Exclusão à Excelência: Caminhos Organizacionais para a Qualidade da Educação

Abstract

Desde a sua fundação, em março de 1990, a Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural (AEPEC) tem conseguido realizar de dois em dois anos o seu congresso científico-pedagógico. Esse compromisso tem sido mais difícil de cumprir nos últimos anos, sobretudo a partir de meados da última década, por motivos diretamente relacionados com o seu enfraquecimento institucional e o desinvestimento geral - político, económico e social - na Educação. Com efeito, as dificuldades que já estiveram na origem da sua fundação, e consequente extinção do “Projecto Escola Cultural” - precisamente em 1990 -, têm vindo implacavelmente a acentuar-se, vindo a atividade da Associação a acusar cada vez mais fortemente os seus efeitos. Em todo o caso, temos conseguido sempre, no concernente aos congressos, superar essas dificuldades. Todavia, se é verdade que temos realizado os congressos - ainda que por vezes com menos fulgor e vitalidade do que era nosso timbre e continua a ser a nossa vontade -, é certo que nem sempre temos sido capazes de editar e publicar os trabalhos científicos consequentes.

Algo aconteceu de novo com o XI Congresso. Até agora, a equipa realizadora tem sido constituída por elementos dos órgãos sociais e por sócios da AEPEC escolhidos pela direção, no quadro da decisão de base previamente tomada pela assembleia geral. Desta vez, um grupo de jovens estudantes de Ciências da Educação da Universidade de Évora tomou a iniciativa, junto da direção, de próativamente se propor ajudar-nos a pôr de pé o XI Congresso Científico-Pedagógico da AEPEC. O desafio que nos lançaram foi aceite. Pusemos mãos à obra. Determinámos o tema do Congresso, foi montada a Comissão Organizadora, e constituída e acionada a máquina operacional. O Congresso veio a realizar-se em setembro de 2010, na Universidade de Évora, que é, em boa verdade, a terra natal dos nossos congressos.

Em Évora se reuniu, entre 16 e 18 de setembro desse já saudoso ano de 2010, um número expressivo e cientificamente qualificado de dirigentes, sócios e em geral participantes - no seu conjunto, o universo dos congressistas - , o qual executou durante esses três dias um programa de análise e debate da problemática científico-pedagógica centrada no tema do Congresso - Da Exclusão à Excelência: Caminhos Organizacionais para a Qualidade da Educação. Esse grupo enfrentou os problemas com informação, frontalidade, rigor e pensamento crítico e mostrou que, mau grado o difícil momento por que passa a educação portuguesa - e europeia...; e planetária...; na verdade, civilizacional !... -, nós não abandonamos a tormentosa nau - tormentosa, mas nau-mater esperançosa para a humanidade - da aposta no investimento formativo do ser humano rigorosamente enquanto tal. Nós continuamos onde é nosso dever estar. Como os trabalhos que neste livro vão publicados demonstram, o cerne da crise em que estamos mergulhados está localizado, em rigor, não na "dívida soberana", que é a dos homens que des-governam o mundo por défice de autêntica educação - que não pode deixar de ser a educação comprometida com o futuro e o bem dos homens -, mas na "dívida humana", ou "dívida da humanitas", que é a dívida da essência humana. Dessa dívida é o nosso semelhante clamorosamente credor e não damos nem vemos sinais de se querer pagar-lhe. Ora a humanitas é o que todos devemos à humanidade. Sem nenhuma exclusão.

Tendes perante vós, participantes no XI Congresso da AEPEC, as Atas do mesmo. É-vos devido um afetuoso agradecimento da nossa parte. O Congresso não teria existido sem vós. Desejamos que um corpo mais largo de leitores venha a conhecê-las, pensá-las e discuti-las. Finalmente, é meu dever deixar expresso um vivo obrigado à equipa que tornou possível dar corpo a tudo: aos Professores Luís Miguel Sebastião, José Manuel Mata Justo e Jorge Bonito; aos estudantes da Universidade de Évora Hugo Rebelo, Hélio Salgueiro e Ricardo Monginho; ao Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora, no seu todo; ao Centro de Investigação em Educação e Psicologia (CIEP) da Universidade de Évora; ainda e finalmente - pelos apoios específicos concedidos -, à Fundação para a Ciência e a Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (FCT), à Fundação Eugénio de Almeida (FEA), à Câmara Municipal de Évora, à empresa Delta-Cafés e à Porto Editora. Manuel Ferreira Patrício