untitled-jpg A crônica jornalística como dispositivo na educação de jovens e adultos: um estudo de caso Chronic journalistic as a teaching device in youth and adults education: a case study ÂNGELA BALÇA, MARIA DE NAZARÉ ROCHA Universidade de Évora Portugal Resumo: Este artigo busca compreender o uso da crônica jornalística entre alunos jovens e adultos numa Escola Estadual da periferia de Belém (Brasil). Realiza-se uma intervenção no currículo vivenciado na escola sob a ótica dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A pesquisa contou com a participação de trinta e dois alunos distribuídos em duas turmas “A e B”, ambas com dezesseis estudantes. No enfoque metodológico abordaram-se contributos de natureza quantitativa e qualitativa, utilizando a observação, o questionário, a entrevista e a análise de conteúdos. Os resultados revelaram critérios positivos nas crônicas produzidas pelos alunos da turma A e negativos nas crônicas dos alunos da turma B. Palavras-chave: escola; ensino. currículo; crônica; jornalismo. Abstract: This article aims to understand the use of chronic journalistic among students and young adults in a state school on the outskirts of Bethlehem (Brazil). An intervention was made in the school curriculum. Thirty-tow students participated, divided into two classes, A and B, both with sixteen students. Analysis was both qualitative and quantitative using observation, questionnaire, interview and analysis of content. The results show positive outcomes in the chronicles produced by students in the class A and negative outcomes in the chronicles of the students in class B. Keywords: school; teaching; curriculum; chronicles; journalism 1. Introdução A educação do Brasil tem sido alvo de muitas discussões e críticas. Desde sempre procurou-se melhorar a qualidade do ensino com a criação de projetos e programas educativos instituídos, que até o momento não obtiveram o sucesso desejado. Pertinente a essa questão tem-se discutido muito como se direcionam as práticas docentes em sala de aula fundamentadas no “quando” e no “para que avaliar”. Paralelo a esse contexto, o presente artigo desenvolve-se a partir de uma dissertação de mestrado que analisa a prática curricular das aulas de língua portuguesa mediante uma intervenção, envolvendo a crônica jornalística na Educação de Jovens e Adultos (EJA). O interesse do tema surgiu a partir de observações realizadas no cotidiano escolar, no momento em que percebemos que os alunos traziam para as aulas jornais diários e faziam questão de ler as crônicas neles contidas. Então, surgiu a reflexão - como atender esses alunos com uma proposta que pudesse viabilizar esses interesses e colocá-los como sujeitos dos seus próprios conhecimentos. Assim, considerando a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), de que as aulas devem ser adequadas à realidade de cada comunidade, pareceu-nos que a crônica jornalística poderia ser explorada nesse contexto, porque partia de fatos vivenciados no dia-a-dia dos jovens e adultos, residentes num bairro periférico de Belém, e abordava a linguagem real da maioria dessas pessoas. Os PCN esclarecem que para as práticas das aulas, os gêneros textuais devem ser agrupados, segundo a função social. Na realidade não é o que acontece em nossas aulas de língua portuguesa. Temos conhecimento de que a prática dos PCN, na maioria das vezes, só ocorre no papel e a aprendizagem dos alunos limita-se ao conhecimento de regras isoladas, o que não permite uma prática efetiva de trabalhos com textos. Baseando-nos na noção de gênero proposto por Bakhtin (2003, p. 262) segundo o qual os gêneros correspondem “a tipos relativamente estáveis de discursos que cumprem com uma função social”, pretendemos mostrar novas estratégias de abordagens do ensino de língua portuguesa em sala de aula, propondo um estudo sobre a crônica jornalística como dispositivo de ensino na EJA. Ainda, de acordo com Bakhtin (2003: 262) “a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório dos gêneros do discurso”. Desse modo, acreditamos que o trabalho docente, por meio do gênero enfocado neste artigo, ajusta-se a visão bakhtiniana, uma vez que a crônica jornalística corresponde a um evento discursivo ligado a uma importante esfera da atividade humana: a imprensa. Como se vê, a crônica jornalística constitui-se em um rico dispositivo didático, em virtude da sua importante função social e de todos os aspectos lingüísticos e textuais mobilizados na construção do discurso narrativo, o que a torna um objeto de ensino eficiente nas aulas da EJA. 2. Revelando a literatura: referencial teórico Partindo da concepção de Silva (1999:103) sobre a lingüística textual, a crônica se enquadra na narração, pois o que se pretende é contar, apresentar os fatos, os acontecimentos, os personagens atuam como figurantes e compõem o ambiente; o narrador – observador