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http://hdl.handle.net/10174/11605
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Title: | «A Censura como factor de formação e consolidação do Salazarismo: O caso do noticiário sobre política internacional na imprensa (1933-1935)» |
Authors: | Baiôa, Manuel |
Issue Date: | 2012 |
Citation: | Manuel Baiôa, «A Censura como factor de formação e consolidação do Salazarismo: O caso do noticiário sobre política internacional na imprensa (1933-1935)» in Fernando Martins (Coor.), A Formação e a Consolidação Política do Salazarismo e do Franquismo. As décadas de 1930 e 1940, Lisboa, Edições Colibri /CIDEHUS-UE, 2012, pp. 155-193. |
Abstract: | O quadro normativo pelo qual a “censura” se regia era pouco objectivo,
o que dava uma grande margem de manobra aos Serviços de Censura na sua
actuação. Face à flexibilidade do quadro normativo e a alguma arbitrariedade
e discricionariedade dos censores, a política governamental hierarquizada e
centralizada por Oliveira Salazar era fundamental na orientação e homogeneização
dos serviços de censura, que tinham uma estrutura exclusivamente
militar. A política governamental para a censura tinha um grau de plasticidade
e de adaptação à realidade rápida e eficaz, era pragmática, indo ao encontro
de uma ideia central do regime “saber durar”. Os Serviços de Censura
desempenharam um papel fundamental no controlo da opinião pública e na
homogeneização do pensamento das massas, fornecendo ao mesmo tempo
importantes informações ao governo sobre a situação real do país.
O sistema censório português premiava os jornais próximos do regime
que tinham menos notícias censuradas, menos atrasos de publicação e mais
anúncios governamentais, permitindo-lhes ter uma situação económica mais
próspera. Pelo contrário, os jornais adversos ao Salazarismo tinham mais
notícias censuradas, mais atrasos na publicação, mais suspensões e multas,
originando o fim de muitos deles, não por ordem directa dos serviços de
censura, mas por asfixia económica. Os jornalistas viam-se a todo o momento
confrontados não só com a censura prévia dos serviços governamentais,
mas com a censura paralela das chefias dos jornais e até com a sua própria
auto-censura, uma vez que tinham de colocar a todo o momento a seguinte
questão: “será que eles deixam passar isto?”99.
Através da censura das notícias internacionais podemos constatar qual
era a política do Estado Novo face aos problemas internacionais e face à
política em geral:
a) Defesa dos ideais autoritários que o aproximava dos regimes fascista e
nazi, no entanto é claro o afastamento da tendência totalitária deste último;
b) Atenção muito especial à evolução do regime espanhol, pela importância
que poderia ter na evolução do Estado Novo;
c) Critica cerrada ao regime soviético e à ideologia comunista;d) Afastamento claro dos ideais democráticos, socialistas e operários;
e) Defesa da “política para uma elite”, já que seria vedada à opinião pública
o conhecimento do evoluir dos acordos internacionais, das ameaças de
guerra e das situações revolucionárias. Procurava-se a «paz social» e o adormecimento
das tensões sociais.
A política de informação em relação aos temas internacionais desempenhava,
no período estudado, ainda um papel secundário. Estava dependente da política interna e mostrava por vezes dificuldade em definir objectivos
concretos de uma política a seguir. A atenção da censura concentrava-se
fundamentalmente nos problemas internos do país, tentando mostrar uma
sociedade despolitizada, pacificada, despojada de contradições e de dificuldades,
contribuindo assim para a manutenção do consenso social. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11605 |
Type: | bookPart |
Appears in Collections: | CIDEHUS - Publicações - Capítulos de Livros
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