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http://hdl.handle.net/10174/11181
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Title: | A maniera moderna |
Authors: | Silva, Filipe Rocha da |
Advisors: | Menéres, Clara Serrão, Vitor |
Keywords: | Maniera Modernidade Maneirismo Maniera e ideologia Neo-maneirismo |
Issue Date: | 2005 |
Publisher: | Universidade de Évora |
Abstract: | "Sem resumo feito pelo autor"; - "Somos todos, em diverso grau, revisionistas. " Francis Haskell, Past & Present in Art and Taste /Uma amiga, que é também uma historiadora de arte, Mary Beckinsale, que benevolentemente aceita que um leigo como eu escreva sobre o Maneirismo, perguntou-me de improviso como o definiria numa só palavra. Subitamente apanhado perante a dificuldade do problema de escolher entre as múltiplas definições que se passeiam através das páginas deste trabalho, só lhe consegui atirar com uma delas, que me pareceu englobar todas as outras: "contradição". Um opositor do conceito de Maneirismo, Michael Levey, reconheceu que "uma das vantagens em introduzir o Maneirismo sob o disfarce do Alto Renascimento seria que, artistas como Miguel Ângelo e Rafael seriam percepcionados como tendo, estilisticamente, vivido de forma menos esquizóide". O estilo destes artistas seria menos esquizóide, ou é o próprio conceito que permite incorporar variantes e componentes, mesmo que contraditórias? Se a minha amiga me tivesse perguntado se a dissertação era sobre o Maneirismo, ter-lhe-ia respondido que não: "É sobre o tempo." Interessado por este jogo de verdades e consequências e, parecendo-me que me tinha saído razoavelmente bem na primeira prova, comecei então a pensar o que seria o contrário de Maneirismo. Rapidamente, lá cheguei: A Arte "Naïve". Mas depois, a natureza contraditória do conceito começou a exercer sobre mim a sua função. Comecei a pensar primeiro em Bruegel. Depois conheci em Siena desenhos feitos por dois irmãos siameses' seiscentistas, "naif', que se deixavam tentar "por pinceladas cintilantes e velaturas delicadas" e também alguns pintores portugueses do século XVI e pensei: "Pode ser-se 'naïf' e ao mesmo tempo maneirista". Deixei então de tentar respondera a perguntas de algibeira. Os meus esforços para encontrar um método para uma Tese em Artes Visuais, que referirei detalhadamente, poderiam levara pensar que prezo menos os métodos das restantes áreas científicas ou que os acho menos adequados para falar sobre arte. Tal não acontece. Ao longo deste trabalho tive oportunidade de tomar contacto com o pensamento e o trabalho de campo de profissionais de outras áreas, e particularmente os historiadores. Estou extremamente sensibilizado pela importância do seu trabalho, sem o qual não seria viável pensar sobre o passado. Simplesmente, não é o meu. Sei que corro o risco apontado por Eugenio Battisti de interpretar as, manifestações artísticas do renascimento, "e pós-", "à luz de algumas experiências de hoje, isolando e abstractizando-as, privando-as portanto do seu verdadeiro conteúdo`. A autoconsciência do delito e a confissão espontânea talvez constituam, neste caso, uma atenuante. Este estudo, tal como uma pintura, poderia nunca estar concluído. Como diz Paul Valéry, "quanto mais avanço no processo de determinação (ou de descrição) de um objecto, tanto mais a sua parte escondida e não cognoscível se prolonga". Foi o que aconteceu. As minhas notas sobre nomes, assuntos, obras ou livros que eram importantes foram aumentando progressivamente ao longo do trabalho e atingiram o máximo no momento em que finalmente considerei que a sua parte visível constituía já um todo consistente e apresentável. Ao mesmo tempo, condicionalismos vários impedem sempre que se façam "démarches" necessárias, em função de outros valores prementes. Esta tese constitui assim, provavelmente, tal como outras, um gigantesco labirinto. Só que, ao contrário de Museus e exposições de sentido único, a que me referirei, aqui é possível sair por onde entrei e assim afirmar, com toda a certeza, que só conheço determinados corredores e cruzamentos deste labirinto e que não tenho a certeza se para além de onde fui existe(m) ou não saída(s). Como dizia Sperone Speroni em Discorsi sopra Virgílio de 1562 "visto que a poesia é feita de ornamento supérfluo e redundante, se o poeta trata poeticamente de múltiplas acções, o poema, para ser perfeito, crescerá até ao infinito. Tive o cuidado de ir deixando marcas onde ia passando para, como na história infantil, poder achar o caminho de regresso da floresta até à minha casa, a da Arte Contemporânea. Neste tipo de provas, um aspecto que, retrospectivamente, considero importante é a consciência que se ganha de que não é possível saber tudo. Tal facto não toma menos válidos, os conhecimentos ou associações de saberes que efectivamente se adquirem. Sinto-me um pouco como os meus antecessores, que se dirigiam a Roma, com uma bengala para andar e um caderno de esquissos para desenhar, no sentido de encontrar a Antiguidade, ou pelos menos se descobrir a si próprio, não sabendo muito bem qual das duas coisas esperar, ao virar da esquina. E não sabiam o que dizer quando, depois desta revigorante experiência, se voltavam novamente para os seus contemporâneos. Será no entanto destes encontros e desencontros que a Arte, a sua Teoria e a História que dela tratam, se vão fazendo. Se este método comparativo, a tipologia possível, revelou algumas potencialidades, gostaria de encontrar ou criar uma instituição que acolhesse e realizasse sistematicamente trabalho artístico de comparação entre períodos da história de arte diversos. Na realidade, não só me senti bastante confortável ao utilizar este instrumento, como falei com vários colegas com diversas formações de base interessados em comparações de outras épocas. É evidente, que se realiza já esta miscigenação entre épocas em nome de um objectivo comum, na especulação histórica ou artística por temas, como agora é muito habitual. No entanto, seria interessante levá-la também para um campo mais geral, via aberta neste caso pelo exemplo e pelo estudo pluritemático e transversal do Maneirismo artístico, caminho que aqui se tenta percorrer. |
URI: | http://hdl.handle.net/10174/11181 |
Type: | doctoralThesis |
Appears in Collections: | BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento
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