não pode deixar escapar nenhum detalhe das atitudes dos personagens. Neste sentido, a adoção do gênero do discurso “permite que o professor possa ter parâmetros mais claros acerca do que deve ensinar e do que deve avaliar, e por outro lado, os alunos também podem ter maior clareza do que devem saber ou do que devem aprender” (Barbosa, 2000: 155). Enquanto isso, Koch e Vilela (2001: 537) consideraram que não existe gênero “puro”, porém cada gênero se aproxima de um tipo padrão de discurso que tem uma função comunicativa. Desse modo, a tipologia de textos caracteriza-se por um conjunto de traços: “as propriedades comuns de uma dada classe de textos e a maior ou menor presença dessas propriedades num dado texto, aproximando-o ou afastando-o do modelo”. Segundo Koch e Vilela (2001), a narrativa compõe-se de três momentos discursivos: “a situação inicial, a transformação e a situação final”. Para estes autores, esses critérios são indispensáveis para a produção de um texto. A crônica jornalística por apresentar características que são evidenciadas na narrativa, retrata os fatos do passado. O tempo presente aparece na maioria das vezes como metáfora temporal. Já os elementos coesivos são percebidos devido a existência de um ator estável: “a repetição lexical, a sinonímia lexical, a elipse, e recurso a todas as possibilidades da determinação” (Koch e Vilela, 2001: 552). O tempo marcante é o passado, especificamente o pretérito perfeito, pois trata de fatos já ocorridos. 2.1 A linguagem ou enunciado presente na crônica jornalística No início do século XIX, vários lingüistas tentaram explicar a função comunicativa da lingüística. Afirmaram que a língua era um elemento indispensável para a comunicação do homem, mesmo que este se isolasse de todos e vivesse na eterna solidão. Pensando na língua como essencial à expressão do mundo individual do falante, Bakhtin (2003: 270) explicou que “a língua é deduzida da necessidade do homem de auto-expressar-se, de objetivar-se. A essência da linguagem nessa ou naquela forma, por esse ou aquele caminho se reduz à criação espiritual do indivíduo”. Refletindo sobre o desenvolvimento positivo da linguagem dos alunos da EJA, principalmente no que se refere ao ensino de língua portuguesa, foi que os PCN justificaram que “um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui a escola a função e a responsabilidade de contribuir para garantir a todos os alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania” (PCN, 1998). Portanto a língua passa a ter valor substancial de acordo com a relação presente no ato da comunicação discursiva do falante com o ouvinte, que é sempre o receptor do discurso. Bakhtin (2003) estabelece que a comunicação é um ato discursivo e é composta por uma série de gêneros dos discursos que não podem ser de natureza única. No entanto, “não se deve, de modo algum, minimizar a extrema heterogeneidade dos gêneros discursivos e a dificuldade advinda de definir a natureza geral do enunciado”. De acordo com Bakhtin (2003) é no ato da comunicação que o ouvinte percebe e compreende o significado existente no discurso, passando a assumir uma atitude responsiva no diálogo. No caso da EJA, o que aproxima a crônica jornalística dos alunos é o fato de mostrar nas narrativas uma linguagem bastante conhecida e usada por eles no seu diálogo diário, além de mostrar acontecimentos e eventos que os próprios alunos possam ter presenciado. Citamos como exemplos as crônicas policiais, sociais e as crônicas futebolísticas. 2.2 O retrato da realidade: a crônica e o jornalismo Sodré e Ferrari (1986) consideraram a crônica como elemento pertencente à imprensa, e propuseram a crônica jornalística como um documento favorável para o estudo do cotidiano. Com o objetivo de atingir o mundo real e espiritual vivido pelo leitor, Sodré e Ferrari (1986) mostram que a crônica jornalística passa a transmitir um retrato da pura realidade. Com base nesta discussão, Flick (2004: 48) retrata como ponto de partida para a construção da realidade o texto como concepção de mundo, assim, nas construções textuais“são traduzidas as relações pressupostas: a experiência é traduzida para o conhecimento, os relatos dessas experiências ou eventos e atividades são traduzidos para o texto”. Logo, ao retratar a concepção de mundo no texto, o aluno se lembra das interpretações cotidianas baseadas em eventos reais. Atualmente, a preocupação da maioria dos historiadores está no fato da crônica jornalística ser considerada como uma fonte documental. Neves (1992) aponta dicas para se pensar na crônica como um elemento documental na investigação histórica: Documento na medida em que se constitui como um discurso polifacético, que expressa de forma certamente contraditória, um tempo social vivido pelos contemporâneos como um momento de transformações. Documento, portanto, porque se apresenta como