As “Autoridades” no Vocabulario
Portuguez e Latino (1712-1728)
de D. Rafael Bluteau
Maria Filomena Gonçalves
Universidade de Évora, Portugal
“AUTHORIDADE.
Lugar de um Author. Com que se
allega,
para confirmar huma cousa. Usa Cicero neste
sentido
de Auctoritas, assi no plurar, como
no singular”.
(Vocabulario, t. 1).
Apresentação
O objetivo deste
trabalho é contribuir para clarificar o conceito e a função da “Autoridade” na
estrutura lexicográfica do Vocabulario Portuguez e Latino
(1712-1728) de D. Rafael Bluteau (1638-1734), obra com qual é inaugurada a
lexicografia portuguesa. Apesar de não ser, em rigor, um dicionário monolíngüe,
é o primeiro grande conspecto lexical do português, nele cabendo um reduzido
papel à componente latina, como se infere do próprio título, tanto mais que ela
apenas está ao serviço da componente vernácula.
Graças ao manancial de
informação extralingüística disponibilizado nas
entradas, cuja estrutura e conteúdo tem caráter enciclopédico, o Vocabulario permanece até hoje um
autêntico alfobre tanto para o conhecimento da língua portuguesa na transição
de Seiscentos para Setecentos como para a reflexão metalingüística sobre aquele
período da história da cultura portuguesa. Com efeito, a apresentação de um
Catálogo de autoridades vernáculas, a anteceder a lista de “exemplares da boa
latinidade”, junto com as próprias referências, remissões e citações incluídas
na micro-estrutura demonstra em que medida a língua-alvo era
sobretudo o português. Entre os muitos aspectos relevantes da
macro-estrutura e da micro-estrutura da obra, sobreleva o tratamento dado às
chamadas “autoridades”, sejam elas antigas ou modernas. Segundo Verdelho[1], no Vocabulario fez-se uma
“opção por um modelo de
dicionário autorizado, locupletíssimo (dando entrada a todas as terminologias
técnicas e a um leque amplo de variedades – regionais, cronológicas e
sócio-profissionais), mas sem perder as características de um dicionário
essencialmente de língua, com recusa da informação específica dos dicionários
de história e de nomes próprios”.
O valor das Autoridades
manifesta-se não só na inclusão de um paradigma autoral dentro da
micro-estrutura do Vocabulario, mas
também na sua macro-estrutura, que compreende distintos textos prefaciais e
posfaciais, consagrados quer à reflexão teórica, quer à identificação dos
Autores citados ao longo da obra. O Autor forrageou autoridades nacionais para
ombrearem com os autores da Antiguidade, arquitetando assim o discurso
apologético da língua portuguesa que perpassa todo o Vocabulario, afinando pelo diapasão desse grande leit-motiv da historiografia lingüística
portuguesa. Sem se alhear da produção lexicográfica anterior, apesar das
críticas que lhe dirige, posto que cita Jerónimo Cardoso, Agostinho Barbosa, e
vários outros dicionaristas da produção latino-portuguesa, D. Rafael Bluteau
sobreleva todos pela preponderância dada à vertente vernácula da obra e pelo
registo de todas as formas de variação[2]. Dos vários aspectos inovadores das
concepções e da prática dicionarística de Bluteau (Hassler, 1997) sobressai,
além do “Catálogo de Autores Portuguezes”, a exemplificação vernácula com a
qual o autor constitui um corpus de
referência para regular o uso da língua.
O Autor do Vocabulario Portuguez e Latino
Rafael Bluteau nasce em Londres, no ano de 1638, de
pais franceses com o apelido Chevalier. Com seis anos, vai para Inglaterra, onde depois virá a adoptar o apelido do Lorde Blutaw, que
havia acolhido a família[3]. Na época de formação passa pelo
Colégio de La Flèche, em Paris, e pelo Colégio dos Jesuítas,em
Clermont, tendo freqüentado as Universidades de Verona, Roma e Paris. Ingressa
na ordem dos teatinos em 1661[4]. Chega a Portugal em 1668,
granjeando também aqui a reputação de notável pregador que trouxera de
além-Pirineus. Conforme refere no Vocabulario,
no Prólogo ao Leitor Mofino (Bluteau, 1712), de 1697 a 1704 esteve retirado em
França. De regresso a Portugal, durante dez anos ficará em reclusão no Mosteiro
de Alcobaça, onde concluiu o seu Vocabulario.
Depois de uma longa e produtiva vida, morre em Lisboa a 13 de Fevereiro de
1734.
