Condições atmosféricas associadas a um incêndio florestal

Abstract

Um incêndio florestal resulta da combinação de alguns fatores que influenciam a propagação do fogo, nomeadamente as condições da superfície e da atmosfera do local. Analisou-se, neste estudo, as condições atmosféricas associadas ao incêndio que ocorreu na zona Centro de Portugal Continental, no concelho de Vila de Rei. Este incêndio florestal, que começou no dia 20 de julho de 2019 às 14h50m consumiu uma área total estimada em 9249 hectares num período de pouco mais de 12 horas. O trabalho é baseado no estudo da atmosfera a recorrendo ao modelo atmosférico Meso-NH, o qual foi inicializado e forçado com análises do Centro Europeu (ECMWF). A simulação foi configurada com dois domínios aninhados, um com uma resolução horizontal de 2500 m, e um domínio interno a 500 m. Neste trabalho, a grelha vertical contém 50 níveis seguindo a topografia. Para representar os principais processos físicos que ocorrem na atmosfera foram utilizadas parametrizações standard do modelo. Foram analisados os resultados horários produzidos pelo modelo, com início às 06h do dia 20 de julho no domínio maior e a partir das 12h também para o domínio menor. Os resultados mostram que, no dia 20, e sem considerar o efeito do fogo, a temperatura máxima do ar aos 2 metros esteve pouco acima dos 30ºC e a humidade relativa mínima do ar aos 2 metros rondou os 27.2% na área ardida. Durante a tarde e a noite, o vento predominou de Noroeste, com velocidades médias entre os 4.5 e os 6 m/s e com rajadas de vento até aos 12 m/s. O estudo mostrou que o vento foi o principal causador do aumento da área ardida num curto espaço de tempo, sendo este favorecido por efeitos orográficos do local.