um dos elementos que tecem a novidade desse tempo vivido. Documento, nesse sentido, porque imagem da nova ordem. Documento finalmente, porque monumento de um tempo social. (p. 76). A crônica se transforma num documento monumental quando num determinado tempo social se preserva a memória desse social. Neves (1992: 414) afirma que as potencialidades da crônica “são resultados diretos da própria transformação da sociedade na qual ela se funda e conseqüentemente, de tal gênero literário”. Desta forma, refletir a crônica pressupõe de imediato pensar a própria realidade do cronista, assim como seu papel de personagem-autor que sempre procurou documentar nos registros relatados. Nesse contexto, a importância do jornal enquanto meio de comunicação é fundamental. As imagens apresentadas e as narrativas do dia-a-dia passam a ser estudadas como “construções” que podem ser analisadas do ponto de vista da história. Neves (1992) compara a necessidade do jornal com o processo de transformação da imprensa nos últimos tempos. O texto jornalístico, nomeadamente a crônica, enquanto gênero discursivo, apresenta uma leitura breve, “num estalar de dedos” o leitor realiza uma nova leitura de uma outra notícia. Essa característica se desenvolve pelo fato da crônica não ter intenção de durabilidade. Por isso, muitos alunos da EJA “usam e abusam” desse tipo de texto. E o cronista se sente bem “solto” e bem “livre” para expressar os acontecimentos no sentido subjetivo e interpretativo. Agora a criatividade, o senso de humor, as palavras recriadas devem fazer parte do universo deste escritor que não deve deixar escapar nenhum detalhe da vida cotidiana. 2.3 A importância do texto jornalístico para o ensino da língua portuguesa No Brasil, o ensino da língua portuguesa tem sido voltado normalmente para estudos baseados na visão dos PCN, que determinam como finalidade para esse ensino não mais a de promover exclusivamente o desenvolvimento de habilidades de leitura e de produção ou domínio da língua padrão, mas também a de estudar o domínio da competência textual, ultrapassando os limites escolares. Os PCN mostram os diversos gêneros existentes na natureza humana e propõem um ensino centrado no uso deles. Determinam, ainda os PCN, a linguagem como prática social e esclarecem o objetivo principal da educação: “formar indivíduos que desenvolvam o exercício da cidadania”, ou seja, os indivíduos devem estar aptos a atuar de forma crítica e produtiva na sociedade, transformando-a por meio dos conhecimentos adquiridos, explorados nas ações verbais, capazes de interagir com a linguagem, isto é, “realizar uma atividade discursiva: dizer alguma coisa a alguém de uma determinada forma, num determinado contexto histórico e em determinadas circunstâncias de interlocução” (PCN, 1998). Pavani, Junquer e Cortez (2004) detectam o jornal como um gênero de transformação da realidade que fornece o acesso de informação para a comunidade, afim de que essa possa garantir pleno exercício da cidadania. E assim, o jornal pode ser visto como um importante veículo de comunicação impresso que oferece subsídios para enriquecer o aprendizado do ensino de língua portuguesa. Desta maneira, o jornal, além de ser um meio de comunicação acessível, oferece uma diversidade de gêneros discursivos, apresenta uma dinâmica social, expõe acontecimentos do cotidiano e aproxima os alunos dos assuntos atuais, tornando-se um recurso eficiente para o ensino de língua portuguesa. Como sabemos os conteúdos estabelecidos pelos PCN giram em torno das práticas linguísticas e das práticas de produção, que exigem a reflexão crítica dos alunos acerca de determinados assuntos. Os PCN sugerem a crônica enquanto elemento literário e não de imprensa. Porém, neste Estudo de Caso, adotamos a crônica enquanto texto de imprensa por explorar a prática da linguagem escrita, por ser de fácil entendimento e retratar fatos do cotidiano presente na realidade do aluno, uma vez que: É preciso priorizar os gêneros que merecerão abordagem mais aprofundada. Sem negar a importância dos textos que respondem a exigências das situações privadas de interlocução, em função dos compromissos de assegurar ao aluno o exercício pleno da cidadania, é preciso que as situações escolares e do ensino de língua portuguesa priorize os textos que caracterizam os usos públicos da linguagem. (PCN, 1998: 24) Nesse sentido, os PCN deixam evidente que os textos selecionados são aqueles que favorecem a reflexão crítica e que contribuem para a participação ativa do indivíduo na sociedade. A crônica, mesmo sendo enquadrada pelos PCN nos textos literários, pode ir além do proposto neste documento, por tratar de assuntos referentes ao uso público da linguagem. Diante disso, a concepção teórica de gêneros textuais e a prática destes como dispositivos norteadores de ensino e aprendizagem de língua portuguesa possibilitam aos professores realizarem uma aula, não só utilizando as atividades gramaticais com a língua e a linguagem, mas aprofundando as aulas com as diferentes práticas sociais. 