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http://hdl.handle.net/10174/19139
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Title: | "A Escrita Negra de Vergílio Ferreira" |
Authors: | Lima, Maria Antónia |
Keywords: | Vergílio Ferreira Escrita Negra |
Issue Date: | 1-Mar-2016 |
Citation: | Lima, Maria Antónia. "A Escrita Negra de Vergílio Camões". Congresso Internacional Comemorativo do Centenário "Vergílio Ferreira - Entre o Silêncio e a Palavra Total, Universidade de Évora, 29 Fev. - 02 Mar., 2016. |
Abstract: | A ESCRITA NEGRA de VERGÍLIO FERREIRA
Maria Antónia Lima
Universidade de Évora/ CEAUL
Num tempo de crise existencial justificada pela permanente inquietação dos indivíduos perante um destino incerto, inseguro e imprevisível, gerador de constantes sintomas de desorientação e de vazio antropológico, surge decerto uma profunda identificação com a obra de Vergílio Ferreira, um autor que confessou não ter nascido para “escrever coisas alegres”, sendo o seu romance Para Sempre considerado um livro pessimista, negro e macabro. Títulos como Onde tudo foi morrendo revelam bem esta falta de vocação do autor para o optimismo literário, essencialmente resultante de Vergílio ter desde sempre sentido trazer dentro de si um “eu” que “é para morrer”, o que lhe concedeu profunda consciência do absurdo negro da existência e dessa “estúpida inverosimilhança da morte”. Daí que a sua análise da condição do homem em face do mistério da vida e da morte inevitavelmente se desenvolva através de uma escrita negra que recria a solidão cósmica com que grande parte dos seus duplos-narradores se debatem, partilhando uma visão negra também comum a muitos protagonistas do film noir americano alicerçado na ficção policial de autores como Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain. Como Vergílio, esta geração de escritores e realizadores, além de partilharem o mesmo interesse pela construção da narrativa cinematográfica e pela mútua contaminação entre literatura e cinema, buscavam a autenticidade das suas personagens através da construção de dramas inteligentes permeados de niilismo e fatalismo onde seres solitários e moralmente ambíguos deambulavam, revelando corrupções sociais e humanitárias tão comuns ao nosso tempo. Como Humphrey Bogart, um dos actores americanos mais conotados com o noir, qualquer personagem central de Vergílio Ferreira poderia muito bem ter concluído que “things are never so bad they can’t be made worse”. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/19139 |
Type: | lecture |
Appears in Collections: | LLT - Comunicações - Em Congressos Científicos Internacionais
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