A Obra
Bluteau deixou uma obra
religiosa, as Primicias Evangelicas, ou
sermões panegyricos (1676), e as Prosas
Portuguezas[5], publicadas em 1727 e 1728, e onde
estão recolhidas algumas das suas intervenções nas “Conferências Discretas e
Eruditas”, realizadas em casa de D. Francisco Xavier de Meneses, 4º Conde da
Ericeira, em cujo círculo intelectual se destacou o teatino, dando a conhecer
obras francesas como a Art Poétique
de Boileau, e assumindo no seio daquela Academia um decisivo papel na renovação
ideológica do “Portugal gongórico”[6]
cuja marca emblemática é a linguagem do Vocabulario
de Bluteau. Equiparável à dimensão física da obra, a opulência lingüística,
sobretudo lexical, dela emanada reflete a ostentação material e a mentalidade
do reinado de D. João V, sob cujos auspícios foi publicado Vocabulario. Com efeito, nele se detectam várias conexões entre a
língua e a cultura portuguesa no período joanino. O Vocabulario Portuguez, e Latino
(1712-1728), apresenta-se em 8 volumes in-fólio, completados pelos dois do
Suplemento (igualmente in-folio), sendo que apenas os dois primeiros volumes
foram dados à estampa em Coimbra e os restantes em Lisboa[7]. As datas de publicação indicam a
morosidade do processo, decerto relacionada com a dispendiosidade da obra: vol.
1 (1712), vol. 2 (1712), vol. 3 (Coimbra, 1713), vol.
4 (Coimbra, 1713), vol. 5 (Lisboa, 1716), vol. 6 (Lisboa, 1720), vol. 7
(Lisboa, 1720), vol. 8 (Lisboa, 1721).
O oitavo volume, que vai
da letra T à letra Z (Zytho), inclui alguns textos de grande valor metalingüístico
e historiográfico, com paginação autônoma:
O Diccionario Castellano y Português para facilitar
a los curiosos la noticia de la lengua Latina, con el uso del Vocabulario
Portuguez y Latino (Impresso en Lisboa por orden del Rey de Portugal D. Juan V)
precede dicho diccionario, un discurso intitulado, Prosopopeia del idioma
Português, a su hermana la lengua Castellana; Y a este discurso se sigue una
tabla de palabras Portuguezasa, mas remotas del idioma Castellano (Lisboa, Off.
de Pascoal da Sylva, 1721, p. 1-189).
Os volumes que compõem o
“Supplemento”, datados respectivamente de 1727 (Officina Joseph Antonio da
Sylva) e de 1728 (Na Patriarchal Officina da Musica), contêm algumas peças relevantes para a questão da
codificação linguística em Setecentos, assim como para a historiografia
relativa à época, além de darem testemunho sobre o diálogo interlingüístico
entre o português e outras línguas, européias e extra-européias, como se vê no
já referido Diccionario Castellano y
Portuguez, destinado a hispano-falantes, situação a que não será estranha a
formação multilíngüe do Autor. A este “Vocábulario Castelhano-Português”,
acresce uma série de outros vocabulários, que vão dos sinônimos até às
linguagens especializadas[8]: o “Vocabulario de Synonymos, e
Phrases Portuguezas"[9],
o “Vocabulario de termos proprios e metaforicos, em materias analogas”, o
“Vocabulario de Vocabularios Portuguezes, Castelhanos, Italianos, Francezes, e
Latinos com a Noticia dos Tempos, e Lugares, em que foraõ impressos”.
“Auctoritas” e
“Autoridade”
O conceito de “Autoridade” remonta, como é sabido, à
“Auctoritas” ciceroniana em cuja tradição se fundam os modernos. A “auctoritas”
correspondia ao mérito ou valor lingüístico-literário dos autores, sendo
dilucidada ou determinada em função de um conjunto de critérios. Junto com
Cícero, vários outros autores latinos passaram a incorporar a lista dos Antigos
que respaldavam os autores modernos. Se é certo que a
referência e a citação fazem da construção e transmissão do saber de todos os
tempos – veja-se o papel das “autoridades” evocadas por Santo Isidoro nas
Etimologias –, sendo bem verdade que desde a Antiguidade ocorrem referências e
citações, mais ou menos vagas ou completas, em todo o gênero de obras
(filosóficas, religiosas, literárias, gramaticais, etc.), constitutivas do
chamado “horizonte de retrospecção” (Auroux, 1986, 11), ou seja, do conjunto de
referências anteriores, não deixa de ser menos verdade que a “autoridade”, no
domínio lexicográfico, adquire uma função legitimadora. A invocação do nome de
um autor, com ou sem citação[10], serve, de fato, para sancionar uma
etimologia, uma definição ou um uso linguístico passível de discussão por
pertencer ao “diferencial linguístico do português”[11].
Assim sendo, na história dos dicionários, as “autoridades” adquirem uma
importância acrescida, porquanto legitimam as abonações presentes nas entradas,
ao mesmo tempo que são fiéis depositárias do próprio corpus lingüístico-literário do qual é
retirada a exemplificação. Por outro lado, além de ter profundas implicações na
questão da recepção das idéias e no discurso metalingüísticos, a questão das
“autoridades” entronca no complexo problema das fontes explícitas e não
explícitas dos dicionários, razão pela qual o dicionário sempre foi um lugar de
eleição para a circulação de idéias e valores, indiciando tendências, modas e,
até, inovações.