2.4 A crônica jornalística na (EJA): ênfase à prática avaliativa O currículo atual da EJA, bem como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tem concedido grande importância a avaliação, insistindo que ela deve ser contínua e formativa, concebendo-a como mais um elemento do processo de ensino e aprendizagem. Na prática real, referimo-nos aqui às aulas de Língua Portuguesa, em que os gêneros textuais devem ser incluídos no programa dessa disciplina, cumprindo uma função social. E parece que a maioria das nossas escolas não tem levado a questão dos PCN muito a sério, pois o que se observa é que a prática desses se realiza somente no papel e os conteúdos são transmitidos sem nenhuma preocupação com a aprendizagem do ensino da linguagem proposto pelo referido documento. Essa afirmação foi detectada durante a investigação realizada com as duas turmas da EJA na fase de observação, mas, por ser a EJA de natureza intensiva e apresentar um tempo reduzido para a execução dos currículos, o que se espera na realidade sob o ensino das aulas de língua portuguesa é que “o domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da língua como sistema simbólico utilizado por uma comunidade lingüística, são condições de possibilidade de plena participação social” (PCN, 1998). Pensando em avaliar os alunos da EJA, o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos, criado no ano de 2002, buscou construir uma referência de avaliação para jovens e adultos que não conseguiram concluir os estudos na idade certa. O exame atendeu ao pedido do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Nacional de Secretários de Educação. O referido exame foi elaborado de acordo com os preceitos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA e alguns pareceres da resolução do Conselho Nacional de Educação para a EJA. O Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos incorpora os conceitos de interdisciplinaridade, contextualização e resolução de problemas e visa promover a formação de indivíduos capazes de decidir sobre suas vidas, com respeito ao outro, capazes de atuar com responsabilidade na sociedade. A EJA, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (artigo 37) foi destinada àqueles que não tiveram oportunidade de prosseguir os estudos na idade própria, insere-se num contexto em que a nação compreende e realiza a educação como um instrumento estratégico para o pleno desenvolvimento de pessoas e da sociedade como um todo. Assim, a EJA passou a assumir a responsabilidade de universalizar o ensino de qualidade. E a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nos artigos 37 e 38, tornou facultativo o ingresso aos sistemas de ensino nos exames e cursos destinados para essa modalidade. Os alunos da EJA apresentam-se na faixa etária de 18 a 50 anos. A fim de recuperar o “tempo perdido”, os discentes precisam que a escola cumpra pelo menos uma parte dos objetivos propostos pelos PCN. Dessa forma, o ensino certamente terá progresso e os alunos tornar-se-ão cidadãos críticos e capazes de entender o mundo que os cerca. A crônica jornalística, por ser um gênero fecundo para a investigação e possuir um objeto privilegiado, como a construção de novos significados na articulação entre várias linguagens, torna-se um dispositivo de ensino para os alunos da EJA, que devem perceber que a aprendizagem não está totalmente perdida. Ao recriar a realidade, esse tipo de texto abre campo para novos pontos de vista, por isso necessita da criatividade desses alunos para vir à tona. Pensando em responder o “como avaliar”, a EJA passou por um sistema de avaliação cujo aproveitamento do aluno começou a depender do desempenho processual sistemático e cumulativo. A avaliação é realizada pela equipe escolar, ao longo do período letivo, relacionando conteúdos diversificados por diferentes instrumentos: provas, pesquisas, testes e pré-testes. Sacristán (2000: 13) deduziu que a prática a que se refere o currículo “é uma realidade prévia muito bem estabelecida através de comportamentos didáticos, políticos, administrativos e econômicos”, que encobrem valores que sujeitam a teoria de currículo. Grundy (1987 apud Sacristán, 2000: 5) garantiu que “o currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas”. Apple (1982) mostra que não se pode estabelecer uma relação direta e reprodutivista entre as formas políticas e econômicas da sociedade e o campo da educação, nem passar as relações de produção capitalista para as gerações escolares, e afirmou que “necessitamos interpretar as escolas mais socialmente, culturalmente e estruturalmente”. Assim, mais uma vez detectamos que os currículos são formas de expressões que se apóiam no sistema educativo e se apresentam em forma de ensino escolarizado. De certa forma, na maioria das vezes, o ensino acontece no momento da avaliação, e as tarefas anunciam parâmetros nos processos realizados e nos produtos esperados. Como afirma Sacristán (2000) “existe certo clima de controle na dinâmica cotidiana do ensino, sem que necessariamente deva manifestar-se em procedimentos formais que, por outro lado, são muito freqüentes”. Nesse sentido, um aluno percebe que o avaliam quando lhe direcionam perguntas, quando lhe oferecem tarefas, quando o professor lhe propõe sugestões de atividades cotidianas, quando o reprovam ou o aprovam. 