Da motivação à prática de escrita do aluno surdo do 1.° Ciclo do Ensino Básico: Perceções de elementos das Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI)

Abstract

A língua gestual portuguesa surge, no Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, como a primeira língua da comunidade surda estudantil, ao passo que a língua portuguesa (LP), na modalidade escrita, se assume como segunda língua. Para que um aluno se diga fluente nesta última, pressupõe-se que tenha adquirido conhecimentos suficientes para que possa não só planificar, transcrever e rever letras, palavras e frases, como querer fazê-lo. Esse conhecimento está programado para ter lugar durante o 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB) sendo que, no caso das crianças com surdez inseridas em Escolas de Referência para a Educação Bilingue (EREB), o processo de ensino-aprendizagem é posto em prática por profissionais que integram Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI). Alicerçado nos estudos desenvolvidos por Hayes (2012) e Ryan e Deci (2017), nesta tese, são analisados os dados recolhidos por entrevistas realizadas a seis elementos de seis EMAEI diferentes, inseridas em contexto de EREB, com o objetivo de conhecer as suas perceções acerca da motivação para a escrita da LP de alunos surdos do 1.º CEB, do processo de ensino-aprendizagem da LP escrita, da relação entre motivação e aprendizagem da LP escrita, bem como sobre a inclusão do aluno surdo na escola e na sociedade. Conclui-se que nem todos os elementos entrevistados estão de acordo quanto ao papel da motivação na escrita ou quanto aos processos de ensino-aprendizagem a adotar aquando da sua introdução no 1.º CEB bilingue, mas que todos entendem a escrita como fundamental para a total inclusão do surdo na sociedade. Depreende-se, portanto, que para que se promovam aspetos de cariz comportamental e de desempenho profícuos nos alunos surdos, possam vir a ser implementadas, no ensino bilingue, práticas que dediquem uma particular atenção a aspetos de natureza motivacional. From motivation to writing of the deaf elementary student: Perceptions of Support to Inclusive Education Multidisciplinary Teams (EMAEI) elements - Abstract: Portuguese Sign Language is, according to law decree n. º 54/2018 of July 6th, the first language of the deaf student community, whereas Portuguese (PL), in its written modality, comes across as a second language. For a student to be fluent in the latter, it is presumed that they have acquihired not only the sufficient knowledge to be able to plan, transcribe and review letters, words, and sentences, but to have the willingness to do so. This knowledge is programmed to be acquired during the 1st Cycle of Basic Education (CEB). In the case of deaf children enrolled in Reference Schools for Bilingual Education (EREB), the teaching-learning process is carried out by professionals who are part of Multidisciplinary Teams for Inclusive Education Support (EMAEI). Based on studies conducted by Hayes (2012) and Ryan and Deci (2017), this thesis analyzes data collected from interviews with six members of six different EMAEI, working within the EREB context, aiming to understand their perceptions regarding the motivation for writing in PL among deaf students in the 1st CEB, the teaching-learning process of written PL, the relationship between motivation and written PL learning, as well as the inclusion of deaf students in school and society. It is concluded that not all interviewed participants agree on the role of motivation in writing or on the teaching-learning processes to be adopted when introducing it in the bilingual primary education system. However, they all recognize writing as fundamental for the full inclusion of deaf individuals in society. Therefore, it is inferred that, in order to promote beneficial behavioral and performance- related aspects in deaf students, bilingual education may implement practices that pay particular care to motivational aspects.