A apologia do vernáculo,
assim como a dos autores que nele produziram, sobressai desde logo na portada
do Vocabulario, quando o Autor
acrescenta, depois do extenso título, e em maiúsculas, “AUTORIZADO COM EXEMPLOS
DOS MELHORES ESCRITORES PORTUGUEZES, E LATINOS”. Bluteau assume,
declaradamente, o modelo de dicionário autorizado, vale dizer, um vocabulário
em que as abonações são retiradas dos escritores escolhidos para esse efeito,
com relevo para os Modernos, tanto mais que estes antecedem os Antigos na
enunciação do frontispício. Com efeito, o estatuto dos Antigos obedece e
confirma a estratégia seguida na estrutura (macro e micro) do próprio
Vocabulário. Os Antigos não são, em boa verdade, o escopo do lexicógrafo, tal
como não o é o Latim, pois aqueles e este ficam secundarizados em nome do
enaltecimento dos méritos da língua moderna e dos seus representantes,
conquanto isso não invalide o habitual papel tutelar do Latim face ao
Português.
Por isso mesmo, têm
particular importância os textos em D. Rafael Bluteau reflete
sobre os “Autores” referidos ou citados, pondo de manifesto os critérios de
seleção, nem sempre escorados no uso lingüístico ou no valor literário ou
retórico dos mesmos. Os textos em causa são o “Catálogo de Autores Portugueses”
e a lista dos “Antigos autores Latinos, Exemplares da boa Latinidade”. Às
observações teóricas de Bluteau nos dois catálogos, junta-se
a análise da função das autoridades no âmbito da própria micro-estrutura
lexicográfica do Vocabulario.
Função e tratamento
das autoridades
É de salientar que o
próprio Bluteau define, no vol. 1 do Vocabulário, o conceito de “autoridade”.
Amparado numa citação latina de Cícero, sem indicação da obra ou lugar, remete
o autor para os significados “Poder, credito, força, peso”. De acordo com a
prática corrente nestas obras, a citação é destacada por meio de itálico, tipo
reservado para esse efeito. Sempre apoiado em Cícero, a
fonte que o “autoriza”, aponta Bluteau exemplos das várias acepções, conforme
se vê a seguir:
Homem
de muyta authoridade. (Cicero)
Homens,
que tem pouca authoridade. (idem)
Homem,
que não tem authoridade alguma. (idem)
Já não
tem authoridade. (idem)
Tem
sobre mim a mesma authoridade. (idem)
Andais
perdendo a vossa authoridade. (idem)
Deminuir
a authoridade de alguem. (idem)
Para
mim tem muyta authoridade. (Cicero em varios lugares)
Perder
a authoridade. (Cicero)
Elle
tem a authoridade do Senado.
Para que
tivesse mais authoridade. (Cicero)
Se eu
tivera nisto bastante authoridade sobre elles. (Cicero).
Bluteau destaca ainda
outras formas correlatas, colocadas em entradas separadas, em maiúsculas, sendo
indicados contextos de ocorrência, conforme se mostra abaixo:
“AUTHORIDADE”
corresponde ao “Lugar de um Author, para confirmar huma cousa. Usa Cicero neste
sentido de Auctoritas, assi no plurar” “AUTHORIZADAMENTE. Com gravidade.
(expressão latina correspondente)”.
“AUTHORIZADO. Que tem authoridade, poder, &c.
(expressão latina) + remissão V. Authoridade.”
“Não ser muyto authorizado. Expressão latina (Cícero)
“Authorizado.
Confirmado com a doutrina de algum Author”.
“AUTHORIZAR. Dar authoridade a alguem. + expressão
latina (Cícero+ Plinio+Horácio). Confirmar huma cousa. Usa Cicero neste sentido
de Auctoritas, assi no plurar, como no singular”.
Tal como é apresentada
pelo teatino, a definição de “autoridade” continua hoje a integrar o arcabouço
filológico, visto que a acepção de “autoridade” figura nos dicionários como
“Texto de un literato reputado que apoya la exactitud de una definición
lexicográfica”[12].
A noção de autoridade remete, pois, para confirmação ou a exatidão da
informação abonada.
De acordo com as
acepções contidas nas definições acima transcritas, o termo “autoridade”
engloba quer o autor propriamente dito, quer a citação
do(s) texto(s) usada, quer, ainda, a validação de conceitos ou definições ou a
sanção de certo uso lingüístico ou etimologia.
Note-se que a
micro-estrutura destas entradas inclui um paradigma definicional seguido de uma
autoridade, correspondendo esta à citação latina de Cícero e à referência
abreviada do autor e lugar. No caso de “authorizado”, Bluteau remete para
“authoridade”. Em “authorizar”, recorre a três autores: Cícero, Plínio e
Horácio. A partir destes exemplos, não será difícil concluir-se que a obra
lexicográfica, por via da citação das autoridades, na linha da tradição antiga
e medieval, é por definição um discurso de intertextualidade e de
transtextualidade, na medida em que se abrir ao diálogo com obras precedentes.
A avaliar pelas definições e pela organização da micro-estrutura, sempre que se
trata de lexemas relativos mundo conceptual, religioso ou
filosófico, por exemplo, Bluteau tende a amparar-se mais nas Autoridade
latinas, ao invés do que se verifica com lexemas relacionados com o plano
material ou prosaico, em que dá voz e crédito às Autoridades Modernas. Assim
sendo, a Autoridade antiga apoia a acepção geral, enquanto que a acepção
específica ou especializada, a mais importante na língua vernácula, é
sustentada por um autor moderno.