2.5 O cotidiano do cronista: a singularidade do homem “quase” comum A vida cotidiana é interessante para o cronista, que como homem se apropria desse tempo. O cronista é um homem quase comum, dizemos “quase” por que ele precisa ser mais atento aos detalhes da vida cotidiana do que qualquer outro homem. Considerando que a vida cotidiana é heterogênea, principalmente no que se refere à significação ou necessidade de diversos tipos de atividade, Heller (2008: 32) explicou que “a significação da vida cotidiana, tal como seu conteúdo, não é apenas heterogênea, mas igualmente hierárquica”. Por ser assim, a hierarquia da vida cotidiana pode não parecer eterna e imutável, mas se transforma em função dos valores sociais. O cronista precisa descobrir que por trás das histórias dos outros existe um “eu” que se formou a partir de observações feitas por ele. O “eu” que se configura nas narrações é um ser singular que se mostra apenas diante da cotidianidade dos acontecimentos vividos por outros. No que diz respeito à singularidade, Heller (2008: 37) informou que “o homem singular não é puro e simplesmente indivíduo, no sentido aludido, nas condições da manipulação social e da alienação, ele se vai fragmentando cada vez mais em seus papéis”. Todavia, o cronista assume inúmeros papéis diante da sociedade em comum com a realidade que o cerca. Há momentos em que ele atua como narrador-observador e momentos em que passa a ser o personagem da ação de histórias alheias. Seu cenário é basicamente criado a partir da análise observada na cotidianidade da vida real. O espaço é ilimitado e momentâneo, depende das situações em que se desenrolaram os fatos. As cenas geralmente são criadas e recriadas num espaço de tempo bem pequeno como se desse tempo de “engolir um gole de café”. A singularidade do cronista está na linguagem coberta de lirismo encontrada na simplicidade, a poesia destacada nos diálogos das ruas, o sabor da variedade lingüística, os palavrões e as gírias em que o senso comum torna-se imortal. Por isso, afirmamos que o cronista é um homem “quase” comum, pois vê e recria a realidade a partir dos fatos vivenciados pelo homem comum. 2.6 A crônica jornalística: compreendendo o jornal impresso A crônica, por ser um texto de origem narrativa que pretende recriar a realidade a partir dos acontecimentos da vida cotidiana, apresenta como principal característica “os fatos organizados dentro de uma relação de anterioridade ou de posterioridade, mostra mudanças progressivas de estado nas pessoas ou nas coisas” (Fiorin e Savioli, 1990 apud Coimbra, 2004: 44). Em relação ao jornal, como constata Coimbra (2004), compõe-se de três naturezas textuais: narrativa, descritiva e dissertativa. Tais características podem ser evidenciadas em qualquer jornal e são visualizadas da seguinte forma: primeira página; editorial; notícia; reportagem; entrevista; esporte; cultura; classificados; concursos; diversão – humor. A possibilidade de mostrar a estrutura do jornal favorece a relação do aluno com o texto e fatos da realidade, levando-o a conhecer o seu próprio contexto. 2.7 Metodologia Para avaliar a necessidade de se aplicar a crônica jornalística em sala de aula, procurou-se estudar a realidade do currículo de língua portuguesa no contexto dos jovens e adultos, buscando compreender o uso do gênero crônica jornalística entre alunos jovens e adultos numa Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio. Para isso, foi elaborado e realizado um estudo junto aos alunos que cursavam a EJA no período de 2009. Na efetivação dessa pesquisa, o questionário foi de extrema importância, para se detectar os conhecimentos que os alunos traziam sobre os textos de natureza narrativa. Após a aplicação do questionário, utilizaram-se as aulas práticas, pensando-se atingir a produção de crônicas jornalísticas. Com o intuito de mostrar a relevância da investigação qualitativa, essa dissertação explorou o Estudo de Caso, que de acordo com Bogdan e Biklen (1994: 89 apud Teixeira, 2007: 124) “consiste na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento específico”. Portanto, partimos de observações relacionadas ao currículo aplicado na escola e avançamos em direção aos conteúdos propostos pelos PCN, que abordam os gêneros