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http://hdl.handle.net/10174/11209
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Title: | Olhares cruzados: a problemática da leitura em José Saramago e Philippe Sollers |
Authors: | Jubilado, Maria Odete Santos |
Advisors: | Buescu, Helena Carvalhão |
Keywords: | Olhares cruzados A problemática da leitura José Saramago Philippe Sollers |
Issue Date: | 2004 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | Foi objectivo desta dissertação esboçar uma reflexão comparativa em torno da problemática da leitura nos romances de José Saramago e Philippe Sollers. Para o efeito, analisamos as formas de representação narrativa e romanesca da leitura, que articulamos com um conjunto de questões centrais: (re)leitura, oralidade e viagem, que com ela tecem relações, apresentando uma coerência temática.
Esta reflexão sobre a problemática da leitura desenvolve-se ao longo de três partes, subdivididas em dois capítulos, intituladas: As Esferas da Leitura; A Leitura e a Oralidade e A Leitura do Espaço.
Na primeira parte centramo-nos sobre a instância receptora, convocando para o efeito as figuras quer do leitor real ou empírico quer do leitor fictício ou implícito. Deste modo, no primeiro capítulo (O Limiar do Leitor Real ou Empírico) desenvolvemos um estudo deste último, destacando a relevância da "zona paratextual" de que fazem parte o título, a prière d'insérer, o incipit e o desenlace dos romances. Nele, demonstramos como o aparelho paratextual é investido de uma funcionalidade que aparece associada à orientação da leitura do romance. Esta orientação também está patente no segundo capítulo (O Leitor Fícticio ou Implícito) através da emergência desta figura que é, antes de mais, um elemento com relevância para a estruturação do próprio texto e se configura, no caso dos autores em estudo, como personagem-(re)leitor e personagem-(re)escritor. No decurso deste capítulo, procuramos mostrar como o leitor fictício ou implícito é descrito pelo seu homólogo textual, o narrador, que o implica directamente pelo uso de vários nomes que a ele se referem, mas também pelo uso de pronomes pessoais e interpelações. Neste sentido, a representação do leitor fictício e da leitura constitui uma mais-valia para a interpretação da prática romanesca de Saramago e Sollers, na medida em que não só evidencia a importância de que se reveste a leitura nos seus romances, como também fornece pistas e orientações de leitura destinadas ao leitor.
Na segunda parte estudamos a forma como a oralidade interfere nos projectos romanescos saramaguianos e sollersianos, demonstrando a sua pertinência para o estudo da problemática da leitura. Para o efeito analisamos, no primeiro capítulo (A (Re)escrita da Oralidade), a presença tanto da auralidade (privilegiando a análise da leitura em voz alta) como da oralidade, através do estudo dos procedimentos que contribuem para a sua (re)construção, centrando-nos nos romances sollersianos e apenas pontualmente nos de Saramago, na medida em que estes serão objecto de um estudo mais alargado no segundo capítulo (Era uma Vez um Contador de Histórias) através da figura do contador de histórias. Aqui, procuramos demonstrar que a oralidade não se circunscreve apenas a um conjunto de procedimentos que visam estabelecer um cenário oral; ela é também um modo central de pensar e manifestar as relações com a alteridade, nomeadamente ao permitir ou mesmo convocar verdades históricas alternativas. Além disso, evidenciamos como, na produção romanesca saramaguiana, a (re)utilização de formas tradicionais da oralidade contribui de forma decisiva para a vitalidade da tradição da palavra depositária do povo português, assim como para utilizar e questionar determinadas convenções que são partilhadas com o seu homólogo, o leitor-ouvinte, sendo desta forma reactivadas e transformadas.
Na terceira e última parte desta dissertação, reflectimos sobre a questão da leitura, articulando-a com a viagem, de que serão estudadas, no primeiro capítulo (A Leitura como Viagem Topográfica), três vertentes complementares e inter-relacionadas entre si: a vertente da viagem física/geográfica, a da viagem em busca da identidade e a da viagem imaginária. Em relação à primeira verificamos a existência de uma viagem física/geográfica exterior por terra, pelo ar e por mar, empreendida por uma personagem-viajante. Na segunda vertente, analisamos uma outra viagem (em busca da identidade) que funciona como complemento da primeira, sendo agora experimentada pela personagem-viajante ao centro de si mesma. Veremos entretanto como também se trata de uma viagem pela (re)descoberta de determinados espaços e acontecimentos marcantes da história nacional. Finalmente a terceira vertente é dedicada ao estudo de um espaço simultaneamente de viagem, leitura e escrita: a biblioteca. No segundo capítulo (A Viagem através da (Re)leitura) desenvolvemos um estudo sobre a (re)leitura como espaço de viagem, mostrando como a prática intertextual pode tomar as modalidades figurativas da viagem. Esta última, mesmo se metafórica, assenta na competência intra e intertextual do leitor e radica numa revisitação crítica dos textos citados de modo explícito ou implícito. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11209 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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