De fato, na estrutura do
vocabulário ou dicionário, a “autoridade” consiste precisamente na convocação
de autores precedentes, tanto da literatura como de obras congêneres, o que
implica a distinção entre “dicionários autorizados” e “dicionários não
autorizados”, visto uns fundarem as definições lexemáticas em exemplos
retirados dos autores tidos como referência, ao passo que os outros se limitam
a fornecer a definição, sem muitas vezes apontarem sequer a etimologia da
palavra. Esta destrinça de ordem teórico-conceptual, com notórias implicações
ao nível da técnica e da prática lexicográfica, vale dizer, na própria macro e
micro-estrutura do Vocabulario, leva
Bluteau a fazer uma reflexão crítica sobre a produção lexicográfica européia
precedente e a sua contemporânea, para depois estabelecer a distinção entre
dicionários “verbaes” e os dicionários “históricos”, quando esclarece:
Muita differença vay de Dicconarios Historicos aos que
chamo verbaes; estes ensinaõ o uso das palavras, aquelles dão noticia das
pessoas. Diccionarios Historicos envolvem, e resovlvem os tempos passados, e
trazem à memoria os sucessos de todas as idades, as
fundaçoens, augmentos, e declinaçoens dos Reinos, e das Republicas; o
principio, e a extinçaõ das familias, e geralmente tudo o que pertence à
Religião, às cerimónias, ao governo, aos costumes, aos acontecimentos da
guerra, e da paz, á Critica, e partos do engenho, às virtudes, e vicios dos sujeitos mais celebrados da Fama, aos
jogos, trunfos, e festas dos Antigos, aos Legisladores, e suas leys, e
finalmente em tudo o que anda registrado em Annaes, em Fastos, em Relaçoens, em
Decadas, e em todas as memorias da prisca, e moderna Chronologia”, acrescenta
depois: “Finalmente de Vocabularios verbaes taõ differentes saõ Diccionarios
Historicos, que nestes se aprende só o que os homens fizeraõ, e naquelles se dà
conta de quanto Deos fez, e actualmente faz no governo do mundo.
O modelo de “Diccionario Historico” é fornecido por
Moreri (1643-1680). O modelo de dicionário verbal ou de língua é constituído
pelo “Diccionario Francez” de Furetière. Estas são as fontes lexicográficas de
Bluteau.
Entre os textos prefaciais
do Vocabulario[13], nos quais Bluteau trata de
aspectos respeitantes à técnica lexicográfica, conta-se o “Catálogo
Alphabetico, Topographico e Chronologico dos Autores Portuguezes (citados pella
mayor parte nesta obra)”. Esta indicação pressupõe uma escolha prévia de
autores considerados os
“melhores”.
Quais foram esses critérios ? Serão critérios de natureza literária,
lingüística ou retórica ? Terão sido levados em consideração outros
critérios que não estes ?
À semelhança do Prólogo[14], também o “Catálogo de Autores
Portugueses” é acompanhado dos adjetivos especificadores: “Alphabetico”,
“Topographico” e “Chronologico”. Segundo palavras do próprio Bluteau, é
“Alphabetico, pella disposiçam dos Autores pellos seus nomes proprios, segundo
a ordem das suas letras iniciaes”; “Topographico, com a declaraçam da Cidade,
& officina, em que o livro foi impresso”; e é “Chronologico,
pella noticia do anno em que sahio á luz”. Intrínseca à própria definição de
Vocabulário, a ordenação alfabética está presente no Catálogo. De acordo com as
reflexões feitas por Bluteau, não é difícil gizar os pressupostos da concepção
e da técnica dicionarísticas. Muitas destas considerações já haviam sido
expendidas ao longo do extensíssimo Prólogo dirigido a diferentes categorias
psicológicas de “leitor”. Das idéias lingüísticas que percorrem esse Prólogo
sobressai a apologia do português, que sai valorizado
das comparações sistemáticas não só com outras línguas modernas, como o
Francês, o Italiano ou o Castelhano, como também com o próprio Latim, numa
permanente oposição entre Moderno e Antigo, Nacional e Estrangeiro, Português e
Latim, Português e outros vernáculos. É o que conclui da referência à pobreza
dos Latinos como modelos de autoridade em matérias técnicas ou especializadas,
as chamadas “novas Artes, engenhos, & instrumentos”, não obstante existirem
obras de referência para a Agricultura, a Arquitectura, a Medicina e a História:
Na Architectura sò temos a
Vitruvio, na Agricultura a Columella, Varro, & Catão, na Medicina a
Cornelio Celso, & se não tiveramos a Historia natural de Plinio, ficaria a
Lingoa Latina muda no meyo das maravilhas da natureza. Em todas as mais
materias temos poucos, ou nenhuns Autores Latinos; ou porque as ignoraram, ou
porque não deixaram memoria dellas; & os que escreverão despois da
corrupçam da Latinidade, foram obrigados a suprir com Periphrasis, ou com
termos inventados, a falta