do discurso como assunto indispensável para as aulas de língua portuguesa. Deste modo, observamos com maior intensidade as práticas dessas aulas, as dúvidas que os estudantes demonstram e os desejos de discutir novas mudanças, no momento que vivenciam sua realidade escrita. Considerando o Estudo de Caso como um dos aspectos mais relevantes da pesquisa qualitativa e percebendo a importância desse tipo de estudo para se realizar observações e comparações acerca de um determinado problema, pensamos em desenvolver uma análise de dados comparativos com duas turmas da EJA, em que uma das turmas recebeu aulas sobre o gênero “Crônica Jornalística”, com aprofundamento teórico e a outra turma ofertou-se aulas com conteúdos gramaticais. Sem esquecer que ambas as turmas seguem os critérios estabelecidos pelos PCN, a primeira recebeu aulas com um único gênero textual, ao passo que a segunda se limitou ao estudo de regras gramaticais, com um breve comentário sobre as “Crônicas”. Na pesquisa abordou-se a crônica jornalística como gênero indispensável para a aprendizagem dos discentes da EJA. Os procedimentos utilizados para a recolha e análise de dados dependeram do contexto de vida dos investigados. No primeiro momento, utilizou-se a técnica de observação. No outro momento, necessitou-se do questionário para analisar os conhecimentos que os estudantes traziam sobre os gêneros textuais. A linguagem matemática e a linguagem estatística contribuíram significativamente para o resultado dos dados, uma vez que a recolha integrou dados de natureza quantitativa e qualitativa. Na opção de análise de conteúdo, buscou-se a comunicação objetiva e clara nos textos escritos. Os informantes consentiram à divulgação dos textos no estudo, liberaram sua autoria e idades, caso fosse necessário. Assim, o respeito ético foi mantido, atendendo às recomendações de Souza (2005), concernentes a preocupação que devemos ter com os procedimentos que envolvem as relações humanas. 2.8 Resultados: relevância, análise e discussão As reflexões contidas na fase de observação são fruto, originalmente, da execução das aulas realizadas na pesquisa. No primeiro momento, as novidades esperadas sobre o assunto, pelas turmas, pareciam trazer para a sala de aula uma implícita ingenuidade do tema “A crônica jornalística como dispositivo de ensino na Educação de Jovens e Adultos: um Estudo de Caso”, mas, logo em seguida, as reflexões foram se explicitando. A pesquisa, composta pela apresentação de dados obtidos a partir de um questionário aplicado nas duas turmas da EJA, contou com a participação de 32 alunos entrevistados, distribuídos em 2 turmas, “A” e “B”, ambas com 16 participantes. A análise do questionário foi feita através da estatística descritiva, abordando critérios quantitativos e qualitativos, sempre que necessário. Foi realizada também uma entrevista com os alunos das turmas. Essa pesquisa teve como foco algumas questões do próprio questionário que ficaram com respostas pouco claras, ou ainda contraditórias e insuficientes para o que foi questionado, como afirmou Flick (2004: 203) “a análise explicativa do conteúdo trabalha esclarecendo trechos difusos, ambíguos ou contraditórios, envolvendo material do contexto na análise”. Os dados das entrevistas foram fornecidos por meio de guião com questões relevantes, pouco esclarecidas no questionário. Os dados qualitativos fornecidos sobre a forma de entrevista semi-estruturada foram estudados nessa pesquisa de acordo com a análise de conteúdo (análise qualitativa), isto é, por meio da exploração das respostas dos alunos entrevistados. O método utilizado nessa análise seguiu os parâmetros de “neutralidade” apontados por Triviños (2009: 137) que considerou as entrevistas como “meios neutros que adquirem vida definida quando o pesquisador os ilumina com determinada teoria”, e que Flick (2004: 202) constatou que essas análises apresentam-se em um “processo contínuo de propagação”. Ao final, foram elaboradas “crônicas jornalísticas” com as duas turmas, estabelecendo-se comparações entre as produções; comparando os textos redigidos pelos alunos que receberam aulas com a crônica jornalística de modo aprofundado com as dos alunos que assistiram aulas com conteúdos gramaticais, isto é, que também abordaram o tema “crônica jornalística”, porém de forma resumida. 