dos atributos pessoais do terapeuta nos resultados da terapia ou o impacto do trabalho terapêutico na vida pessoal do terapeuta. Assim, qualquer uma delas negligencia o contexto sociocultural e os sistemas idiossincráticos de significado que envolvem a relação entre a “pessoa” e o “papel”.
Neste texto é apresentada uma proposta de reconceptualização da tradicional relação entre a “pessoa” e o “papel” do psicoterapeuta, assente nos pressupostos teóricos de uma identidade dialógica – centrados no processo de significação da experiência pessoal e nas interações sociais, interpessoais e intrapessoais implicadas neste processo. De forma sucinta, desta perspetiva, as características pessoais do terapeuta e os aspetos específicos da sua prática profissional exercem os seus efeitos de forma mútua e interativa. No limite, o psicoterapeuta é uma pessoa que desempenha o papel social de psicoterapeuta; uma pessoa que constrói a sua identidade enquanto psicoterapeuta ao longo das posições e escolhas pessoais que, de forma mais ou menos implícita, vai fazendo por entre a multiplicidade de discursos e práticas existentes acerca da profissão. Para além disso, quando alguém começa a atuar sob este papel profissional, essa pessoa inicia um processo de organização ativa das experiências ocupacionais (e necessariamente pessoais), perante o que lhe é socialmente sugerido, enquanto, simultaneamente, modela o próprio papel social. Por conseguinte, não se entende o ser psicoterapeuta como matéria de influência pessoal sobre o papel ou o contrário, em vez disso, assume-se como recíproca a relação existente entre a pessoa e o nível sociocultural (i.e., ser psicoterapeuta é ser necessariamente uma pessoa diferente através deste papel), e coloca-se o foco no processo de auto-organização da pessoa que adota a identidade social de psicoterapeuta. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/8112 |
Type: | bookPart |
Appears in Collections: | PSI - Publicações - Capítulos de Livros
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