das palavras proprias; & finalmente despois de tantos seculos, que a Lingoa
Latina he lingoa morta, com a invençam de novas Artes, engenhos, &
instrumentos, todos os dias se vai descobrindo mais a sua pobreza (Catálogo)
Isso explicará, por
outro lado, o apurado labor de Bluteau na confecção de pequenos Vocabulários especializados,
publicados no 2º vol. do Suplemento. Eles correspondem à tentativa de
dicionarizar quer o mundo das “Artes e Ofícios & Instrumentos”, quer as
realidades ultramarinas[15], para as quais os Latinos, enquanto
horizonte de retrospecção do léxico comum ou tradicional, não
tinham respostas. Disso são exemplo os Vocabulários que visam preencher as lacunas
da lexicografia latino-portuguesa daquele tempo: “Vocabulario de nomes de
plantas tomados do latim, e do grego para evitar circunlocuçoes”; “Vocabulario
de termos de cavallaria. Termos pertencentes a pessoa do Cavalleiro”;
“Vocabulario de termos commummente ignorados mas antigamente usados em
Portugal, e outros, trazidos do Brasil, ou da India Oriental, e Occidental”;
“Vocabulario de Palavras e Modos de Falar do Minho, e Beira, &c. Cuja
noticia naõ veyo a tempo de se lhe dar o lugar alfabetico neste Supplemento”;
“Vocabulario de Titulos de Dignidades Ecclesiasticas”; “Vocabulario de Artes
Nobres, e Mecanicas com titulos Portuguezes, e Versos Latinos”; “Vocabulario de
Varios Officios da Republica, com Titulos Portuguezes e Versos Latinos”. Afora
o interesse destes vocabulários para o léxico específico neles recolhido, eles
exprimem o interesse de Bluteau pela vertente intrinsecamente vernácula da língua
portuguesa, visto neles dar cabimento a toda uma série de palavras e expressões
que, embora não pertençam aos registos mais cultos e polidos da língua,
constituem o seu arcabouço genuinamente popular, razão pela qual o autor cita
autores que, segundo as suas palavras, “offendem a pureza da Lingoa
Portugueza”. Por via desta estratégia lexicográfica, ainda que sem assumir
explicitamente esse objetivo, Bluteau disponibiliza uma panóplia de registos e
níveis lingüísticos, além de cumprir o escopo primordial de fornecer ao leitor
um conspecto lexical tão completo quanto possível. A tudo isto acresce o
evidente nacionalismo lingüístico saído da pena de um estrangeiro que adotara o
português.
A adjetivação posta ao
serviço do confronto dos recursos e meios existentes no português e no Latim é
inequívoca quanto à valorização e enaltecimento do primeiro:
Latim |
Português |
Neste particular, com
grande detrimento do Orbe litterario, faltarão os Antigos Romanos, porque
excepto na Arte Oratoria, Historica, ou poetica, em que com admiravel
apuraram a penna Cicero, Quintiliano, Julio Cesar, suetonio, Tacito, virgilio, Ovidio, & alguns outros no reinado dos dozes
Cesares, em que floreceo a Latinidade; nas artes Liberaes, & Medcas, a
penas temos dous, ou tres Autores, que para a pureza da Lingoa Portugueza nos
possam servir de modello.” |
Pelo contrario a
Lingoa Portugueza, como lingoa viva, sempre vai enriquecendo, & já he taõ
abundante, & opulenta, que em todas as materias tem ricos termos. Era antigamente
a Lingoa Portugueza tam pobre, como o forâm todas as mais lingoas nos seus
principios; sô nas folhas de alguns livros Historicos; ou Predicativos sahia
singelamente á luz; mas com as obras de muitos Autores teve successivamete
tão preciosos ornatos, que não tem, que envejar às mais elegantes Lingoas da
Europa o seu luzimento. |
Língua morta Muda Corrupçam da Latinidade Antigamente |
Língua viva Enriquecendo Abundante & opulenta Ricos termos em todas as materias |
Ao optar por um “Vocabulario
autorizado pelos exemplos dos melhores escritores portugueses”, Bluteau confere
aos autores nacionais um papel relevante na elucidação de muitos dos problemas
então discutidos em torno da norma lingüística, ao nível fonético-fonológico,
gráfico, e também lexical, descrevendo o português como verdadeiro diassistema Os Autores servem
para autorizar a inclusão de lexemas implicados no objetivo de estratificação e
de normalização lingüística, uma vez que o Autor tem em vista distinguir
estratos cronológicos, sociais e estilísticos dentro dos vários usos,
correspondentes aos adjetivos aplicados à hierarquização das palavras no âmbito
dos estratos referidos: “antigas, antiquadas & desusadas” (estrato
cronológico), “escuras, & Greco-Latinas ou peregrinas”, “muito cultas”,
cultas e “vulgares”. Reveladora de uma tensão sociolingüística na sociedade de
inícios de Setecentos, a avaliação de formas concorrentes leva ao
estabelecimento de padrões de aceitabilidade em conformidade com a hierarquia
acima referida.