2.8.1 Da informação à produção: uma avaliação imparcial das crônicas jornalísticas dos alunos da EJA Buscamos apresentar nesse momento uma análise imparcial qualitativa dos textos jornalísticos dos alunos das turmas A e B. Mayring (apud Flick, 2004: 202) afirma que a análise dos textos definiu-se pelo “que de fato se espera interpretar com eles”. Flick (2004: 222) constatou que “os textos tornam-se a base do trabalho interpretativo e das inferências feitas a partir do conjunto dos materiais empíricos”. Neste sentido, envolvemos dois critérios avaliativos: positivos e negativos. O desempenho significativo dos alunos resultou da soma positiva alcançada nos níveis propostos: a) coesão e coerência, organização da crônica jornalística; b) gramática da notícia e competências linguísticas; c) o contexto, o enunciado da crônica jornalística. Caso os alunos apresentem dificuldades em atingir tais critérios, o desempenho será considerado negativo. Para a realização dessa avaliação pensou-se numa análise qualitativa do conteúdo e foram necessários esses mecanismos de análise que permitiram observações em momentos distintos abordando os diferentes níveis textuais. Os temas foram selecionados pelos próprios alunos que puderam optar para a elaboração das crônicas e por assuntos diversificados: Política, Polícia, Economia, Culinária, Diversão, Esporte, Cultura e Saúde. O título do texto foi de autoria dos alunos em ambas as turmas. O desempenho na escolha dos títulos foi positivo, embora os alunos da turma B tenham demonstrado dúvidas no momento da seleção do assunto de sua preferência, porém conseguiram perceber que o título deve chamar a atenção do leitor. Com a intenção de se realizar uma breve análise das produções dos alunos de origem narrativa, sobretudo de crônicas jornalísticas, detectamos que grande parte dos investigados elaborou seus textos utilizando os critérios de coerência e coesão formulados por alguns autores: Halliday e Hasan (1976 apud Koch e Travaglia, 1989, p. 27) afirmaram que a coesão e a coerência relacionam-se ao modo como o texto está estruturado semanticamente. Desse modo, o significado do texto não é uma seqüência sem lógica, nem tão pouco aleatória. Para eles um texto é coerente e coeso quando ocorre o envolvimento do falante na situação de fala. O que verificamos no texto abaixo: Texto 1 Coitado do Irmão! JOGO Resultado do Re x Pa termina em confusão Um certo dia, ao conversar com um cobrador de ônibus cujo o apelido era “irmão”, que trabalhava na empresa Rio-Guamá, me surpreendi com suas histórias. Uma retratou o famoso jogo de futebol paraense. Quem nunca ouviu falar do conhecido Re x Pa? Era justamente esse jogo que “irmão” estava me contando: segundo ele tudo aconteceu numa tarde de domingo em que todos os cobradores temiam trabalhar, com medo da grande partida de futebol. [...]. Com sua voz alta e estrondosa mandou todos se calarem, mas não adiantou, o irmão foi espancado pelas torcidas dos dois times e o veículo ficou totalmente destruído. (Aluno turma A) O aluno da turma A teve a preocupação de relacionar os acontecimentos a linguagem falada. Observamos a utilização de expressões como “cobrador de ônibus cujo apelido era irmão” e “quem nunca ouviu falar do conhecido Re x Pa”. O registro, no caso “constituído por traços lingüísticos” (Halliday e Hasan, 1976 apud Koch e Travaglia, 1989), foi associado semanticamente a substância do texto “o famoso jogo de futebol paraense”. Ao contrário do texto acima apresentado, temos também um outro no qual o aluno não forneceu os fundamentos necessários para a compreensão do sentido global do texto. O que verificamos, em relação ao texto abaixo, foi que o aluno utilizou a notícia sem se preocupar com o conteúdo desenvolvido. Texto 2 Pai acusado de estuprar filho POLICIAL Menino sofreu abuso sexual pelo próprio pai Não se sabe como aconteceu, mas ele estava desesperado. Vivia triste pela casa, não contava nada a ninguém. Maria sempre estava sorrindo com aquelas idéias que ouvia sem saber por que, parecia até uma hiena, dava risadas sem parar a todo o momento. O menino estava lá de cabeça baixa sem olhar nos olhos de ninguém. O pai como sempre entrava e saia. (Aluno turma B) Verificamos que a ocorrência foi interrompida quando ele seqüenciou outro personagem, “Maria”, sem fazer ligação com a notícia principal “Pai estupra filho”. O leitor não consegue compreender os motivos das risadas de “Maria”, já que se trata de um acontecimento trágico. Outro motivo, que prejudicou a compreensão do texto, foi o fato do aluno apresentar idéias “aleatórias”, o que contradiz o ponto de vista de Halliday e Hasan (1976 apud Koch e Travaglia, 1989). Lembramos, ainda, que em nenhum momento o aluno teve a intenção de satisfazer o leitor, uma vez que a manchete inicial liga-se internamente ao primeiro parágrafo, recordando que o desejo do leitor fica “a mercê” de uma conclusão digna ao título do texto. Enquanto isso, no texto abaixo, houve a interrupção das seqüências, impedindo a compreensão da mensagem noticiada, não se sabendo o que vem antes ou depois. Texto 3 Mãe acusada de alugar filho para pedintes POLICIA Mãe alugou filho por dinheiro Tudo aconteceu por volta das 20 horas de sábado na casa da dona Maria. De acordo com relatos da vizinha da acusada ela sempre “alugava” o filho menor de três anos para qualquer um desde que lhe pagasse algum trocado. Para confirmar a acusação a vizinha foi