Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10174/11162

Title: O género na educação física: percepções de alunos e alunas do 1º e 2º ciclo do ensino básico
Authors: Pomar, Clarinda de Jesus Banha
Advisors: Neto, Carlos Alberto Ferreira
Keywords: Género
Estereótipos de género
Equidade de género
Diferenças de género
Educação física
Percepções do aluno
Issue Date: 2006
Abstract: O género, enquanto construção social e conteúdo fundamental do currículo oculto, encontra na Educação Física um dos seus terrenos privilegiados de construção e de acção. Esta problemática tem, porém, sido praticamente ignorada no nosso país, a nível investigativo, o que, cremos, tem dificultado a inovação pedagógica e a emergência de respostas adequadas ao desafio da inclusão, da diferenciação e da equidade, nomeadamente da equidade de género. Este trabalho surgiu, precisamente, neste cenário, ainda embrionário, com a pretensão de poder contribuir para o conhecimento e a compreensão do modo como os factores psicossociais medeiam os processos de ensino e de aprendizagem em Educação Física, procurando, nomeadamente, caracterizar as dinâmicas mediadoras que o género e os estereótipos de género podem estabelecer com as percepções e as atitudes dos alunos e alunas perante as actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física e os contextos de interacção criados pela forma de organização dos grupos de trabalho dessas actividades. O desenho do estudo foi sustentado em vários referenciais epistemológicos convergentes, com particular destaque para a perspectiva interpretativista, e foi estruturado tendo por base a utilização integrada de procedimentos metodológicos de orientação qualitativa e quantitativa. Assim, foram entrevistados cinquenta e dois alunos do 1° ciclo do ensino básico (vinte e seis rapazes e vinte e seis raparigas) e trinta e dois do 2° ciclo (quinze rapazes e dezassete raparigas), com o objectivo de conhecer e compreender as suas percepções em relação às vivências reais nas aulas de Educação Física, particularmente aquelas que diziam respeito à apropriação ao género e ao desempenho motor de rapazes e raparigas e de si próprio/a, nas actividades que os respectivos professores tinham previamente considerado mais importantes para a concretização dos objectivos dessas aulas. Este estudo estendeu-se também às preferências pelo tipo de constituição, em função do género, dos grupos de trabalho formados para a realização dessas mesmas actividades e à satisfação com as actividades da aula. As entrevistas (semi-estruturadas) foram suportadas na utilização complementar de instrumentos parcelares de recolha de informação, quer de natureza quantitativa quer qualitativa. Com o objectivo de gerir melhor a dinâmica das entrevistas e interpretar mais fielmente as afirmações das crianças, foram observadas as aulas sobre as quais cada entrevista iria incidir, registando a sequência das actividades e as opções estratégicas dos professores, no que diz respeito à formação de grupos de trabalho. Os resultados evidenciaram, de forma genérica, uma grande variabilidade nas percepções e nos fundamentos para elas apresentados pelos alunos e pelas alunas, o que tem como implicação manifesta a necessidade de reflectir sobre o grande desafio pedagógico que passa por procurar acomodar e dar resposta à individualidade no seio da diversidade e da pluralidade. Os conteúdos dos estereótipos de género revelaram-se, por outro lado, um recurso essencial na justificação das percepções da apropriação ao género e do desempenho motor nas várias actividades de aprendizagem das aulas, deixando os/as alunos/as antever, nas suas argumentações, concepções padronizadas, dicotómicas e complementares, perante o que é ser feminino e ser masculino. As variações encontradas nas percepções e seus fundamentos entre os/as alunoslas do 1° e do 2° ciclo repousavam sobretudo na natureza diferenciada das actividades de aprendizagem e nos processos de construção da identidade de género característicos destas idades. Outra inferência que se destacou foi o facto de os jogos colectivos terem sido das actividades de aprendizagem das aulas de Educação Física em que a diferenciação de género foi mais perceptível e onde se fez um uso mais explícito de argumentos estereotipados, focalizando o comportamento e as aptidões de cada género, bem como o relacionamento entre os géneros. Foi também perante estas actividades que as raparigas mais denunciaram e expressaram uma clara consciência das desiguais oportunidades de prática e sucesso provocadas pelas relações de poder assimétricas entre os gêneros, durante a realização dessas actividades. As conclusões deste estudo problematizam, em síntese, a tão recorrente presunção da neutralidade de género na Educação Física e fornecem elementos importantes para a discussão e o diálogo entre todos aqueles que se preocupam com a inclusão, a diferenciação pedagógica e a equidade, mais especificamente a equidade de género. 1,* /SUMMARY- Gender as a social construction and an essential part of the hidden curriculum finds in Physical Education a special place for its construction and action. Research in. Portugal, however, has almost forgotten this theme what we believe hasn't made easier neither the pedagogical innovation nor the appearance of adequate responses to the needs of inclusion, differentiation and equity, namely gender equity. This study emerged precisely in this context and its aims are to contribute to the knowledge and understanding about the way psycho-social factors mediate the teaching and. learning processes in. Physical Education. It tries to characterize the mediating role that gender and gender stereotypes play in students' perceptions and altitudes towards learning activities in the Physical Education class and the contexts of interaction that emerge from the way work groups are organized for those same activities. The study's outline was based in several converging epistemological referentials, specially the interpretive perspective and included quantitative and qualitative research procedures. Therefore, we interviewed 52 students (26 boys and 26 girls) from Basic Education- 1st grade, and 32 students (15 boys and 17 girls) from Basic Education-2nd grade, with the objective of knowing and understanding their perceptions concerning real experiences in the Physical Education class, specially those about gender appropriation and motor competence of boys and girls and of himself/herself, concerning the activities that teachers had previously considered as the most important for the accomplishment of those classes' aims. This study also focused on the students' preferences in forming work groups according to their gender, as well as students' satisfaction with class activities. The semi-structured interviews were supported by other sources or information, both quantitative and qualitative. The study's results revealed, in a general way, a variability in the boys and girls' perceptions and in their justification, which indicates the need to reflect on the pedagogical challenge of trying to accommodate and respond to the individuality among diversity. The content of the gender stereotypes revealed, on the other hand, an important argument in the students' justification of their perceptions of gender appropriation and of motor competence in the several learning activities in class, revealing, at the same time, in P their argumentation, standardized dichotomic and complementary conceptions, concerning what is "to be feminine like" or "to be masculine like". The variations found in the perceptions and in the perceptions' grounds among Ist and 2nd grade students derives, above all, from the differences in the nature of the learning activities and from the process of construction of gender identity in children of this age. We could also infer that, among class activities, the group games were the activity where the gender differentiation was most explicit and where students put into practice in a more explicit way the stereotyped argumenta, when focusing behaviour and the abilities of each gender, as well as the interaction between genders. It was also in these activities that girls showed and expressed a clear awareness of the unequal opportunities of practice and success achievement, caused by an unequal power relationship between genders, during these activities. The study's conclusions question the usual assumption of gender neutrality in Physical Education and disclose important elements for the discussion among all those who are concerned with inclusion, pedagogical differentiation and equity, especially gender equity.
URI: http://hdl.handle.net/10174/11162
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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