A partir de um critério
de escolha por vezes casuístico, o autor descreve a função dos autores no
quadro dos objetivos (meta)lingüísticos da obra:
De todos os Autores Portuguezes, que me vièrão á maõ,
fiz este catalogo, não sò para credito delles, mas para autoridade deste
Vocabulario, porque rara he a palavra, menos vulgarmente usada, ou termo
scientifico, & extraordinario, que não venha autorizado com algum exemplo,
& juntamente com citaçam da pagina no livro do Autor allegado.” Além da terminologia técnica e científica, as autoridades
servem de elucidação quanto significado de “palavras vulgares” e de termos
“corriqueiros e chulos.
A esse propósito, refere ainda
Bluteau o seguinte:
Atè das palavras, mais vulgares muitas vezes trago
exemplos, paraque conste do sentido, em que forão usadas;L & não he
superflua esta curiosidade, porque sobre o significado de termos corriqueiros,
& chulos, muitas vezes se levantaõ controversias, que sò com o exemplo de
algum Autor se decidem.
Em síntese, a inclusão
de autoridades reveste-se de uma dupla função: validar o conteúdo das entradas
e das abonações lexemáticas, por um lado, e, por outro, promover esses autores,
conferindo-lhes “crédito” enquanto modelos de uso lingüístico e literário. Tal
validação assenta em critérios históricos, sociais, dialetais ou estilísticos,
derivados da avaliação feita pelo Autor, e insere-se na discussão então em
curso sobre a normalização da língua, ou seja, a sua codificação[16]. Tornava-se por isso necessário
recorrer a “toda a casta de Autores”, cuja “qualidade” (i.e. valia), embora
variável, era imprescindível, pelo menos para elucidar, exemplificar e
autorizar termos técnicos ou relativos a certos ofícios, objetos ou práticas:
“Não pretendo, que os ditos autores sejam todos igualmente de boa nota”.
Protegendo-se das críticas de leitores zelosos da “pureza da língua”, Bluteau
justifica a inclusão de autores de estilo menos “elevado” no fato de eles serem
os únicos depositários de termos relacionados com domínios especializados, quando
observa:
[...] as palavras que delles tirei, me pareceram
dignas de alguma noticia, ou por antiquadas, & desusadas; ou por escuras,
& Greco-Latinas; ou por peregrinas, & muito cultas: de todas ellas era
necessaria alguma declaraçam; das antiquadas & desusadas para a
intelligencia de Escrituras & livros antigos; das escuras, &
Greco-Latinas, para o entendimento de Autores peritos na arte, ou sciencia, em
que escrevem; & das peregrinas, & muito cultas, para a imitaçam, &
uso dellas no estilo levantado, poetico, ou Oratorio.
Quer a abundância de
entradas lexemáticas, tradutora da riqueza lexical e semântica da língua
portuguesa, quer a cópia de autoridades, mostrando a variedade dos escritores portugueses,
visa desenganar as nações e as pessoas, sobretudo os críticos de serviço, que
ainda considerassem o português “um idioma pobre, inculto, barbaro, &
casualmente formado de fragmentos da Lingoa Mourisca, & Castelhana”. Isto
confirma que tanto a concepção lexicográfica como as opções técnicas e
discursivas do Autor estão eivadas de um espírito apologético do vernáculo
português. Mas o texto introdutório do Catálogo dos 300 autores portugueses
expressamente apontados por Bluteau faz ainda referência aos “bons Autores” e
aos “maos autores”, além de criticar o império das modas, numa evidente
denúncia de práticas sociais e lingüísticas daquela época:
Tambem naõ fiz escrupulo de allegar com alguns Autores,
que com algumas palavras offendem a pureza da Lingoa pureza da Lingoa
Portugueza; porque nestes taes achei termos, & vocabulos, muito proprios.
Assim naõ há autor tam bom, em que naõ haja, qu condenar; assim como naõ há mao
Autor, em que se naõ ache, que louvar. De huns, & outros he necessario
colher, o que tem de melhor. Muito devemos á fineza, dos que se cançàram, para
nos instruirem, ainda depois de mortos. Para a Posteridade mais aproveita a
lhaneza de quem escreve, aindaque sem muito alinho, do que desconfiança de huns
Criticos, que oppilados da sua sempre abafada erudiçam, nem bem, nem mal
escreveram.
E remata da seguinte maneira:
A boa locuçaõ he como o bom parecer; este com o tempo passa, & sò nos retratos vive; &
daquella só os livros sam os retratos, em que permanece. Por isso Neste
Catalogo naõ há lugar, para os que fallam bem, & naõ compoem.
As “Autoridades” em
vocabulários especializados
Como referido acima, o Vocabulario Portuguez & Latino tem a
peculiaridade de incluir, no final do seu 8º volume e nos dois do
“Supplemento”, pequenos vocabulários especializados. Além de manifestarem a
notável erudição do Autor, estes revestem-se de um
duplo valor lingüístico e historiográfico, dado constituírem, no seu conjunto,
um raro e valioso inventário dos conhecimentos disponíveis na época. Quanto às
artes, ofícios e instrumentos de variados domínios da técnica e da ciência,
opina que neste “genero de noticias sempre (lhe) pareceraõ mais versados os
professores de Artes fabris, e mecanicas do que os homens nobres no exercicio,
e ministerio de seus cargos, o officios”. Bluteau é norteado por um claro
objetivo utilitário – servir os intelectuais e os “práticos” –, ao
disponibilizar, de forma fácil, um abundante rol lexical e informativo que, até
à data, não estava reunido em português. Ao dicionário confere Bluteau o papel
de organizador do mundo objetivo e real, ao ponto de
os “objectos” e o conhecimento de pouco servirem, se não estiverem organizados
alfabeticamente. A esse propósito, observa o monge teatino:
Mas sem Vocabularios, para com termos significativos,
e proprios discursar em todas as materias, de que servem a todas as Naçoens
estas materias ? Diccionarios Historicos saõ Albattos
de pessoas; Diccionarios de Linguas, ou por outro nome diccionarios verbaes saõ
Alfabetos de palavras; sem palavras que podem os Autores dizer das pessoas ?