obrigada a filmar e a gravar os fatos que aconteciam na casa da mãe do menino. Sem saber por que, dona Maria fugiu de casa e ela deixou a criança só em casa com medo da Polícia. (Aluno turma B) O aluno, além de não seguir as seqüências, deixou a compreensão do texto comprometida com o discurso implícito apresentado. De uma seqüência a outra há cortes que poderiam ser evitados com uma simples oração adicional. Em contrapartida, Maingueneau (2008, p. 26) retratou que “o contexto não é necessariamente um ambiente físico, o momento e o lugar da enunciação”, uma vez que ocorre de inúmeras maneiras. O aluno do texto 4 parece ter apossado-se desta percepção, como indiciam as expressões ligadas ao contexto social, como: “Lula, Lulão”, referentes ao nome do presidente do Brasil. Texto 4 Lula mais poderoso que a lei POLÍTICA Presidente continuou liderando política Lula, o presidente Luiz Inácio da Silva, está claramente, liderando uma campanha de desmoralização da lei e dos instrumentos de fiscalização do Estado. Eta Lula danado, parece até maior em poderes do que o Brasil em dimensão. Quem duvidou do presidente e criticou duramente esse homem com a expressão de analfabeto se fumou. Ta ai o Lulão passando a perna em qualquer político doutor. Poxa, se não fosse o Lula o cenário da nossa nação estaria mais coberto de miséria do que está. Se não fosse o Lula com seus palavrões bem indiscretos o Brasil não estaria chamando tanta atenção da imprensa. Eta Lulão desbocado, mas respeitado. Isso é que é educação gente. Desabafou um motorista de ônibus enquanto trabalhava. Aqui surgiu a crônica do Lulão. (Aluno turma A) 3. Conclusão O presente estudo buscou compreender o uso do gênero crônica jornalística, entre alunos jovens e adultos, numa escola estadual de ensino fundamental e médio, num bairro periférico da cidade de Belém (Brasil). Neste estudo, evocamos a pesquisa qualitativa, nomeadamente “o Estudo de Caso”, abordando diferentes técnicas de coletas de dados: a observação, o questionário, a entrevista e a análise de conteúdo. Exploramos a prática da linguagem escrita e estabelecemos a crônica jornalística como gênero de imprensa, por estar bem próxima da vida cotidiana dos alunos da EJA e por retratar assuntos conhecidos e vivenciados pela maioria desses jovens e adultos. No concreto, as atividades foram exploradas de acordo com os conteúdos propostos nos PCN, aplicados na EJA. Estabeleceu-se uma proposta de produção de textos jornalísticos com base nas aulas executadas. Durante a execução da pesquisa, a turma B, em momento algum, atingiu os critérios de avaliação além da turma A. Já os alunos da turma A, que receberam de forma aprofundada os estudos no gênero discursivo “a crônica jornalística”, tiveram desempenho positivo e significativo nos critérios de avaliação. Referências bibliográficas Apple, M. (1982). Ideologia e currículo. São Paulo: Brasiliense Bakhtin, M. (2003). Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes Brasil. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino Fundamental: Língua Portuguesa. (1998) Conteúdos Curriculares. Brasília: MEC/SEF Brasil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Educação de Jovens e Adultos. Lei 9394\96. Brasília: MEC Brasil. Constituição da República Federativa (1988). O currículo da Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) – Documento Básico. (2008) Referência de Avaliação. CNE: MEC Coimbra, O. (2004). O texto da reportagem impressa: um curso sobre a sua estrutura. 1ª ed. São Paulo: Ática Flick, U. (2004). Uma Introdução à pesquisa qualitativa. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman Heller, A. (2008). O Cotidiano e a História. São Paulo: Paz e Terra Koch, I. V. & Travaglia, L. C. (1989). Texto e coerência. São Paulo: Cortez Koch, I. V. & Vilela. M. (2001). Gramática da Língua Portuguesa. Coimbra: Almedina Maingueneau, D. (2008) Análise de textos de comunicação. 5ª ed. São Paulo: Cortez, Neves, M. S. (1992). Uma escrita do tempo: memória, ordem e progresso nas crônicas cariocas. In A. Cândido et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo: Unicamp. Pavani, C., Junquer, A. & Cortez, E. (2004). Jornal: uma abertura para a educação. Campinas. São Paulo: Papirus Sacristán, J. G. (2000). O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed Silva, J. Q. G. (1999). Gênero discursivo e tipo textual. Belo Horizonte: Scripta Sodré, M. & Ferrari, M. H. (1986) Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus Souza, A. B. (2005). Investigação em educação. Lisboa: Livros Horizonte Teixeira, E. (2007). As Três Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 4ª ed. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes Triviños, A. N. S. (2009). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 1ª ed. São Paulo: Atlas (Artículo recibido: 23-09-2010; revisado: 30-10-2010; aceptado: 14-12-2010)