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Title: A apologia da cidade antiga: a formação da identidade de Évora (Sécs. XVI-XIX)
Authors: Rodrigues, Paulo Alexandre Rodrigues Simões
Advisors: Silva, Raquel Henriques da
Keywords: A formação da identidade de évora
Séculos xvi-xix
Cidade antiga
Apologia
Issue Date: 2008
Publisher: Universidade de Évora
Abstract: "Expandir, circular, higienizar e tipificar foram os princípios que determinaram o paradigma da cidade do século XIX, seja nas teorias e nos discursos acerca do espaço citadino, seja nos projectos concebidos e elaborados, seja nas transformações efectivamente operadas nas morfologias dos centros urbanos". Assim começava o primeiro texto que redigimos para o projecto da tese que agora encetamos, e cujo objectivo geral era fazer a história da cidade de Évora do século XIX, cruzando três eixos que considerávamos, e ainda consideramos, estruturantes no caso em estudo. Esses três eixos são a arquitectura construiria de raiz, as alterações na configuração do espaço urbano e os monumentos do passado. Anunciava-se particularmente estimulante a relação dos dois primeiros com o último, tendo em conta que Évora era uma cidade que pouco se havia alterado desde o século XVII, tendo permanecido contida dentro do seu perímetro amuralhado até à primeira década do século XX. Tal factor fazia adivinhar uma convivência complexa e difícil com o modelo de cidade moderna, tal como está enunciado na frase com que abrimos o parágrafo. As fontes e os estudos entretanto consultados vieram confirmar a nossa primeira percepção, desenhando uma conjuntura balizada em duas atitudes aparentemente opostas, no que diz respeito à forma como os eborenses do século XIX viveram a sua cidade. De um lado, percebe-se a atitude dos progressistas, defensores da modernização das infra-estruturas e dos equipamentos, com vista a conseguir uma cidade mais salubre, mas também mais bela, por via da introdução de melhoramentos nas principais ruas e praças, da construção de edifícios esteticamente actualizados e da criação de zonas verdes. Todas estas são medidas que implicariam o sacrifício de extensas parcelas da cidade histórica. Do lado oposto, detecta-se a atitude dos defensores dos monumentos que o passado lhes tinha legado, que não recusavam a modernidade, mas que a desejavam mais contida e respeitadora da história e da arqueologia. Este conflito está subjacente, em diferentes graus, nos trabalhos de Maria Domingas Simplício (O espaço urbano de Évora: contributo para melhor conhecimento do sector intra-muros, 1987, e Evolução e morfologia do espaço urbano de Évora, 1997), António Carlos da Silva (A "restauração" do templo romano de Évora, A Cidade de Évora, 1994-95), Joana Cunha Leal (Giuseppe Cinatti. 18081878. Percurso e obra, 1996), Maria da Conceição Marques Freire (Rossios do significado urbano: um caso de estudo. O Rossio de Évora, 1999), Maria da Conceição Lopes Aleixo Fernandes (Os "restauros" e a memória da cidade de Évora. 1836-1896, 1998), Carmen Almeida (Riscos de um século. Memória da evolução urbana de Évora, com a colaboração de José Maria Pinto Barbosa, 2001, e Évora – Objectos Melancólicos, 2005) e Manuel J. C. Branco (A defesa do património construído de Évora. Cunha Rivara, Filipe Simões, Gabriel Pereira e Túlio Espanca, em Monumentos, 2007). O confronto entre "progressistas" e "arqueólogos" ou "antiquários", como se apelidavam mutuamente as facções em confronto, foi, de facto, uma característica do Portugal Oitocentista. Assim o comprovam as centenas de textos da época, divulgados pelos estudos de Lúcia Rosas (Monumentos Pátrios. A Arquitectura Religiosa Medieval – Património e Restauro, 1995), Maria João Neto (Memória, Propaganda e Poder. O Restauro dos Monumentos Nacionais, 2001), Maria Helena Maia (Património e Restauro em Portugal, 2007), assim como o que apresentámos como dissertação de mestrado (Paulo Simões Rodrigues, Património, Identidade e História, 1998), entre outros. No entanto, ao encetarmos a nossa própria investigação, deparámos com uma realidade mais complexa, sobretudo no que respeitava aos chamados "progressistas". Relativamente a Évora, parecia haver uma integração da conservação e do restauro dos mais importantes monumentos históricos da cidade nas políticas de melhoramentos materiais. Esta atitude aponta para uma tentativa de compromisso e não para uma total indiferença, relativamente à preservação monumental. Chegou-se a utilizar, inclusive, um discurso apologético do passado da cidade, para justificar as reformas que se desejava implementar, ou até mesmo as já implementadas. Foi no sentido do aprofundamento dessa linha de interpretação, que orientámos já os estudos que desenvolvemos sobre Évora, e que publicámos a partir de 2000: Giuseppe, Cinatti e o restauro do templo romano de Évora, em A Cidade de Évora, 2000; Évora, urbanismo e arquitectura: os projectos para o Bairro Cenáculo, em A Cidade de Évora, 2001; Architecture and engineering practice in the second half of the nineteenth century. The pioneers of a new tradition (com Maria Helena Souto), em Pride & Predesign, 2005; Em busca da cidade perdida. Condição e destino dos monumentos históricos eborenses (1834-1920), em Évora Desaparecida. Fotografia e Património. 1839...1919, 2007; Restaurar para renovar na Évora do século XIX (com Ana Cardoso de Matos), em Monumentos, 2007; Urbanismo, arquitectura e monumentos nacionais na Évora Oitocentista: balanço historiográfico, em Seminários de Estudos de Arte: Estados de Forma 1, 2007; "A fixação da imagem da cidade na origem do conceito de património urbano: o exemplo de Évora". em Arte Teoria, 2007. Esta atitude, também presente nos "progressistas", parecia derivar de uma poderosa consciência da importância do passado de Évora, com origem numa tradição historiográfica e arqueológica que remontava ao século XVI e que tem sido amplamente estudada. Veja-se, a título de exemplo, as obras de Rafael Moreira (A Arquitectura do Renascimento no Sul de Portugal, 1991) ou Sylvie Deswarte (11 "Perfeito Cortegiano". D. Miguel da Silva, 1989). Parecia ser nesse momento fulcral do seu passado que todos os discursos sobre a cidade começaram a partilhar dessa consciência histórica, em que se configura uma identificação plena de Évora com a ideia de urbe antiga e histórica. Uma antiguidade que se foi tornando na essência da cidade, uma verdadeira identidade. Verificá-lo despoletou uma alteração decisiva no nosso projecto, para a qual se revelou fundamental a orientação da Professora Raquel Henriques da Silva.
URI: http://hdl.handle.net/10174/11106
Type: doctoralThesis
Appears in Collections:BIB - Formação Avançada - Teses de Doutoramento

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