O conceito de
“Diccionario Verbal” (o autor usa a expressão no plural) é esclarecido e
ampliado por Bluteau nos seguintes termos:
Pelo contrario em bons Diccionarios de Linguas, ou
(como jà lhes chamey) Verbaes, (se achaõ todas as disciplinas com os termos, de
que usaõ, alfabeticamente explanadas; apparecem descripçoens das plantas, dos
animaes, dos insectos, dos Mineraes, dos metaes, das pedras brutas, e finas,
das drogas naturaes, e artificiaes; nestes Theatros da locuçaõ
, e da erudicaõ fazem seu papel a Theologia moral, e Escolastica, a
Jurisprudencia civil, e Canonica, a Geometria, a Geografia, Hydrografia, a
Astronomia, a Gnomica, a Musica, a Optica,
a Catoptrica, a Diaptrica, a Perspectiva, a Pintura, A escultura, a
Arquitectura civil, e militar, a Statica, Tactica, a Pyrotechnica; a estas se
ajuntaõ a Nautica, a Caça, a Altenaria, ou Alta volateria, a Pesca, a Armeria,
a Rhetorica, e a Poesia com suas etymologias, com adagios, e termos de naçõesn
do Oriente, e do Occidente tirados das Relaçoens, que ficaram de curiozos, que
por terras estranhas andaraõ.
Mas o lexicógrafo também
é movido pelo modelo de outros povos e línguas, em particular a França e o
francês, ou não sustentasse aquele país, no século XVIII, o baluarte da
produção lexicográfica européia. É o que conclui do chamado “Vocabulário de
Vocabulários”, peça de singular valor filológico e historiográfico, porquanto
permite saber quais os dicionários que Bluteau conhecia, de quais dispunha ou,
pelo menos, a cuja informação tinha tido acesso. Nele o monge teatino faz o rol
dos Vocabulários, Dicionários, Glossários, Thesouros, Jardins, Onomásticos,
Inventários, e Índices Universais de que conseguiu deitar mão. A extensa lista
demonstra que as fontes lexicográficas do autor terão sido, além dos
Vocabulários Latinos, os franceses, os castelhanos e os italianos. Esta
conclusão assenta no fato de serem estes os mais referidos ao longo do Prólogo
da obra e aqueles que tomou como modelos. Não restam dúvidas quanto ao muito
que o Vocabulario Portuguez e Latino
deve a Furetière, como confessa Bluteau no texto preambular do “Supplemento”,
tanto mais que o padre teatino envereda pela linha enciclopédica, adotada antes
dele pelo lexicógrafo francês no “Dictionnaires Universel, contenant
généralement tous les mots français tant vieux que modernes et les termes des
arts et des sciences”, publicado em 1690. Nesta obra encontrou Bluteau um
modelo de eleição para o Vocabulario Portuguez e Latino, como se
conclui do espaço concedido à variação diacrônica do léxico e à componente histórica, inclusive geográfica, cuja valorização faz do Vocabulario o antecedente português da
Enciclopédia. Paralelamente, o objetivo de autorizar, em nome da descrição
sincrônica, mesmo os termos de baixa extração, os chamados “vulgarismos” ou
“plebeísmos”, demonstra que da descrição do léxico português, nos seus vários
registos e níveis, não eram excluídos os termos social
e estilisticamente menos polidos ou adequados em nome do decoro e da pulcritude
da linguagem.
Apostila final
Situado entre a produção
latino-portuguesa renascentista e a lexicografia moderna[17], o Vocabulário Portuguez e Latino de D. Rafael Bluteau confirma-se a
cada nova leitura e nos vários níveis como um autêntico manancial de dados e
informações de natureza lingüística, além de ser um texto indispensável na
historiografia da língua portuguesa no trânsito de Seiscentos para Setecentos,
como poderá concluir-se das reflexões metaligüísticas subjacentes à macro e à
micro-estrutura da obra, assim como das opções feitas em matéria de concepção e
técnica lexicográfica, explicitadas quer nos textos prefaciais, quer nos
Suplementos, agregados ao “dicionário verbal”, a modo de complemento da
informação nele contida.
Embora não possa
dissociar-se das condições e do espírito da época em que foi produzido[18], trata-se sem dúvida de um dos mais
importantes conspectos do léxico português de todos os tempos. Bluteau preparou
e publicou o Vocabulario num contexto
histórico e social, e também pessoal, que só por si permitirá explicar a
dimensão e a opulência desta obra magna, não obstante ser estrangeiro: a vida
econômica do Reino, ou não tivesse sido o reinado de D. João V, a quem dedica a
obra, caracterizado pela ostentação, estava cada vez mais dependente do Brasil,
com a conseqüente atrofia do tecido produtivo, substituído pelo comércio
ganancioso; no plano artístico, continuava a imperar o barroco, devido a
fatores conjunturais a que não serão alheios o espírito inquisitorial e o peso
da Igreja Católica, para já não referir o fato de a obra se situar num período
pré-iluminismo, logo, de incipiente mudança das formae mentis. Assim se explica, por um lado, o estilo afetado de
Bluteau, e, por outro, o tratamento de determinadas matérias, sobretudo as
relacionadas com a renovação científica, sem prejuízo de uma componente
popular, plasmada quer nas formas e expressões que exemplificam os níveis da
variação lingüística, quer nos ditos e adágios apresentados pelo lexicógrafo
para ilustração daquelas. Para concluir, é de sublinhar que se a singular
capacidade de avaliar as formas e níveis lingüísticos coloca Bluteau num
destacado lugar da história da língua, em particular da diacronia e da dinâmica
lexicais, também é claro que nele tem a lexicografia portuguesa um verdadeiro
patrono, situação tanto mais curiosa quanto se trata
de um estrangeiro que abraçara como seu o estandarte da apologia e promoção do
vernáculo português em todas as suas vertentes diassistemáticas.
[1] Cf. VERDELHO,
Telmo. Portugiesisch: lexicographie (Lexicografia). Lexixon
Romanistischen Linguistik
(LRL), Tübingen, v. VI, n. 2, 1994.
[2] Cf. THIELEMANN, Werner. Língua culta – palavras
antiquadas – plebeísmos. A linguagem e a sociedade portuguesa na época do
Marquês de Pombal. In: Século XVIII:
século das luzes – século de Pombal. [s. l.]: Werner Thielemann, 2001. p. 51-97.
[3] MÜHLSCHLEGEL,
Ulrike. Lexicografia española y portuguesa de los siglos XVII y XVIII: las
citas lexicográficas en los diccionarios de Covarrubias, Moraes Silva y de las
Academias española y portuguesa. In: Actes du XXII
Congrèss International de Linguistique et Philologie
Romanes – des mots aux dictionnaires. Tübingen: Niemeyer, 2002. p. 145.
[4] Cf. SILVA,
Inocêncio Francisco da. Diccionario
bibliographico portuguez. Lisboa: Imprensa Nacional, 1862.
p. 42-45.
[5] Cf. GONÇALVES,
Maria Filomena. Notas sobre as Prosas
Portuguesas de Rafael Bluteau e a historiografia lingüística do século
XVIII, Revista de Filologia e Lingüística
Portuguesa, São Paulo, n. 5, 2002.
[6] Cf. CIDADE,
Hernâni. Lições de cultura e literaturas
portuguesas. 7. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 1984. p.
39. v. 2.
[7] Cf. ALMEIDA,
Justino Mendes de. Lexicógrafos da língua latina em Portugal – VII. Revista de Guimarães, v. 89, n. 1/2, p.
23-4, 1969.
[8] Cf. VERDELHO,
Telmo. Terminologias na língua portuguesa. In: La
história dels llenguatges iberoromànics d'especilitats. (segles XVII –
XVIII). Barcelona: Antártida, 1998. p. 89-131.
[9] Cf. VERDELHO.
Evelina. Lexicografia sinonímica portuguesa: o Vocabulário de Synonimos, e Phrases, de Rafael Bluteau e o Ensaio sobre Alguns Synonymos, do
Cardeal Saraiva. Biblos, p. 171-221.
[10] Cf. MÜHLSCHLEGEL, op. cit.
[11] Cf. THIELEMANN, op. cit., p.
58.
[12] Cf. LÁZARO
CARRETER, Fernando. Dicionário de
términos filológicos. Madri: Gredos, 1990. p. 68.
[13] Cf. GONÇALVES, Maria Filomena. O Prólogo e o
Catálogo de Autores do Vocabulário
Português e Latino: as idéias lingüísticas de Bluteau no contexto da
historiografia da língua portuguesa. Estudos
Diacrônicos do Português, Araraquara, n. 7, 2002.
[14] Cf. PIRES, Lucília Gonçalves. Prólogo e
antiprólogo na época barroca. In: Para
uma história das ideias literárias em Portugal. Lisboa: [s. e.], 1980. p. 31-57.
Cf.
GONÇALVES, op. cit.
[15] Cf. HOEPNER, Lutz. Iluminismo
na lexicografia portuguesa (do descobrimento do Brasil ao Vocabulário de Bluteau). In: Século
XVIII: século das luzes – século de Pombal. [s. l.]: Werner Thielemann,
2001. p. 143-69.
[16] Cf. MARQUILHAS, Rita. Rafael Bluteau e a
ortografia no século XVIII. Caminhos do português. Exposição comemorativa do
Ano Europeu das Línguas. Lisboa, 2002. CATÁLOGO.
[17] Cf. VERDELHO, op. cit.
[18] Cf. MARQUILHAS, op. cit. p.
113-4.